Nosso corpo é constantemente influenciado por sinais celulares, mutações genéticas e fatores externos. Então, como ele consegue manter a harmonia interna? A resposta é: por meio do sistema endocanabinoide!
A princípio, o sistema endocanabinoide tem sido descrito como um dos sistemas bioquímicos mais complexos e relevantes do organismo humano.
A razão para tal é porque ele atua em diferentes alvos primordiais para a saúde geral.
Por meio de sua ação, ele modula respostas imunológicas, a comunicação neural, a sinalização celular, entre muitos outros processos biológicos importantes.
Ele também está fortemente envolvido no desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC), na plasticidade sináptica e na resposta do corpo a danos internos e ambientais.
Para entender melhor sobre o sistema endocanabinoide e sua importância na manutenção da saúde, prossiga com a leitura deste artigo!
Aqui, exploraremos sobre:
- O que é o sistema endocanabinoide?
- Como funciona o sistema endocanabinoide?
- Como ativar o sistema endocanabinoide?
- O sistema endocanabinoide e a sua relação com a Cannabis medicinal
- Principais dúvidas sobre o sistema endocanabinoide e o canabidiol
O que é o sistema endocanabinoide?
O sistema endocanabinoide (SEC) é um sistema neuromodulador que abrange uma extensa rede de sinais químicos e receptores celulares distribuídos por todo o cérebro e corpo.
É composto pelos receptores canabinoides (CB), endocanabinoides e enzimas metabólicas.
Esse sistema está envolvido na regulação de diversas funções corporais, como humor, apetite, sono, memória, percepção da dor e resposta imune.
Os receptores CB estão presentes em todo o organismo, mas são predominantes no cérebro, exercendo controle sobre os níveis e atividades de vários neurotransmissores.
Outras proteínas associadas a esse sistema também trabalham na regulação de funções corporais.
Em conjunto, os constituintes do sistema endocanabinoide trabalham para promover a homeostase.
Em outras palavras, eles mantêm o equilíbrio interno do organismo, adaptando-se às necessidades momentâneas do corpo.
Devido ao seu envolvimento na regulação de inúmeros processos do organismo humano, o sistema endocanabinoide tem sido objeto de extensos estudos.
Inúmeras evidências mostram que o SEC está envolvido na prevenção e no tratamento de diversas doenças.
Por exemplo, um sistema endocanabinoide deficiente está relacionado ao desenvolvimento de Alzheimer.
Outra coisa interessante sobre o sistema endocanabinoide é que ele pode ser influenciado por canabinoides exógenos, como os encontrados nas plantas do gênero Cannabis.
O sistema endocanabinoide também influencia o sistema nervoso, o que explica os efeitos da Cannabis sobre o nosso humor e comportamento.
Os principais canabinoides da planta são o canabidiol (CBD) e o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC).
No entanto, há outras substâncias canabinoides que também merecem atenção por suas possibilidades medicinais capazes de otimizar esse sistema.
Quando foi identificado o sistema endocanabinoide?
Raphael Mechoulam, reconhecido como o pioneiro da pesquisa sobre a Cannabis medicinal pela comunidade científica, identificou inicialmente o THC em 1964.
Desde então, as pesquisas sobre os efeitos biológicos do THC e seus análogos revelaram indícios de interações em nosso organismo por meio de receptores específicos.
Com a progressão desses estudos, tornou-se evidente que nossos corpos produziam moléculas com semelhança estrutural às encontradas na Cannabis para estimular esses receptores.
Estes são os chamados endocanabinoides.
O primeiro endocanabinoide descoberto foi denominado anandamida, em homenagem à palavra em sânscrito “ananda”, que significa felicidade.
Posteriormente, ao compreender a interação dos canabinoides com o corpo humano, ele dedicou-se a estudar toda a dinâmica desse sistema.
Então, trinta anos após a descoberta do THC e do CBD (o canabidiol foi identificado na década de 1940 por Roger Adams), os cientistas identificaram o sistema endocanabinoide.
Como funciona o sistema endocanabinoide?
O sistema endocanabinoide é constituído por receptores canabinoides (CB1 e CB2), canabinoides endógenos (endocanabinoides) e enzimas responsáveis pela síntese e degradação dos endocanabinoides.
Os receptores CB1 são predominantes no sistema nervoso central (SNC), especialmente em regiões cerebrais como córtex, cerebelo, hipocampo e núcleos da base.
Também estão presentes no sistema nervoso entérico (SNE), células adiposas, células endoteliais, fígado e trato gastrointestinal.
Por outro lado, os receptores CB2 predominam em células e tecidos do sistema imunológico, apresentando-se em menor grau nas células do SNC.
Por isso, esse receptor está associado a um forte potencial anti-inflamatório e imunomodulador.
Embora os receptores canabinoides CB sejam os mais abundantes, os receptores de potencial transitório (TRP) e os receptores ativados pelo proliferador de peroxissoma (PPAR) também são relevantes na interação com alguns canabinoides.
O corpo produz seus próprios canabinoides endógenos, sendo os mais estudados são o glicerol 2-araquidonoil (2-AG) e a anandamida.
Diferentemente dos neurotransmissores clássicos, os endocanabinoides não são armazenados em compartimentos nas células.
Em vez disso, são produzidos “sob demanda” por enzimas e liberados imediatamente pelos neurônios.
Após exercer sua função, a substância é recaptada por um transportador para ser degradada por outras enzimas.
Há também os canabinoides exógenos, que, embora não façam parte do sistema endocanabinoide, são extremamente importantes para que ele funcione bem.
Exemplos, como canabidiol e THC, manifestam seus efeitos biológicos por meio de interações com receptores dentro e fora do SEC.
A existência do sistema endocanabinoide em vertebrados, mamíferos e seres humanos sugere sua participação em diversos processos fisiológicos.
Ele pode influenciar o apetite, câncer, doenças cardiovasculares, fertilidade, funções imunológicas, memória, neuroproteção e regulação da dor.
No entanto, a compreensão de como esse sistema complexo opera na regulação desses processos, bem como sua regulação em disfunções internas, continua sendo objeto de pesquisa.
Onde fica o sistema endocanabinoide?
Conforme observado, o sistema endocanabinoide é constituído por receptores CB distribuídos por diversas áreas do organismo.
A maior concentração desses receptores ocorre no cérebro e no sistema nervoso.
No entanto, eles também estão presentes em órgãos reprodutivos, glândulas sudoríparas, trato gastrointestinal e pele.
Os receptores CB1 estão localizados principalmente nas terminações nervosas do sistema nervoso central e no cérebro.
Por outro lado, os receptores CB2 são encontrados em células do sistema imune, tecidos musculares, gordurosos, ósseos e hepáticos.
Ambos os receptores canabinoides podem regular funções biológicas, influenciando sensações como dor, apetite, humor e sono.
Eles também promovem benefícios de acordo com o local que estão localizados.
Por exemplo, a interação de canabinoides com receptores CB nas células oculares confere benefícios na proteção ou tratamento de condições que afetam os olhos.
Qual papel esse sistema desempenha no corpo humano?
Todos os sistemas do nosso corpo permanecem em um estado constante de equilíbrio fisiológico, sendo o sistema endocanabinoide um dos principais mediadores desse estado.
Ele exerce uma função moduladora nos sistemas nervoso central e periférico, endócrino, tecidos imunológicos e metabolismo.
Além disso, atua como agente regulador em várias reações fisiológicas, incluindo:
- Apetite;
- Dor;
- Inflamação;
- Termorregulação;
- Pressão intraocular;
- Controle muscular;
- Metabolismo;
- Qualidade do sono;
- Resposta ao estresse;
- Motivação/recompensa;
- Humor e memória.
Se uma força externa, como uma lesão ou infecção, perturbar a homeostase do corpo, o sistema endocanabinoide entra em ação para restaurar o equilíbrio.
Compreender esse sistema oferece a possibilidade de desenvolver medicamentos que ativem ou bloqueiem sua ação.
Por exemplo, o receptor CB1 está em alta concentração no hipotálamo, área associada ao controle alimentar.
Visando esse alvo, os cientistas podem desenvolver medicamentos para tratar a falta de apetite.
Sabe-se também que deficiências no funcionamento do sistema endocanabinoide têm um impacto significativo no desenvolvimento e progressão de doenças.
Portanto, a modulação desse sistema por meio da inibição de vias metabólicas e agonismo ou antagonismo de seus receptores apresenta um grande potencial para intervenções em diversas áreas da saúde humana.
Quais são as substâncias endocanabinoides?
As substâncias endocanabinoides são moléculas produzidas internamente pelo nosso corpo.
Elas são chamadas por esse nome devido à sua semelhança estrutural com os canabinoides extraídos da planta cannabis.
Na década de 90, foram identificados dois agonistas endógenos dos receptores canabinoides.
Até o momento, os endocanabinoides já descobertos e melhor caracterizados são:
- Anandamida (AEA)
A anandamida é um canabinoide endógeno (produzido pelo corpo).
Conhecida como “molécula da felicidade” atua principalmente o sistema nervoso, assim como a serotonina, endorfina e dopamina.
É predominantemente degradada pela enzima hidrolase de amida de ácido graxo (FAAH), a qual converte a anandamida em etanolamina e ácido araquidônico.
- 2-arachidonoilglierol (2-AG)
É um endocanabinoide agonista endógeno do receptor CB1 e do receptor CB2.
Atua como regulador-chave da liberação de neurotransmissores.
Nosso organismo produz essas substâncias endocanabinoides conforme necessário, tornando difícil saber quais são os níveis típicos de cada uma.
A regulação da ingestão alimentar através dos endocanabinoides
Estudos indicam que os receptores canabinoides estão envolvidos na regulação da ingestão e metabolização de alimentos.
Como você já sabe, existem receptores canabinoides distribuídos por todo o corpo, inclusive no intestino e em partes do cérebro que controlam a ingestão de alimentos.
No trato gastrointestinal, a ativação desses receptores influencia a motilidade, a secreção gástrica, hormônios, apetite e permeabilidade do epitélio intestinal.
Portanto, o sistema endocanabinoide está envolvido no controle da obesidade e distúrbios alimentares.
Isso ocorre por meio da ativação dos receptores CB1, que influenciam o balanço energético e o controle do apetite.
O receptor CB1 foi descoberto quase há 30 anos e posteriormente identificado como uma molécula alvo promissora para intervenção farmacológica no comportamento alimentar.
Uma função primordial da sinalização central do CB1 é manter a homeostase energética em todo o corpo.
Assim, os canabinoides interagem funcionalmente com neurotransmissores em redes neurais que controlam o metabolismo energético e o comportamento alimentar.
Estimular a sinalização CB1 pode aumentar o apetite e incentivar a alimentação, enquanto bloquear o CB1 suprime a fome e induz a hipofagia.
Pesquisas também revelaram que usuários de Cannabis apresentavam Índice de Massa Corporal (IMC) e taxas de obesidade menor em comparação com não usuários.
As enzimas metabólicas
Conforme destacado em um artigo recente publicado na Protein & Peptide Letters, os endocanabinoides são produzidos e degradados conforme necessário por enzimas, sendo liberados imediatamente pelos neurônios.
O sistema endocanabinoide é composto por dois tipos de enzimas que participam desse processo: as que promovem a síntese de endocanabinoides e as que são responsáveis por sua degradação.
Entre esses tipos de enzimas metabólicas no sistema endocanabinoide, quatro delas são conhecidas:
NAPE-PLD
A NAPE-PLD, uma abreviação de N-acil fosfatidiletanolamina-seletiva fosfolipase D, é responsável pela síntese de um dos principais endocanabinoides, a anandamida.
Esta enzima atua catalisando a produção de N-acil fosfatidiletanolamina (NAPE), que é subsequentemente convertida em anandamida.
DAGL
A DAGL, ou lipase sn-1-diacilglicerol-seletiva, está envolvida na síntese de outro importante endocanabinoide, o 2-AG.
A DAGL catalisa a hidrólise do diacilglicerol (DAG) para produzir 2-AG, que também age como um agonista dos receptores canabinoides, especialmente CB1.
FAAH
A FAAH, ou Enzima Hidrolisadora de Amidas de Ácidos Graxos, é uma peça chave no sistema endocanabinoide.
Sua função é a degradação do endocanabinoide anandamida (AEA), regulando, assim, a ativação dos receptores canabinoides CB1 e CB2.
Localizada principalmente em células neuronais e não neuronais. Sua ação enzimática é fundamental para evitar a acumulação excessiva de anandamida, mantendo uma regulação precisa.
A ativação dos receptores CB1 no sistema nervoso central está ligada aos níveis de anandamida, destacando a importância da FAAH na regulação desses eventos.
MAGL
Outra enzima importante no metabolismo endocanabinoide é a Monoacilglicerol Lipase (MAGL).
Seu papel central é degradar o endocanabinoide 2-araquidonilglicerol (2-AG). Encontrada em diversas células, incluindo neurônios e células não neuronais.
A MAGL converte o 2-AG em ácido aracdônico e glicerol, controlando assim os níveis deste endocanabinoide.
A regulação precisa desses níveis auxilia na modulação de funções fisiológicas, como a plasticidade sináptica.
Essa abordagem “sob demanda” na produção e liberação de endocanabinoides demonstra a precisão do sistema na promoção da homeostase do organismo.
Quais são os receptores canabinoides?
Os receptores canabinoides encontram-se na superfície das células e identificam as condições externas.
Em consequência, eles transmitem informações sobre as alterações externas para o interior da célula.
No organismo humano, temos os seguintes receptores canabinoides:
- Receptores CB1: localizados nas terminações nervosas do sistema nervoso central e no cérebro. Estão relacionados à resposta ao estresse, ansiedade, apetite, náusea, humor, sono, memória, entre outros. Também são responsáveis pelo processo psicoativo quando ligados ao THC.
- Receptores CB2: encontrados nas células do sistema imune e nos tecidos musculares, adiposos, ósseos e hepáticos. São responsáveis pela imunomodulação e pelo controle de inflamações.
Além de influenciarem processos fisiológicos, esses receptores podem afetar tecidos de órgãos, como o pâncreas e o fígado.
Sua importância é destacada quando os endocanabinoides facilitam reações relacionadas à homeostase glicêmica e lipídica.
Dessa forma, o sistema endocanabinoide demonstra uma notável plasticidade, não ficando restrito a uma região específica do corpo ou a um único tipo de tecido.
Como o sistema endocanabinoide está ligado ao bem-estar?
O sistema endocanabinoide influencia a estabilidade cerebral, desde a formação até o desenvolvimento de processos como neurogênese, gliogênese, plasticidade e reparo de circuitos neuronais.
Essa influência abraça um amplo espectro de funções cognitivas e emocionais.
Também pode ser vista em aspectos como aprendizado, memória e até a resposta ao medo.
A desregulação do sistema endocanabinoide resulta em distúrbios de humor, como ansiedade, hiperatividade, psicose, depressão e até mesmo o abuso de substâncias.
O SEC também exerce uma influência palpável no desenvolvimento e progressão de distúrbios neurodegenerativos.
Níveis precisos de anandamida, molécula-chave para o bem-estar, desencadeiam efeitos gratificantes e reforçadores do cérebro.
A anandamida (AEA) pode modular o sistema de recompensa, impactando assim o comportamento emocional, social e cognitivo, aspectos cruciais em distúrbios psiquiátricos.
Os receptores CB1 estão altamente presentes em neurônios inibitórios (GABAérgicos) e menor presença em terminais excitatórios (glutamatérgicos), além de expressarem receptores de dopamina.
Essa distribuição contribui para a influência desses receptores em diferentes comportamentos emocionais.
Portanto, manter um equilíbrio no SEC permite promover o bem-estar.
Como ativar o sistema endocanabinoide?
O sistema endocanabinoide, essencial para a regulação fisiológica, enfrenta desativação ou desregulação por diversos motivos.
A exposição prolongada ao estresse, por exemplo, reduz a produção de endocanabinoides e prejudica a capacidade do sistema de manter a homeostase corporal.
O sistema endocanabinoide também pode ser influenciado pelo uso excessivo de substâncias como álcool e certas drogas.
Tais substâncias interferem na sinalização do sistema endocanabinoide, agravando ainda mais a desregulação.
Distúrbios metabólicos e inflamação crônica também exercem impacto negativo, causando alterações no funcionamento do sistema.
Cabe ressaltar também a predisposição genética, uma vez que algumas pessoas podem sofrer vulnerabilidades nesse mecanismo regulatório.
No entanto, é possível ativar ou regular um sistema endocanabinoide deficiente. Em especial, se considerarmos o uso de Cannabis nesse contexto.
A Cannabis possui centenas de canabinoides que interagem fortemente com o sistema endocanabinoide e seus receptores.
Por ter uma estrutura semelhante aos canabinoides endógenos, os canabinoides da Cannabis influenciam processos dentro e fora do SEC.
As principais substâncias da Cannabis ligadas à ativação do sistema endocanabinoide são o THC e CBD.
No entanto, o sistema endocanabinoide pode ser estimulado por outros compostos não canabinoides, como flavonoides e terpenos, também presentes na Cannabis.
Outras formas de ativar o sistema endocanabinoide
Além do consumo da Cannabis, certos hábitos contribuem para uma melhora na sinalização deste sistema, embora esses efeitos sejam menos pronunciados do que os produzidos pela Cannabis.
Destaca-se, por exemplo, a prática de exercícios aeróbicos como corridas e pedaladas.
Através desse tipo de exercício, pode-se trazer um aumento na quantidade de anandamida presente no cérebro.
Esta por sua vez, ajuda na produção de alguns hormônios do bem-estar, que ajudam no alívio da ansiedade e do estresse, por exemplo.
Além disso, alguns alimentos também são capazes de interagir com o sistema endocanabinoide e seus receptores. Por exemplo:
- Ômega-3: presente em peixes como sardinha, atum e salmão;
- Probióticos: os lactobacilos são bactérias que estão relacionadas à saúde do trato digestivo e ajudam na produção de endocanabinoides;
- Consumo de frutas: frutas como morango, laranja e abacaxi, são ricas em flavonoides.
Por meio destes alimentos, pode-se ter uma melhor resposta ao estresse, um sono mais restaurador e uma sensação de bem-estar geral.
Manter tais fatores em equilíbrio ajudam a evitar deficiências e desregulações no sistema endocanabinoide.
O sistema endocanabinoide e a sua relação com a Cannabis medicinal
As primeiras investigações acerca do papel do sistema endocanabinóide na fisiologia humana surgiram da análise dos efeitos associados ao consumo de Cannabis sativa.
A planta Cannabis contém mais de 100 canabinoides, além de centenas de terpenos, como mirceno, limoneno, pineno e trans-cariofileno.
Ela também conta com os flavonoides, os quais contribuem para as características de aroma, sabor e cor da Cannabis.
Dentre os canabinoides presentes na planta, os mais estudados incluem THC e CBD.
Também existem canabinoides menores, como o canabigerol e a tetrahidrocanabivarina.
O THC apresenta alta afinidade com o receptor CB1, influenciando em efeitos associados à euforia.
Por outro lado, o CBD, com baixa afinidade pelos receptores canabinoides, possui uma farmacologia mais complexa.
Seu mecanismo de ação é múltiplo, afetando sistemas como os receptores TRPV1, GPR55, 5-HT1A, adenosina, possivelmente através de modulação alostérica negativa.
Os múltiplos alvos do canabidiol explicam seu uso atual e benefícios em diversas funções e sintomas.
Apesar da sua notável função no sistema endocanabinoide, a compreensão sobre os mecanismos da Cannabis nesse sistema permanece limitada.
No entanto, uma série de estudos clínicos evidenciam essa relação.
Algumas enfermidades, como Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla e autismo, tiveram respostas positivas em seus tratamentos depois do uso de Cannabis.
Ou seja, há evidências de que a Cannabis e seus mais de 100 canabinoides, em sinergia com o sistema endocanabinoide, promovam benefícios à saúde humana, ajudando a aumentar o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes.
O que é o canabidiol?
Os canabinoides são substâncias químicas que se conectam aos receptores (CB1 e CB2) e estimulam as proteínas que facilitam a interação dessas substâncias no metabolismo celular.
Atualmente, existem cerca de 140 canabinoides, sendo o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD) os mais conhecidos.
O canabidiol (CBD), presente na Cannabis sativa, não produz efeitos psicoativos.
Este composto demonstra eficácia no tratamento de diversas condições, como dores crônicas, epilepsia, náuseas, vômitos e espasticidade.
Outros canabinoides incluem, por exemplo, o canabigerol (CBG) e o canabicromeno (CBC).
Qual é o efeito do canabidiol?
O CBD atua nos receptores CB1, CB2 e outros receptores não canabinoides, como o 5-HT1A, que amplifica seu efeito ansiolítico.
Tem o mesmo precursor metabólico que o THC, e é o principal canabinoide encontrado em cepas de cânhamo.
O elemento possui estrutura química com grande potencial terapêutico neurológico.
Com isso, pode ter ação ansiolítica, antipsicótica, neuroprotetora, anti-inflamatória, anti-epiléptica e além de agir nos distúrbios do sono.
Quais são os principais canabinoides?
A Cannabis possui mais de 140 canabinoides, com o CBD e THC sendo os mais reconhecidos.
O CBD é um dos canabinoide mais abundante na Cannabis, correspondendo a 40% da proporção da planta, em alguns tipos de planta.
Com efeito ansiolítico, imunossupressor, anti-inflamatório, neuroprotetor, antiemético, sedativo, anticonvulsivo, pode prevenir e ajudar no tratamento de diversas condições.
O THC, por outro lado, é responsável pelo efeito euforizante da Cannabis, possuindo também propriedades medicinais, como ação analgésica, anti-inflamatória, imunossupressora, antiviral, hipotensora, neuroprotetora, entre outras.
Quais doenças podem ser tratadas com o canabidiol?
A ciência apoia o uso de canabidiol no tratamento e prevenção de diversas doenças.
Apesar de sua aplicação em algumas delas ainda estar em fase de estudos, outras, no entanto, são efetivamente gerenciadas pelo uso do composto.
Confira abaixo quais doenças podem ser tratadas com canabidiol:
- Ansiedade
- Artrite reumatoide
- Artrose
- Autismo
- Câncer
- Dependência química
- Depressão
- Dermatites, acne e psoríase
- Diabetes
- Doença de Alzheimer
- Doença de Parkinson
- Doenças gastrointestinais
- Dor neuropática
- Dores de cabeça
- Endometriose
- Enxaqueca
- Epilepsia
- Esclerose múltipla
- Fibromialgia
- Glaucoma
- Insônia
- HIV
- Lesões musculares
- Obesidade
- Osteoporose
- Paralisia cerebral
- Síndrome de Tourette
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
- Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT)
- Doenças veterinárias.
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Principais dúvidas sobre o sistema endocanabinoide
Confira abaixo a resposta para as principais dúvidas sobre o sistema endocanabinoide.
O que é CB1 e CB2?
CB1 e CB2 são os dois tipos principais de receptores do sistema endocanabinoide.
Os receptores CB1 encontram-se maioritariamente ao longo do sistema nervoso, embora também apareçam em muitas outras áreas.
Até agora, a investigação identificou receptores CB1 nas seguintes áreas do corpo:
- Cérebro;
- Medula espinal;
- Células adiposas;
- Fígado;
- Pâncreas;
- Músculos esqueléticos;
- Trato gastrointestinal;
- Sistema reprodutor.
Os receptores CB2 aparecem em quantidades muito inferiores no corpo.
Estes locais encontram-se principalmente no sistema imunológico, mas também aparecem em outras áreas importantes.
Os pesquisadores encontraram os receptores CB2 nas seguintes áreas do corpo:
- Células imunitárias;
- Trato gastrointestinal;
- Fígado;
- Células adiposas;
- Ossos;
- Sistema reprodutor;
- Mucosas;
- Células oculares.
Os canabinoides podem se ligar, bloquear ou moldar a atividade destes receptores, produzindo assim os efeitos terapêuticos desejados.
Como o canabidiol age no cérebro?
No cérebro, o CBD influencia as enzimas responsáveis pela degradação dos endocanabinoides, aumentando os níveis de anandamida
Paralelamente, o composto interage com outros receptores no cérebro, como o receptor 5-HT1A da serotonina, sugerindo efeitos ansiolíticos e antidepressivos.
Os pesquisadores descobriram que o canabidiol aumenta o fluxo sanguíneo no hipocampo, a área do cérebro responsável pela memória e pela aprendizagem.
Também foi descoberto a elevação de fluxo sanguíneo para a parte do cérebro responsável pela tomada de decisões.
Outro efeito do canabidiol no cérebro é a redução de inflamação, que está relacionada a doenças como Alzheimer, ansiedade, depressão e epilepsia.
Quanto tempo leva para o canabidiol fazer efeito?
O tempo necessário para o CBD produzir efeitos varia de uma pessoa para outra.
Também é preciso considerar a via de administração e dosagem na forma de medicamento.
A absorção sublingual, por exemplo, consiste em colocar o número de gotas prescritas pelos médicos embaixo da língua e deixá-las ali entre 60 a 90 segundos.
Assim, ele é absorvido pela membrana mucosa da boca, a parte mais mole que fica sobre a língua.
Além da absorção sublingual, é possível ingerir o óleo de CBD junto com alimentos ou simplesmente engolindo diretamente as gotas.
De qualquer forma, estima-se que, quando ingerido via oral ou na absorção sublingual, ele possa fazer efeito em cerca de 30 minutos a uma hora.
No entanto, a maneira mais rápida de obter os efeitos do canabidiol é inalando.
Seja através do fumo ou da vaporização, ele entra diretamente nas correntes sanguíneas, através dos pulmões.
Isso provoca uma resposta imediata no organismo, que pode gerar efeitos minutos seguintes.
Quando inalado, apresenta maior biodisponibilidade, podendo produzir efeitos dentro de apenas 5 minutos.
Quais plantas possuem canabinoides?
Historicamente, pensava-se que os canabinoides eram exclusivos da Cannabis.
Contudo, isto não é totalmente verdade, e há outras espécies vegetais capazes de produzir compostos muito semelhantes aos canabinoides.
Cerca de 104 espécies vegetais diferentes apresentam compostos canabinoides, embora em quantidades mínimas.
Quem não pode tomar CBD?
Assim como qualquer substância, o nosso organismo processa os componentes do CBD de forma diferente uns dos outros.
Algumas pessoas concentram uma maior quantidade de endocanabinoide que outros, por consequência, os efeitos são mais pronunciados.
Portanto, é importante consultar um profissional de saúde antes de iniciar o uso de CBD.
No geral, apesar de muito seguro, o CBD é contra-indicado para grávidas, amamentando, pessoas com problemas hepáticos ou que estão tomando medicamentos que podem interagir com o CBD.
Medicamentos e tratamentos podem produzir mudanças no metabolismo do canabidiol, o que pode influenciar nas respostas produzidas.
Além disso, indivíduos com alergias conhecidas aos componentes do CBD devem evitar seu uso.
O que é óleo de CBD?
O processo de extração do canabidiol leva a produzir um óleo rico em canabinoides, cujas concentrações variam, dependendo da espécie da planta e outros fatores.
Esse é o chamado óleo de CBD, utilizado para os mais variados fins, desde terapêuticos até nutricionais e estéticos.
Conclusão
O sistema endocanabinoide poderia perfeitamente ser considerado como uma das descobertas do século.
Como vimos ao longo deste conteúdo, se não soubéssemos nada sobre ele, desenvolveríamos doenças sem ao mesmo saber a causa.
É graças a este sistema também que podemos entender melhor os benefícios do canabidiol.
Além de eficaz, o canabidiol apresenta ainda outra vantagem considerável: seus poucos efeitos adversos.
Com o avanço da regulamentação no país, um novo horizonte se abre no Brasil para o uso dessa substância em condições de saúde.
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