Entenda a diferença entre o uso medicinal e recreativo da Cannabis, seus fitocanabinoides, riscos e benefícios terapêuticos
Associar a Cannabis apenas ao seu potencial psicoativo é desperdiçar todo potencial terapêutico da planta. Esse último tipo de uso é conhecido há mais de 12.000 anos pela humanidade, utilizada por diferentes civilizações, como a chinesa, indiana e egípcia.
De todo modo, é importante também deixar claro que a Cannabis medicinal nem sempre é como a planta costuma ser mais conhecida. Popularmente, ela é nomeada de maconha no Brasil e pode servir recreativamente ao provocar alterações cognitivas nos usuários.
Esse uso específico, especialmente quando feito indiscriminadamente, pode trazer prejuízos à saúde física e mental dos indivíduos. Além disso, saiba que o cultivo e a venda para essa finalidade não são legalizados no Brasil. Ou seja, a Cannabis por si só não é um remédio, mas seus ingredientes podem ser adotados para diversos fins médicos.
Quer entender mais sobre esse assunto e esclarecer a diferença da Cannabis medicinal para a recreativa? Continue a leitura e fique por dentro!
O que é a Cannabis?
A Cannabis sativa é uma planta que se desenvolve em vários lugares do planeta, com destaque para regiões tropicais e temperadas. A partir dos componentes existentes nela é possível absorver seu potencial terapêutico ou psicoativo.
O nível psicoativo depende de alguns fatores. É o caso da concentração dos compostos existentes na planta, tempo de cultivo, fatores genéticos etc. Assim, os usuários podem perceber as alterações cognitivas, como confusão mental e euforia, em menor ou maior grau.
O que é a Cannabis medicinal?
Conforme mencionado, o uso da Cannabis na medicina já é conhecido há muito tempo e por diferentes países. Esse uso é possível devido aos componentes químicos existentes na planta. Ao todo, existem 400 deles, entre eles os canabinoides, que podem ser encontrados nas folhas, flores e caules.
Os benefícios medicinais desses compostos ocorrem por eles tentarem imitar os endocanabinoides encontrados no corpo humano. Então, a associação entre esses elementos existentes na planta e no organismo resultam no equilíbrio das funções do corpo, o que resulta no tratamento de algumas patologias.
Por razões como essas, muitas comunidades antigas costumavam usar tais itens para tratar dores e até transtornos mentais. Apesar disso, como você percebeu, os componentes da Cannabis também apresentam efeitos psicoativos. Logo, é preciso ter ainda mais cautela quanto ao seu uso.
Isso inclui o controle das doses e do uso prolongado dessas substâncias. Além disso, saiba que o uso medicinal da planta pode ser benéfico em alguns casos e maléfico em outro. Por exemplo, a Cannabis pode agir como estimulante de apetite para quem passa por quimioterapia. Por outro lado, o uso inadequado em diabéticos não tende a ter efeitos positivos.
Ou seja, para melhores resultados com a Cannabis medicinal é indispensável seguir um acompanhamento médico. Caso contrário, isso pode apresentar riscos e contribuir para a ideia errônea de que a planta por si só prejudica a saúde.
Atitudes como essas também colaboram para a proibição da venda recreativa e do cultivo da planta. De todo modo, saiba que a regulamentação para uso medicinal — que ocorre com acompanhamento médico e fiscalização da Anvisa — é permitida no Brasil e avança cada vez mais.
O que são canabinoides?
Após entender a definição de Cannabis, é o momento de conhecer mais sobre os canabinoides, sendo alguns dos compostos químicos presentes na planta. Elas também são produzidas em outros vegetais e até pelos seres humanos. Nesse último caso, a nomeação é endocanabinoides ou canabinoides exógenos.
Assim, os canabinoides da Cannabis atuam ao interagir com os existentes no organismo humano. Essa interação natural possibilita o tratamento medicinal da planta. Quanto a isso, saiba que existem centenas desses compostos na planta. Alguns deles são mais numerosos do que outros, como o CBD e o THC.
CBD
Como visto, o CBD, também nomeado de canabidiol, é um dos canabinoides presentes na Cannabis. Atualmente, ele é o mais aceito pela medicina, o que é justificado pelos seus inúmeros benefícios terapêuticos e a inexistência de propriedades psicoativas.
Outro ponto positivo do CBD é que ele ocupa cerca de 40% dos extratos da planta. Assim, ele costuma ser utilizado no tratamento de epilepsia, ansiedade, Alzheimer e muitas outras patologias. Isso ocorre porque o CBD se associa a serotonina e adenosina, os neurotransmissores do organismo.
Essa associação ajuda a controlar dores e inflamações, além de regular o humor, memória, apetite e bem-estar. Outra atuação do CBD é no tratamento da dependência química. Isso porque ela controla a ansiedade causada pela abstinência e auxilia a reduzir a ânsia pelo vício.
THC
Conforme citado, o THC é outro canabinoide presente na Cannabis. Possivelmente, trata-se também do mais famoso, principalmente por ele ser comumente associado aos efeitos psicoativos da maconha. Inclusive, este componente costuma ser visto como o vilão da maconha e o responsável pela discriminação que a planta muitas vezes sofre.
Afinal, diferentemente do CBD, o THC se liga aos receptores CB1 e CB2 localizados no corpo. Isso causa efeitos psicoativos, que costumam ser buscados para quem tem interesse recreativo. Os resultados tendem a ser ainda mais elevados se houver uma maior concentração desse canabinoide. E ainda, conforme aumento do uso, o organismo cria gradativamente uma tolerância ao THC.
Apesar disso, o THC não oferece apenas reações psicóticas e é também muito associado a fins médicos, principalmente quando tem a dosagem controlada. É o caso do estímulo de apetite, redução de dores e inflamações etc. Logo, esse componente pode ser bem-vindo em tratamentos oncológicos e quimioterápicos.
Diante disso, o THC pode ser desenvolvido no formato de analgésico ou até como antiemético. E ainda, é válido citar que o uso conjunto do THC com o CBD pode ser ainda mais eficiente do que qualquer um desses elementos isoladamente.
CBN
Você já percebeu que THC e CBD são os compostos mais conhecidos e utilizados na medicina. Mas além deles, existem outros que oferecem propriedades terapêuticas e podem ser úteis nesse sentido. É o caso do CBN, ou canabinol.
O canabinol é produzido pela oxidação do THC, mas utilizado isoladamente é pouco psicoativo. Os seus benefícios principais se relacionam no tratamento de patologias do sistema imunológico, como esclerose múltipla e patologia de Crohn.
Além disso, existem alguns estudos que indicam a atuação positiva do CBN combinado com o CBD para diminuir dores mecânicas induzidas. E ainda, algumas pesquisas também sinalizam para a capacidade desse canabinoide estimular o crescimento ósseo.
THCv
Como o próprio nome sugere, o THCv é similar ao THC, mas se difere nos efeitos causados. Por exemplo, enquanto o primeiro inibe o apetite do paciente, o segundo estimula. Logo, esse canabinoide pode ser útil no tratamento de obesidade e compulsão alimentar.
Felizmente, os efeitos positivos do THCv não param nesse ponto. Alguns estudos mostram que esse composto pode ser benéfico para o tratamento de dependência química da nicotina e outras drogas. Além disso, também existem análises que sinalizam o auxílio do THCv para pacientes diabéticos.
CBC
O CBC, ou canabricome, é outro canabinoide existente na Cannabis. Nesse caso, o composto não produz efeitos psicoativos, já que não se relaciona com os receptores CB1 e CB2. Porém, ele atua com outros receptores e eleva os níveis de endocanabinoides no corpo.
Um dos benefícios dessa ação é a elevação da substância responsável pela felicidade no organismo, a anandamida. E ainda, estudos mostram o potencial do CBC de ajudar no tratamento de tumores, dores e inflamações.
CBG
O CBG, ou canabigerol, é o canabinoide que também age com os receptores CB1 e CB2, mas com ações diferentes. Assim, ele não possui propriedades psicoativas e, na verdade, pode até atenuar os efeitos psicoativos do THC.
As principais propriedades do CBG incluem o auxílio em tratamentos cancerígenos, além de ações anti-inflamatórias, bactericida e analgésica. Tudo isso é evidenciado pelo estudo da The Green Hub.
Quais são os benefícios terapêuticos da Cannabis medicinal?
Após conhecer mais sobre os compostos presentes na Cannabis, foi possível notar os efeitos positivos que eles oferecem na medicina. Mas além dos fatores apresentados, é importante ter em mente outros dos grandes benefícios da Cannabis medicinal. Isto é, ela apresenta menos efeitos colaterais e riscos de tolerância ao medicamento.
Para entender melhor sobre essas características, conheça mais sobre quais são as principais patologias tratadas por essa medicina alternativa:
- epilepsia;
- ansiedade e depressão;
- esclerose múltipla;
- transtorno de Parkinson;
- artrite;
- cefaleia;
- artrose;
- etc.
Cada um desses problemas de saúde pode receber a indicação de um medicamento tradicional para o tratamento. Assim, a dosagem deve se adequar às singularidades do transtorno e às necessidades do paciente.
De qualquer maneira, existem chances de os pacientes desenvolverem tolerância ao medicamento, o que dificulta o controle do problema a médio e longo prazo. E ainda, é possível que o uso desse produto seja acompanhado de efeitos colaterais muito agressivos e possa levar até a dependência química.
Diante desse contexto, a Cannabis medicinal se apresenta como uma alternativa complementar ou de substituição desses medicamentos por apresentar menos efeitos colaterais e um menor índice de tolerância.
Um dos casos de mais destaque quanto aos benefícios dessa planta é no tratamento da epilepsia mais grave e de difícil controle. Ela se caracteriza pelas alterações temporárias nas células nervosas do cérebro, o que leva ao aparecimento de convulsões.
Alguns pacientes podem precisar de internações frequentes para contornar esse problema, mesmo com o uso de medicamentos convencionais fortes e diários. Felizmente, a situação de muitos passou a diferir após a administração oral do CBD. Quadros como esses deixam claro a relevância da Cannabis medicinal no controle de diversas doenças.
Qual a diferença entre o uso medicinal e o uso recreativo da Cannabis?
Conforme você pôde acompanhar ao longo do artigo, existe diferença entre o uso medicinal e o recreativo da Cannabis. Isto é, o primeiro ocorre a partir de uma série de estudos médicos que visam entender os efeitos da Cannabis no corpo humano. Para isso, são considerados tanta a planta inteira como compostos isolados. E ainda, como cada canabinoide age separado e conjuntamente.
Após as conclusões dos benefícios oferecidos pela Cannabis, o seu uso passou a ser autorizado em algumas localidades, como o Brasil. Nesse caso, é preciso que o médico avalie cada quadro e emita uma receita para uso do produto.
De todo modo, o processo de autorização e desenvolvimento dos produtos à base dessa planta ainda passam por uma série de monitorias, como você acompanha mais à frente. Enquanto isso, o uso recreativo da Cannabis no Brasil não é autorizado.
Assim, não existe um órgão responsável pela fiscalização da planta a ser consumida, que pode ser misturada com outras substâncias. Fatores como esses podem comprometer a saúde dos usuários. Juntamente com isso, por não envolver o acompanhamento médico, se torna mais propício o indivíduo consumir exageradamente.
O que diz a legislação brasileira sobre a Cannabis?
Como dito, a Cannabis medicinal é regulamentada no Brasil. Além disso, saiba que esse processo pode ser mais simples e menos burocrático do que o imaginado. Isso porque as farmácias brasileiras podem vender esses produtos, mesmo que eles sejam fabricados internacionalmente.
Assim, os pacientes não dependem da importação para tratar suas patologias. Afinal, empresas brasileiras podem produzir os produtos a partir da Cannabis. Para isso, é necessário adquirir a matéria-primeira semi elaborada e no exterior.
Como iniciar um tratamento com Cannabis?
Entendeu que o tratamento medicinal com Cannabis é legalizado no Brasil assim como em alguns outros países? Para iniciar o tratamento é necessário ter uma prescrição médica, fornecida pelo médico prescritor da Cannabis.
Existe uma lista atualizada com todos esses profissionais de saúde que prescrevem a planta para fins terapêuticos. Naturalmente, assim como qualquer outro medicamento, a prescrição varia conforme o perfil de cada paciente e as particularidades da patologia a ser tratada.
Então, conseguiu entender mais sobre a Cannabis medicinal e as diferenças entre ela e a utilizada para fins recreativos? Aprender mais sobre o assunto é uma maneira de desmistificar impressões erradas e que poderiam afastar o tratamento alternativo com essa planta.
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