A palavra “epilepsia” vem do grego “epilambanein”, que significa “ataque surpresa”. É uma síndrome que causa crises convulsivas, por vezes, recorrentes.
O diagnóstico e tratamento da epilepsia fizeram progressos consideráveis. Hoje, com um tratamento equilibrado e bem seguido, uma pessoa epiléptica pode levar uma vida normal.
A epilepsia é uma doença cujas manifestações diferem de acordo com as áreas do cérebro afetadas. Nessas áreas, a atividade elétrica das redes neurais aumenta intensamente, o que gera convulsões, como também distúrbios cognitivos, de humor e psiquiátricos.
A epilepsia pode causar graves sequelas no cérebro. Portanto, é muito importante entender o que acontece com o cérebro durante uma crise epiléptica e quais abordagens podem ser usadas para o tratamento da epilepsia. Neste artigo, você vai aprender:
- O que a epilepsia causa no cérebro?
- Alimentação para pessoas com Epilepsia
- Como socorrer uma pessoa com crise epiléptica?
- Epilepsia na gravidez
- A educação escolar e o aluno com epilepsia
- O mercado de trabalho e a pessoa epiléptica
- A Cannabis medicinal como aliada no tratamento da epilepsia
- Dúvidas comuns sobre epilepsia
O que a Epilepsia causa no cérebro?
A epilepsia é uma doença neurológica crônica definida pela repetição espontânea de convulsões, causadas pela alteração da atividade elétrica de neurônios no cérebro. Estas crises súbitas são na maioria das vezes de curta duração.
Um único ataque epilético não é suficiente para dizer que uma pessoa sofre de epilepsia. Esse tipo de crise pode ocorrer uma vez em uma pessoa e nunca mais acontecer. Normalmente, a repetição de convulsões bem como a identificação do risco de ocorrência pode definir uma epilepsia.
O cérebro é o órgão que permite controlar e realizar todas as nossas ações, desenvolver nossos pensamentos e perceber as mensagens de nossos sentidos. Ele faz isso de forma voluntária (correr por exemplo), mas também involuntária (como digerir).
A implementação dessas funções depende de bilhões de neurônios que se comunicam entre si por meio de impulsos nervosos químicos e elétricos. Por exemplo, quando queremos esboçar um sorriso, um grupo de neurônios será “ativado” para enviar os sinais necessários aos músculos da nossa boca e nos permitir comunicar nossa alegria.
Um ataque epiléptico interrompe esse funcionamento normal do cérebro. Quando ocorre uma crise, a atividade elétrica dos neurônios se torna brutalmente excessiva, desorganizada e descontrolada. É como se uma infinidade de interruptores disparasse simultaneamente e sem motivo.
Durante uma crise, os neurônios trabalham até 500 vezes por segundo, enquanto em atividades normais costumam trabalhar cerca de 80 vezes. Tudo acontece no cérebro como uma tempestade ou um curto-circuito elétrico.
A pessoa, portanto, perde o controle de seu corpo e/ ou consciência, realiza movimentos ou ações sobre os quais não pode mais controlar. Após alguns segundos ou minutos, a “tempestade cerebral” se acalma e o cérebro retoma seu funcionamento normal.
Existem inúmeros tipos de epilepsia e também formas muito diferentes de convulsões. Se o diagnóstico para a epilepsia for confirmado, a terapia medicamentosa geralmente é iniciada. Isso permite que cerca de dois terços dos pacientes sejam tratados com sucesso.
Dúvidas comuns sobre Epilepsia
A epilepsia é alvo de muitas dúvidas e preconceitos. Para ajudar você a entender melhor e desmitificar falácias sobre a epilepsia, aqui estão algumas perguntas mais comuns e suas respectivas respostas:
1. Pode ter crise de epilepsia dormindo?
As crises epilépticas podem sim acontecer durante o sono. Elas ocorrem devido a uma alteração na atividade elétrica do cérebro durante o sono.
2. Quem sofre de epilepsia têm direito a algum benefício?
Uma pessoa que sofre com epilepsia pode ter direito de receber o benefício auxílio-doença, aposentadoria de pessoa com deficiência ou aposentadoria por invalidez.
3. Qual o valor de uma cirurgia de epilepsia?
A cirurgia de epilepsia visa a remoção ou desconexão de uma região do cérebro para controlar as crises de forma total ou parcial. Esta cirurgia custa em torno de 180 mil reais.
4. Quem tem epilepsia é uma pessoa com deficiência?
As pessoas com epilepsia não são consideradas pessoas com deficiência física ou intelectual, exceto quando existem outras comorbidades associadas. Dessa forma, apesar de ter direito a auxílio e aposentadoria, a pessoa com epilepsia não é considerada com deficiência.
5. Quem tem epilepsia teêm muito esquecimento?
Os problemas de memória são muito comuns nas epilepsias, em especial, problemas de memória de curto prazo.
6. Epiléticos podem dirigir?
A epilepsia não está nas proibições da legislação brasileira para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Se as crises estiverem sob controle, uma pessoa epiléptica pode dirigir normalmente.
Alimentação para pessoas com Epilepsia
A dieta cetogênica (terapia nutricional cetogênica) tem sido usada desde 1921 para tratar certas formas de epilepsia em crianças. Anteriormente, descobriu-se que o jejum prolongado poderia reduzir significativamente o número de convulsões epilépticas.
Como o jejum prolongado não é viável nem recomendado, foi desenvolvida uma forma nutricional que imita o jejum para o corpo. Uma dieta focada em gordura, quase nenhum carboidrato e com uma quantidade moderada de proteína e fibra.
A dieta cetogênica é frequentemente recomendada, especialmente em crianças e adolescentes. Mesmo na idade adulta, a dieta é usada com cada vez mais sucesso para auxiliar no tratamento da epilepsia.
Nesta dieta, os carboidratos são em grande parte substituídos por gordura. Como resultado, o cérebro não pode mais usar a glicose como fonte de energia. Em vez disso, o cérebro é alimentado com as chamadas cetonas, que o corpo produz no fígado.
As cetonas incluem acetona, acetoacetato e ácido beta-hidroxibutírico. Este estado metabólico é chamado de cetose. O modo exato de ação da cetose na epilepsia ainda não foi esclarecido. Acredita-se que as cetonas protejam as células nervosas, melhoram o fornecimento de energia ao cérebro e retardam a atividade inflamatória.
A dieta cetogênica para epilepsia deve ocorrer sob a supervisão de médicos e especialistas em nutrição. Os alimentos permitidos são, por exemplo, vegetais com baixo teor de amido, carne, peixe, ovos, queijo, nozes e gorduras (de preferência vegetais).
O que uma pessoa com epilepsia não pode comer?
Todos os alimentos ricos em carboidratos são severamente limitados. Os pacientes não podem ingerir frutas ou legumes ricos em amido, pães, massas ou grãos. São proibidas todas as fontes de açúcar.
As proteínas são consumidas apenas moderadamente. O foco está em alimentos ricos em gordura e saudáveis, bem como plantas ricas em fibras e gorduras insaturadas.
Com a dieta cetogênica, o açúcar no sangue permanece estável durante todo o dia. Assim, o nível de insulina fica baixo, levando à queima de gordura ao máximo.
Nesta condição, o fígado produz corpos cetônicos como uma alternativa ao carboidrato (glicose) para muitos tipos de tecidos no corpo, como células nervosas, células cardíacas, células hepáticas e músculos.
Como socorrer uma pessoa em uma crise epiléptica?
Existem várias formas de epilepsia, causando vários sintomas. Assim, alguns epilépticos sofrem de crises generalizadas caracterizadas por convulsões, distúrbios de consciência ou coma, além de mordidas na língua e perda de urina. Outros podem sofrer tremores ou formigamento de parte de um membro bem como alucinações.
Se você estiver diante de uma pessoa sofrendo de um ataque epilético, é importante:
- Colocar a pessoa na posição lateral de segurança (PLS) o mais rápido possível. Para isso, basta colocar a pessoa de lado com uma de suas mãos abaixo do rosto. Assim, as suas vias aéreas estarão livres. A perna que fica encostada no chão deve estar esticada, enquanto a perna de cima deve ficar dobrada;
- Deixar a crise seguir seu curso;
- Afastar objetos perigosos de perto da pessoa;
- Soltar a roupa apertada, tirar os óculos ou qualquer outro acessório que possa ser perigoso;
- Colocar um objeto macio debaixo da cabeça da pessoa;
- Ficar perto da pessoa, anotar a hora de início da crise e a duração dela;
Uma vez que a crise tenha terminado, fique com a pessoa até que ela tenha retomado a consciência. Além de saber como agir durante uma crise, existem coisas que você NUNCA deve fazer. Estas incluem:
- Nunca dê medicação, nem líquidos à pessoa no meio de uma crise;
- Não coloque nada na boca dela, nem mesmo os dedos;
- Não transporte a pessoa durante a crise, a menos que ela esteja em perigo imediato;
- Não limite seus movimentos ou tente sentá-la, isso pode fazer com que a pessoa se machuque.
Algumas crises epiléticas são uma emergência e exigem uma ligação para o SAMU (192):
- Se a crise durar mais de 5 minutos;
- Se for uma primeira crise;
- Se a pessoa estiver ferida;
- Se a pessoa está visivelmente em mau estado.
Epilepsia na gravidez
A gravidez de uma paciente com epilepsia é considerada de risco. Nesse sentido, o acompanhamento e a colaboração entre o neurologista e o obstetra são desejáveis.
O primeiro risco para os filhos de mães epilépticas em tratamento é a malformação congênita. Estas malformações desenvolvem-se durante o primeiro trimestre da gravidez e geralmente são associadas aos medicamentos.
Também podem estar relacionadas com a transmissão de células sanguíneas da mãe para o feto durante o seu desenvolvimento. Há também riscos de hemorragia para a criança após o nascimento.
Quando uma gravidez é planejada, é fundamental avisar o seu neurologista antes da concepção para que o tratamento possa ser adaptado gradualmente para minimizar os seus efeitos.
Os riscos podem ser reduzidos, em particular, alterando o antiepiléptico. A comunicação aberta deve ter lugar com o neurologista porque a gestão e acompanhamento pré-concepção é feita caso a caso.
Quais cuidados a mulher com epilepsia deve ter antes de engravidar?
Em mulheres em idade fértil, as crises epiléticas e o uso de medicamentos antiepilépticos exigem algumas precauções, tanto para a contracepção quanto para a preparação e o curso de uma gravidez.
O tratamento de mulheres com epilepsia durante a gravidez é um componente específico do trabalho do neurologista, bem como do ginecologista-obstetra (ou parteira) e do pediatra. Requer uma colaboração entre os profissionais envolvidos e o paciente.
Embora essas gravidezes sejam consideradas de risco pela profissão médica, a grande maioria delas (90 a 95%) ocorre sem problemas.
A gravidez é um projeto que os futuros pais devem planejar muito antes da fase de concepção, a fim de preparar todas as etapas terapêuticas necessárias para a mãe e o filho em colaboração com os médicos.
Fale com seu médico sobre seus planos para que ele possa ajudá-la a encontrar o tratamento antiepiléptico mais eficaz e seguro para você, levando em consideração seu tipo de epilepsia.
O tratamento adequado para a epilepsia deve reduzir ou eliminar as convulsões, minimizando ao mesmo tempo os riscos potenciais para o feto. Consulte também um ginecologista e certifique-se de tomar vitaminas pré-natais e ácido fólico para reduzir o risco de defeitos congênitos.
Comece a tomá-las por pelo menos três meses antes de tentar engravidar. Saiba quanto ácido fólico é adequado para você: pode ser maior para mulheres que tomam certos tratamentos antiepilépticos.
É importante também acompanhar todas as suas convulsões e identificar os seus possíveis gatilhos. Por fim, é imprescindível ter um estilo de vida saudável, fazendo exercícios regulares, comendo de forma adequada e tendo um bom ritmo de sono.
As crises podem aumentar durante a gravidez?
Se as crises epilépticas forem bem controladas antes da concepção, há poucos riscos de ocorrer um aumento na frequência das crises durante a gravidez.
Por outro lado, se a mulher não tomar os cuidados necessários antes da gravidez, há maior probabilidade de as crises se agravarem.
A medicação para controle de epilepsia fará mal ao bebê?
A medicação é muito importante para o controle das crises epiléticas, mas pode aumentar o risco de malformações no feto. Os medicamentos contendo ácido valpróico em doses altas são ainda mais perigosos.
Os riscos incluem problemas de saúde no bebê, descolamento da placenta, sangramentos ou defeitos durante o desenvolvimento fetal.
Quais cuidados deverá ter com o bebê?
A epilepsia, às vezes, é hereditária (menos de 10% dos casos). Se a mãe sofre com isso, há uma chance de que o bebê também sofra. Os medicamentos antiepilépticos e a frequência das convulsões às vezes podem levar a malformações fetais. Essas malformações podem estar a nível neurológico, levando o bebê a ter epilepsia.
Na maioria das vezes, em crianças pequenas, as convulsões parecem um mal-estar banal. O seu olhar fica fixo durante alguns segundos. Às vezes, ao acordar, ou mesmo durante o sono, o bebê faz gestos involuntários, automáticos.
As convulsões em bebês também podem se traduzir em espasmo facial que dura alguns segundos. O bebê também pode perder a consciência, por menos de 15 minutos em geral. Apesar desses episódios preocupantes, deve-se notar que 5% das crianças menores de 5 anos terão um evento epiléptico que não se repetirá.
Existem várias maneiras de tratar a epilepsia do bebê. O tratamento depende essencialmente da causa da doença. Na maioria das vezes, no entanto, será um tratamento medicamentoso com antiepilépticos.
Este tratamento pode durar muitos anos, mas é muito eficaz: cerca de 3/4 das crianças verão suas convulsões desaparecerem completamente. Quando o tratamento medicamentoso não dá resultados, a estimulação elétrica do nervo vago pode ser considerada.
Um pequeno gerador de eletrodos é instalado no peito e pescoço da criança. O nervo vago é assim estimulado eletricamente regularmente, o que acalma muito as convulsões.
A educação escolar e o aluno com epilepsia
Na maioria dos casos, o aluno com epilepsia segue uma escolaridade normal. Alguns alunos com epilepsia podem ter dificuldades de aprendizagem, das quais as mais comuns são as dificuldades de memorização imediata e concentração.
Quando a doença é bem tratada e com apoio e planejamento, os alunos com epilepsia devem ser incentivados a participar de todas as atividades escolares.
A ansiedade social e os preconceitos geralmente cercam a epilepsia, o que pode prejudicar mais a qualidade de vida do aluno na escola do que a própria doença.
A maioria das crianças e adolescentes com epilepsia não têm outros distúrbios neurológicos. Mas algumas podem precisar de apoio adicional devido a dificuldades de aprendizagem, comportamento ou mobilidade.
Como os agentes da educação podem ajudar um aluno com epilepsia?
É importante gerenciar a epilepsia na escola. Algumas famílias podem temer que seus filhos não tenham acesso ao apoio necessário para lidar com sua epilepsia. Elas se perguntam se o filho delas:
- será excluído das atividades;
- poderá participar em excursões escolares;
- está seguro.
É muito importante informar a escola que a criança tem epilepsia. Independentemente de sua autonomia, todos os alunos com epilepsia precisam do apoio de adultos empáticos em ambientes escolares.
Como as convulsões podem ocorrer de repente, é importante informar a equipe da escola, equipar e disponibilizar ferramentas para apoiar os alunos.
Mesmo que os pais sejam responsáveis pelas decisões terapêuticas diárias relacionadas à epilepsia de seus filhos, a equipe escolar deve ter as ferramentas para oferecer à criança apoio e supervisão.
Em caso de crise, a equipe escolar deve:
- deitar o aluno de lado, na posição de recuperação;
- calcular a duração das convulsões;
- prevenir lesões (remover quaisquer objetos perigosos, por exemplo, cadeiras e mesas);
- evitar colocar qualquer coisa na boca do aluno;
- ligar para o 192 se as convulsões durarem mais de cinco minutos;
- consultar o plano de intervenção do aluno em caso de convulsões.
O mercado de trabalho e a pessoa epiléptica
No trabalho, um epiléptico pode ter dificuldades, convulsões, distúrbios associados, tais como problemas cognitivos ou distúrbios comportamentais, com risco de estigma.
No entanto, existem algumas coisas que você precisa saber sobre a relação entre trabalho e epilepsia que podem te permitir ter sucesso na vida profissional. Continue lendo para entender melhor…
A pessoa epiléptica pode trabalhar?
Sim, uma pessoa epiléptica pode trabalhar. No entanto, as pessoas com epilepsia têm dificuldades particulares na procura de emprego. Estas variam de acordo com o tipo de emprego, a natureza das manifestações epilépticas e a atitude do futuro empregador.
Muitos pacientes temem revelar sua epilepsia, apesar do risco de uma crise no local de trabalho: medo de incapacidade, perda de emprego ou recusa de emprego. Muitas vezes, quando um candidato fala sobre sua epilepsia em uma entrevista de emprego, ele pode assustar o empregador, que encontrará uma maneira indireta de não contratá-lo.
No entanto, 70% das chamadas epilepsias estabilizadas pelo tratamento causam poucos problemas no local de trabalho e, acima de tudo, nenhuma contraindicação médica específica. Uma pessoa epiléptica pode trabalhar normalmente. É o desconhecimento da doença que mantém a desconfiança do empregador.
Quais os problemas enfrentados por pessoas epiléticas no trabalho?
Os problemas encontrados podem resultar de quedas bruscas, perda de consciência, perda do senso de perigo ou menor produtividade.
No entanto, o próprio paciente pode prevenir tais problemas fazendo uso correto do medicamento. Não ingerir bebidas alcoólicas e evitar a privação de sono são fatores importantes para impedir casos futuros de crise epiléptica.
Como ajudar uma pessoa a encontrar uma colocação profissional?
Tal como acontece com qualquer pessoa, o emprego deve ser procurado de acordo com as suas qualificações profissionais, aptidões e gostos. Mas também é essencial ter uma visão realista da sua epilepsia: está controlada? Existe um sintoma que prevê a chegada de uma crise?
Em última análise, você deve conhecer bem suas possibilidades e limitações e não procurar um emprego que possa apresentar muitos riscos para si mesmo ou para os outros.
Durante a entrevista com o futuro empregador ou seu representante, não é necessário que o candidato ao emprego fale sobre sua epilepsia. Isso apenas se tiver a convicção de que ela não apresentará desconforto ou perigo na realização do trabalho.
Isto porque alguns empregadores darão sistematicamente preferência ao candidato cujo estado de saúde não lhes é motivo de preocupação. Cabe à pessoa com epilepsia decidir se deseja proceder a esta informação.
Quais são consideradas profissões de riscos para epiléticos?
Os regulamentos administrativos ainda fecham o acesso a certas profissões para pessoas epiléticas. Estas profissões incluem:
- Ocupações relativas à primeira infância;
- Ocupações que envolvem aviação;
- Mergulhadores Profissionais;
- Polícia Nacional;
- Marinha;
- Condução de veículos pesados.
A Cannabis medicinal como aliada no tratamento da epilepsia
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde existem quase 3 milhões de pessoas epilépticas no Brasil, das quais cerca de 20% apresentam resistência aos tratamentos tradicionais.
Atualmente, os tratamentos com Cannabis para epilepsia são os que têm melhores resultados nas pesquisas científicas. Desde 2014, essa é uma das doenças que o Conselho Federal de Medicina recomenda o uso do CBD.
Além disso, existem muitos relatos de casos em que pessoas que não respondiam ao tratamento comum conseguiram diminuir a frequência de suas crises epiléticas com o uso da Cannabis medicinal.
E um cientista brasileiro foi fundamental para o uso do CBD contra a epilepsia: Elisaldo Carlini. O pesquisador identificou, na década de 70, que o canabidiol era capaz de conter as convulsões.
Assim, mais e mais pesquisas foram feitas, com resultados revelando um potencial altamente promissor da Cannabis na epilepsia.
De acordo com o estudo, também realizado por brasileiros, na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, The anticonvulsant effects of cannabidiol in experimental models of epileptic seizures: From behavior and mechanisms to clinical insights, a Cannabis mostrou eficácia no controle de convulsões generalizadas e em modelos de epilepsia resistentes à terapia.
Os pesquisadores deste estudo descobriram que os efeitos anticonvulsivos da Cannabis estão associados a uma grande variedade de mecanismos de ação do sistema endocanabinoide, como o equilíbrio na liberação de certos neurotransmissores.
Ao ser sinalizado, o sistema endocanabinoide permitiria a otimização de processos de aprendizagem, memória e no controle da hiperexcitabilidade neuronal. Assim, ao iniciar um tratamento com a Cannabis, o epilético poderia se beneficiar de tais efeitos, o que diminuiria a frequência das convulsões e sua intensidade, além de melhorar sua qualidade de vida em geral.
A sinalização dos receptores CB1 e CB2 modula a liberação de várias moléculas inibitórias e excitatórias no cérebro. Também pode inibir a liberação de neurotransmissores como glutamato e GABA.
É importante ressaltar que a perturbação no equilíbrio do glutamato e GABA leva a uma hiperexcitabilidade dos neurônios. Ao equilibrar a liberação desses neurotransmissores, o número de convulsões e sua intensidade podem ser consideravelmente reduzidos.
Os efeitos neuroprotetores e anticonvulsivantes do CBD
Vários estudos sugerem que o sistema endocanabinoide esteja envolvido na epilepsia. Os canabinoides possuem inúmeras e complexas propriedades capazes de ajudar contra a epilepsia.
Por exemplo, o THC, apesar de ter propriedades psicoativas, tem efeito anticonvulsivante, analgésico, relaxante muscular, anti-inflamatório, estimulante do apetite e propriedades antieméticas.
Por outro lado, o CBD possui propriedades anticonvulsivantes, ansiolíticas, analgésicas, anti-inflamatórias, antieméticas e pode atuar como neuroprotetor, além de modular o sistema imunológico.
Os efeitos psicoativos do THC podem ser atenuados pela presença do CBD, fazendo com que muitas pessoas busquem a Cannabis full spectrum no tratamento contra a epilepsia visando o efeito entourage.
Este termo refere-se à interação entre todos os compostos químicos diferentes da planta de Cannabis, como canabinoides e terpenos, sendo mais potente quando os componentes estão juntos do que se estivessem isolados.
O efeito entourage acontece nos tratamentos com produtos de Cannabis chamados full spectrum, ou seja, aqueles que possuem uma gama completa de canabinoides e outros componentes da planta.
Em outras palavras, as interações entre canabinoides ampliam seu efeito muito além de sua intenção original. Isso permite se beneficiar de efeitos que não seriam alcançados em toda a sua potencialidade se estes canabinoides fossem usados apenas individualmente.
De acordo com o estudo Cannabinoids and Epilepsy, os canabinoides poderiam reduzir a atividade epileptiforme, o que diminuiria a duração das convulsões, sua frequência e sua intensidade.
Além disso, em modelos animais, o CBD foi capaz de reduzir a neurotoxicidade oxidativa e a inflamação, responsáveis pela degradação neural e pelo desenvolvimento da demência.
Sua ação neuroprotetora ocorre principalmente pela ativação dos receptores CB1, também capazes de reduzir a gravidade da convulsão. Por fim, o estudo também reforça a segurança do uso da Cannabis, que, de acordo com várias pesquisas, causa efeitos colaterais mínimos.
Como obter prescrição para medicamentos à base de Cannabis medicinal?
Diante dos benefícios da Cannabis para a epilepsia, se você ou alguém que você conhece sofre com epilepsia e quer fazer o tratamento com a Cannabis, é importante buscar um profissional habilitado e experiente para começar.
O tratamento à base de Cannabis para a epilepsia é muito procurado. Apesar disso, poucos médicos se dedicam à medicina canabinoide para este objetivo.
No entanto, devido às novas descobertas sobre a eficácia e segurança da Cannabis, é esperado que o número de médicos prescritores de Cannabis aumente no futuro, tornando o acesso a este tratamento mais fácil.
Por outro lado, atualmente, você também pode encontrar médicos prescritores experientes se desejar iniciar seu tratamento com Cannabis. O médico familiarizado com os benefícios da Cannabis para a epilepsia pode te guiar passo a passo para começar seu tratamento de forma legal e segura.
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Conclusão
A epilepsia é uma doença crônica caracterizada pela ocorrência de convulsões. Estas crises traduzem uma perturbação súbita e transitória da atividade elétrica do cérebro. Aparecem sem causa identificada, ou estão relacionadas com outra condição.
Apesar de existir formas de tratamento, muitas pessoas são resistentes. Por outro lado, as pesquisas têm descoberto cada vez mais o potencial da Cannabis contra a epilepsia.
A Cannabis está ganhando cada vez mais espaço no tratamento da epilepsia. Portanto, o que se espera é que, futuramente, a ciência faça progressos capazes de tornar a Cannabis uma alternativa de tratamento primário contra as crises epiléticas.
Enquanto esperamos por mais estudos, você pode aprender mais do que a ciência descobriu até agora sobre os mecanismos de ação da Cannabis na epilepsia lendo nossos artigos no Portal Cannabis & Saúde. Há uma gama de conteúdos gratuitos que permitirão que você aprenda mais sobre a epilepsia e seus fatores de controle.
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