O tratamento do mal de Parkinson com maconha medicinal – ou com Cannabis medicinal – vem sendo apontado como uma esperança tanto para as pessoas que sofrem dessa doença quanto para seus familiares.
Como a maioria das enfermidades que afetam o sistema nervoso e o cérebro, o Parkinson nem sempre responde às abordagens convencionais.
Em alguns casos, o último recurso vem a ser o canabidiol (CBD) e outros canabinoides extraídos de plantas do gênero Cannabis.
Felizmente, a ciência tem evoluído bastante em relação à pesquisa sobre os efeitos dessa substância em pessoas que sofrem de Parkinson.
Então, para ficar por dentro desses avanços, prossiga na leitura deste artigo até o fim.
Parkinson e maconha: afinal, o que é o mal de Parkinson?
O mal de Parkinson é uma doença que afeta a parte do cérebro responsável pela produção do neurotransmissor dopamina.
Por ser neurodegenerativa, se não for controlada, os seus sintomas pioram progressivamente.
A enfermidade foi descoberta pelo farmacêutico britânico James Parkinson, que em 1817 a relatou pela primeira vez no artigo “Ensaio sobre a Paralisia Agitante”.
O nome não poderia ser mais adequado para a época, já que um dos primeiros sinais da doença, como veremos mais adiante, é o tremor dos membros superiores e das mãos.
De qualquer forma, passados mais de 200 anos da descoberta, essa é uma moléstia que ainda intriga a comunidade médica e científica.
Qual é a causa da doença de Parkinson?
As causas primárias da doença de Parkinson ainda não são totalmente conhecidas.
O que se sabe é que existem fatores de risco que, somados, podem aumentar as chances de desenvolvê-la.
Apesar disso, essa soma de elementos não age uniformemente de uma pessoa para outra.
Ou seja, é perfeitamente possível que alguém dentro do grupo de risco jamais venha a ter Parkinson.
Hoje, a medicina considera que essa é uma doença que acomete, em geral, homens acima dos 60 anos com predisposição genética.
Fatores ambientais também podem desencadeá-la, como exposição a certos produtos químicos, pesticidas ou metais pesados.
Parkinson e Maconha: o que fazer para prevenir a doença de Parkinson?
Não existe prevenção, já que as causas primárias não são conhecidas e o aspecto genético é preponderante.
Desse modo, resta apenas ao paciente o tratamento visando o controle da progressão da doença e, assim, minimizar os seus sintomas.
Com as alternativas atuais, o Parkinson pode ser perfeitamente controlado e o portador consegue levar uma vida normal.
Embora seja incurável e progressiva, em poucos casos a doença leva à incapacitação.
Um bom exemplo é o ator Michael J. Fox, um dos raros registros de Parkinson diagnosticados na juventude.
Hoje com 59 anos, ele convive desde os 29 com a condição e, apesar dos percalços, leva uma vida normal e produtiva.
Outra celebridade que teve a doença foi o ex-boxeador Muhammad Ali, que conviveu com o Parkinson desde a década de 80 até a sua morte, em 2016.
Quais são os primeiros sintomas da doença de Parkinson?
Em cerca de dois terços dos casos, o primeiro sintoma do mal de Parkinson é o tremor nas mãos enquanto elas estão em repouso.
Outros sinais iniciais que podem se manifestar são a dificuldade em fazer certos movimentos e a perda de olfato.
No entanto, o tremor das mãos é o indício mais recorrente, caracterizando-se por um tipo de movimento largo e ritmado.
Ele começa em apenas uma das mãos e pode se propagar pelo braço e pelas pernas em ambos os lados.
Em alguns casos, os tremores podem atingir a testa, a língua e até as pálpebras, enquanto, em outros, eles jamais acontecem.
Veja a seguir mais sobre os sintomas associados à parte motora.
Rigidez muscular
Começa geralmente pelas pernas ou pescoço, caracterizando-se por deixar as partes afetadas inflexíveis.
Depois dos tremores, é o sintoma mais recorrente em pessoas com Parkinson.
Instabilidade postural
A doença também causa perda de coordenação e de equilíbrio, o que faz com que o paciente passe a ter uma postura ruim, com ombros caídos e cabeça inclinada.
Ainda é comum que ele fique curvado, tanto para frente quanto para trás, o que aumenta o risco de tombos e ferimentos.
Acinesia
Também conhecida como bradicinesia, caracteriza-se pela lentidão ou incapacidade de se manter em movimento.
Pessoas com Parkinson, em geral, podem andar de forma muito lenta ou se arrastando.
Sem controle adequado, essa condição pode evoluir, levando à perda total da capacidade de se locomover.
Quais são os outros sinais da doença de Parkinson?
Os sintomas motores são os mais visíveis, no entanto, há outros que afetam a parte cognitiva e as funções corporais que são igualmente graves.
Afinal, o mal de Parkinson atinge a área do cérebro conhecida como substância negra, na qual as emoções, a capacidade de atenção e de aprendizado e o sono também são controlados.
É por isso que, quando a doença evolui, junto aos problemas ligados à coordenação motora, aparecem sinais como os descritos a seguir.
Perda de memória
Embora seja um sintoma que surge com mais intensidade em pessoas com Alzheimer, a perda de memória também pode acometer portadoras de Parkinson.
Ela está associada às perdas cognitivas induzidas pela degeneração neural no cérebro e, por isso, se manifesta paralelamente a problemas como a lentidão no raciocínio e a perda da capacidade de se concentrar.
Esse é um quadro que pode evoluir para a demência, em que o doente perde
o domínio sobre as suas faculdades mentais.
A perda de memória, na verdade, tem mais a ver com o comprometimento da chamada memória de evocação tardia, também conhecida como memória episódica.
Esse tipo de memória é a que o cérebro evoca para ligar nomes e datas a eventos autobiográficos passados, como um aniversário ou um jogo de futebol.
Prejuízo cognitivo
Cabe ressaltar que os prejuízos cognitivos, em doentes de Parkinson, nem sempre causam demência.
Há aqueles considerados leves, nos quais as perdas não chegam a prejudicar as relações sociais ou mesmo o desenvolvimento de atividades profissionais.
Ainda assim, o mal de Parkinson é uma enfermidade que, com o tempo e sem tratamento, só tende a piorar.
Na maioria dos casos, essa progressão é lenta, o que ajuda a entender por que a doença em geral tem sido bem controlada, levando à incapacitação em poucas ocorrências registradas.
Demência
Caso não seja tratada adequadamente, o mal de Parkinson pode levar o paciente a sofrer de perdas cognitivas severas.
Isso porque a doença é o principal causador de demência em todo o mundo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 60% e 70% dos casos de pessoas acometidas são portadoras de Parkinson.
Há poucos dados a respeito da doença no Brasil, mas, de acordo com uma estimativa do Hospital Einstein, acredita-se que 250 mil brasileiros sofram da condição.
Problemas olfativos
Como mencionado, a perda do olfato é um dos primeiros indícios do mal de Parkinson.
Um estudo conduzido por pesquisadores alemães sugere que esse sintoma sinaliza que o indivíduo poderá vir a desenvolver a doença dentro de, pelo menos, cinco anos.
Vale redobrar a atenção às perdas olfativas, porque esse também é um sintoma que se manifesta em pessoas que contraem a Covid-19.
Sendo assim, e por via das dúvidas, caso o teste para coronavírus seja negativo, é válido fazer outros exames preventivos para avaliar o risco de desenvolver Parkinson no futuro.
Distúrbios de sono
Estima-se que cerca de metade das pessoas que sofrem da doença de Parkinson também tem insônia.
Tal condição está ligada aos prejuízos nas funções do sistema nervoso, provocando alterações no padrão de sono.
Paralelamente a essas causas, a insônia também pode ter relação com um quadro de depressão, muito comum em pessoas que sofrem de Parkinson.
Ansiedade
Por afetar as funções motoras e cognitivas, é natural que os pacientes passem a se sentir ansiosos e sem saber como levar uma vida normal sendo portador da doença.
A ansiedade se caracteriza por um medo exacerbado do futuro, ou seja, do que ainda não aconteceu.
Dessa forma, a maioria dos especialistas recomendam que o paciente realize, na medida do possível, o máximo de atividades que puder, principalmente esportes.
Depressão
Outro sintoma que pode tornar a vida da pessoa com Parkinson ainda mais difícil é a depressão.
Em certos casos, o quadro é tão agudo que o paciente precisa ingerir antidepressivos para que essa condição não o paralise por completo.
Assim como a ansiedade, a prática de atividades e de exercícios físicos é fundamental para reverter a situação.
Cabe ressaltar que, no caso de portadores de Parkinson, a depressão não é uma manifestação de um estado de consciência, mas das alterações neurológicas no cérebro.
Alucinações
Nos estágios mais avançados da doença, é comum que o paciente tenha alucinações visuais e delírios em virtude da neurodegeneração.
Em certos casos, elas também podem ser causadas pela medicação, especialmente quando se administra paládio.
Quando isso acontece, em geral, ajustes na dosagem resolvem o problema.
Por sua vez, os delírios se caracterizam por ideias fantasiosas sobre pessoas próximas que, para o doente, podem estar em perigo ou mesmo cometendo delitos ou desvios de conduta.
Psicose
Alucinações e delírios são a manifestação de um problema mais grave, também comum em pessoas com Parkinson: a psicose.
Um aspecto a ser destacado é que, em pacientes com Alzheimer e Parkinson, a demência e a psicose associadas se apresentam de maneiras distintas.
Enquanto os primeiros passam a fazer perguntas que se repetem, naqueles que desenvolvem Parkinson, elas se manifestam mais como prejuízo na capacidade cognitiva.
Dessa forma, o doente encontra cada vez mais dificuldade para elaborar raciocínios e entender conceitos e ideias abstratas.
Como é feito o diagnóstico de Parkinson?
O mal de Parkinson deve ser diagnosticado clinicamente.
Sendo assim, o diagnóstico é feito pela observação dos sintomas mais recorrentes, como o tremor das mãos em repouso.
Normalmente, o médico realiza um teste simples para avaliar a coordenação motora, pedindo para o paciente tocar um dedo qualquer com o indicador e, em seguida, o seu próprio nariz.
Tal exame é feito porque, pessoas que têm a doença de Parkinson, já nos estágios iniciais, não conseguem ou têm dificuldade em realizar movimentos sucessivos e rápidos.
Parkinson e maconha: benefícios do tratamento com Cannabis
Tendo em vista que alguns medicamentos para o mal de Parkinson podem provocar efeitos adversos como alucinações e delírios, alternativas como o canabidiol acabam por ganhar força.
Além disso, essa substância extraída das plantas da família cannabaceae vem promovendo avanços importantes, seja atenuando ou eliminando os sintomas da doença.
Ainda que sejam necessários mais estudos conclusivos, não faltam relatos e histórias de pacientes que conseguiram se recuperar e levar uma vida normal com a ajuda da Cannabis medicinal.
Veja, então, quais benefícios essas pessoas obtiveram ao incluir os canabinoides em seus respectivos tratamentos contra Parkinson.
Raros efeitos colaterais
Uma das características mais bem-vindas do tratamento com Cannabis medicinal é a ausência (ou quase isso) de efeitos colaterais.
Há, inclusive, uma pesquisa dedicada exclusivamente a entender como o canabidiol age no organismo e as suas prováveis reações adversas.
Assinado pelos pesquisadores alemães Kerstin Iffland e Franjo Grotenhermen, o estudo enfatiza que são necessárias análises com amostras maiores.
De qualquer forma, com os dados disponíveis, já é possível dizer que o CBD é seguro e raramente provoca efeitos colaterais.
Benefícios extras
Além de minimizar ou eliminar os sintomas diretamente associados ao mal de Parkinson, o tratamento com canabidiol pode trazer vantagens adicionais.
É o caso, por exemplo, de pessoas que usam o CBD para tratar de doenças como Alzheimer e até câncer e sentem benefícios adicionais, como a melhora do humor e do sono.
Alternativa natural
Nunca é demais relembrar que essa é uma opção de tratamento natural por excelência.
Ou seja, nada de medicamentos pesados sintetizados com os seus efeitos adversos associados.
Parkinson e Maconha: como fazer para conseguir o canabidiol?
A compra de remédios com canabidiol pode ser realizada de duas formas: em farmácias e drogarias nacionais ou a partir da importação.
Essa segunda alternativa acaba sendo a mais utilizada atualmente, já que, de momento, são apenas dois os medicamentos com CBD vendidos no Brasil.
Seja como for, o primeiro passo é sempre obter a receita médica.
Para encontrar um médico prescritor de canabidiol, acesse esta página e agende uma consulta.
Com avanços recentes na regulamentação, hoje, o processo para importação de CBD é relativamente rápido.
Veja a seguir o que você deverá fazer para comprar remédios contra Parkinson do exterior a partir do Brasil.
Indicação médica
A primeira etapa é realizar uma consulta médica, na qual o paciente com Parkinson receberá a indicação do remédio à base de CBD em receita padrão.
Pedido no site da Anvisa
Tendo a versão digitalizada da receita, o próximo passo é preencher o formulário da Anvisa.
Nele, deverão ser anexadas cópias da identidade e do comprovante de residência.
Retorno da Anvisa
Se o pedido for aprovado, a Anvisa emite a autorização para importação.
Hoje, todo o processo pode ser concluído em cerca de dez dias ou em até no mesmo dia se o produto receitado pelo médico já estiver na lista de produtos pré-aprovados pela Anvisa, conforme RDC 570/21.
Compra e entrega
A Anvisa proíbe a aquisição de remédios de CBD que não sejam administrados via oral ou nasal.
Portanto, só medicamentos que respeitem essa orientação podem ser adquiridos do exterior.
Contudo, nem todos têm disponibilidade para lidar com os trâmites de um processo de importação de medicamentos.
Por isso, a dica é perguntar para o seu médico o contato no Brasil da empresa que importa o produto que ele receitou. Estas empresas normalmente realizam todo o tramite de aprovação na Anvisa, importação, desembaraço e entrega do produto na casa do paciente.
Como encontrar um médico prescritor de CBD?
Em um país com oferta ainda restrita de medicamentos à base de CBD, o primeiro desafio que pacientes e familiares de pessoas com Parkinson enfrentam é encontrar médicos prescritores.
Por isso, aqui no portal Cannabis & Saúde, disponibilizamos uma lista com especialistas em diversas áreas da medicina que prescrevem Cannabis medicinal.
Basta escolher o profissional mais próximo e agendar a consulta online.
Parkinson e Maconha na Anvisa: regras
Outro aspecto a destacar é que a entrada do canabidiol no mercado brasileiro ainda é muito recente.
Isso porque foi apenas em 2015 que a Cannabis medicinal entrou para a legalidade no Brasil, mesmo que em condições específicas.
Há mais de seis anos, a Anvisa publicava a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) Nº 17/2015, na qual constam as normas para a compra de medicamentos à base de CBD.
De acordo com o documento, os fármacos podem ser adquiridos mediante prescrição médica, desde que obedeçam aos critérios impostos pela Anvisa, que tem a palavra final nos processos de importação.
Hoje, pacientes que querem comprar do exterior produtos à base de canabidiol têm na RDC Nº 335/2020 a referência mais completa e recente.
Vale citar, ainda, a RDC Nº 327/2019, que estabeleceu regras para a fabricação e comercialização em farmácias de produtos com CBD no Brasil.
Essa resolução da Anvisa também determinou os critérios para venda, prescrição, monitoramento, dispensação e fiscalização de produtos de Cannabis para fins medicinais.
E mais recentemente em 6 de outubro de 2021 a Anvisa publicou a RDC 570/2021, que altera a resolução de diretoria colegiada – RDC nº 335, de 24 de janeiro de 2020, passando a aprovação do cadastro ocorrerá mediante análise simplificada no caso dos Produtos derivados de Cannabis constantes em Nota Técnica emitida pela Gerência de Produtos Controlados da Anvisa e publicada no site da Agência.
A aprovação disposta no §3º do art. 5º desta Resolução poderá ocorrer de forma automática no caso dos Produtos derivados de Cannabis constantes em Nota Técnica emitida pela Gerência de Produtos Controlados e publicada no site da Agência, a partir da atualização dos sistemas que permitam tal automação.
Parkinson e Maconha: qual é o preço do canabidiol?
Como destacamos antes, no Brasil, há atualmente apenas três fármacos à base de CBD à venda e nenhum deles atende às necessidades de pessoas com Parkinson.
Como hoje a matéria-prima para produção é importada, considerando a proibição do cultivo de Cannabis no país, os preços são elevados.
Já para importação, os valores são variados, dependendo do medicamento prescrito, podem começar a partir de R$200.
Parkinson e Maconha: casos e evidências da eficácia do tratamento com CBD
Algumas histórias de pacientes que se recuperaram ou controlaram os sintomas da doença de Parkinson você conheceu aqui, no Portal Cannabis & Saúde.
Uma delas é a da dona Terezinha Pacheco.
Seus tremores eram tão fortes que, muitas vezes, ela caía em virtude da perda de controle dos movimentos.
Hoje, esses tremores são mínimos e, além disso, ela está livre das convulsões.
Outro caso importante é o do Neuri Felippi, de 47 anos, que só teve o mal de Parkinson controlado graças ao CBD, que proporcionou alívio das dores e ganhos em mobilidade.
Conclusão
Pelas histórias que você acaba de conhecer, você pode avaliar a maconha como uma alternativa segura e eficaz no tratamento do Parkinson.
É verdade que existe a necessidade de mais pesquisas, até mesmo como forma de desenvolver maneiras ainda mais eficazes de se administrar os remédios contendo o canabidiol.
No entanto, enquanto a ciência não encontra respostas definitivas, os casos de sucesso em diferentes tratamentos dão esperança de dias melhores aos que sofrem dessa doença.
Aqui no portal Cannabis & Saúde, você fica sempre a par dos avanços mais recentes a respeito da maconha medicinal, com notícias e artigos feitos pelo nosso time de especialistas.