“Em menos de sete dias, eu passei de um cara normal para um cara na cadeira de rodas sem função das pernas.” Entenda “normal” como alguém que nada dezenas de quilômetros na disputa de ultramaratonas aquáticas em mar aberto. Essa era a realidade de Paulo Bicudo, técnico de natação e atleta, até o final de 2020.
Em meio a pandemia de Covid 19, Bicudo contraiu o vírus, mas não apresentou nenhum tipo de sintoma grave. Recuperado, retornou aos treinos, mas logo percebeu que estava perdendo a força e a sensibilidade nas pernas. A situação evoluiu rápido e logo não podia mais andar.
“No momento inicial, os médicos acreditavam que pudesse ser algum tipo de resposta à Covid. No dia 17 de dezembro fui internado no hospital e, nos exames de imagem, os médicos encontraram uma hérnia entre as vértebras T8 e T9 (na altura do tórax).”
“Era uma hérnia que tinha uma compressão (na medula) significativa e meu médico disse que meu caso era complicado e tinha que fazer uma cirurgia para fazer a descompressão. Estava crescendo muito rápido, já perdeu a função nas pernas e vai começar a perder as funções que você ainda tem.”
Alto risco
Com a cirurgia, a expectativa era que pudesse reverter seu quadro ou, na pior das hipóteses, estabilizar a perda de movimentos nos membros inferiores. Mas tinha um porém:
“Tinha a questão do Covid. Os médicos ainda não sabiam muito a respeito e existia a possibilidade de eu estar na mesa cirúrgica e ter uma tromboembolia e vir a falecer em decorrência.”
O risco era grande, pois, para fazer a cirurgia, os médicos precisariam desativar a função de um dos seus pulmões para poder acessar o local da hérnia. “Eles disseram que, com um pulmão só, entubado, se tivesse a tromboembolia, a chance de sobreviver era nenhuma.”
Decidiu assumir o risco e os temores não se concretizaram. A cirurgia foi bem sucedida, a descompressão foi realizada e recuperou a função dos membros inferiores.
Dores absurdas
A boa notícia, no entanto, não significou o fim do sofrimento de Bicudo. “Minhas dores começaram no pós cirurgia. Como o acesso foi pela área central do tronco, eles tiveram que quebrar uma costela e tiveram que colocar uma placa com parafuso para fixar a costela.”
Somado a isso, apesar de não ter sofrido a temida tromboembolia, o procedimento gerou um derrame pleural. “Eu saí do hospital com 5 centímetros de líquido no pulmão, mas chegou a 12 centímetros logo após a cirurgia.”
Deu início ao processo de fisioterapia para recuperar a capacidade motora e o controle da marcha, que estavam prejudicados, e melhorar a questão respiratória. Em junho de 2021, foi liberado pelos médicos para retornar aos treinamentos.
“Mas as dores se mantiveram. Continuei tendo dores crônicas muito fortes. Muita dificuldade para dormir. E só cochilava uns 30 minutos por noite.”
Foi na fisioterapia, realizada na Care Club, que conheceu o triatleta e fundador do Atleta Cannabis, Fernando Paternostro.
“Meu médico cirurgião já tinha me falado a respeito da Cannabis, mas foi com o Fernando que me aprofundei nessa questão. Fiz uma consulta com o Roberto Beck que fez a prescrição e começou o tratamento para combater a dor e melhorar a qualidade do sono.”
De volta à cadeira de rodas
Porém, não deu tempo para sentir os benefícios. “Tive um segundo momento de paralisia e fui outra vez para a cadeira de rodas. Aí eu surtei. Caí em depressão porque veio na cabeça tudo o que eu passei na recuperação. Cirurgia, dores absurdas.”
“Eu não quis aceitar e eu entreguei. Acabou a energia, acabou a força de vontade. Quem acabou me carregando nesse processo foi a minha esposa. Foi a pessoa que me escorou para que eu pudesse pensar direito nas coisas e recomeçar. Eu comecei a recolocar as ideias no lugar e ver que era uma coisa pela qual eu tinha que passar.”
Os exames demonstraram que estava com sete hérnias na coluna, incluindo a que havia sido operada que, embora menor, voltou a pressionar a medula.
“Eu comecei a tomar os remédios pesados de novo. Tomar Tramal, Miosan, por exemplo, e essa medicação quase não fazia efeito para mim. Eu não percebia nenhum tipo de benefício já usando ela.”
Da cadeira de rodas para a piscina
Optou por um tratamento para a descompressão da coluna em um equipamento que traciona o corpo do paciente em direções opostas.
“O Roberto foi modulando a ingestão da Cannabis de uma maneira que eu pudesse me livrar dos remédios pesados até encontrar uma dosagem que permitia que eu dormisse e pudesse passar bem o meu dia.”
“A Cannabis foi de fundamental importância. Me ajudou demais. Se fosse colocar em números, minha dor hoje fica em quatro e cinco pontos de dez possíveis. Se não tomar a Cannabis, vai para nove. Se não fosse a Cannabis, eu não estaria fazendo um terço do que estou fazendo agora.”
“Ela me deixa muito mais tranquilo. Além do efeito na dor e no sono, ela me ajuda a pensar com um pouco mais de clareza nas coisas. Dirigir meu pensamento de uma forma mais lúcida.”
O tratamento somado a intensas sessões de fisioterapia já dão resultado. Bicudo voltou a andar, embora ainda esteja longe de estar 100% recuperado.
“Eu ainda tenho uma parestesia. Uma dormência que, ou está só na sola do pé, ou na perna até o joelho, ou no quadril. Varia bastante. A gente reduziu bastante na fisioterapia, mas eu ainda não deixei de lado. É um processo longo.”
Há cerca de um mês, Bicudo foi liberado a retornar aos treinamentos na piscina. “Eu não tenho nadado todos os dias. O processo é muito cauteloso. Depende muito da minha resposta no dia-a-dia para ver como está indo o processo.”
“Às vezes eu começo a fazer a série e no meio do treino sou obrigado a colocar flutuador e snorkel para minimizar a rotação de tronco e diminuir a sobrecarga nos músculos dos membros inferiores e conseguir completar a metragem.”
Do Leme ao Pontal
Mesmo com as dificuldades, Bicudo sonha alto. “Eu não consigo treinar por treinar. Eu preciso de um objetivo e aí que vem a história do Pontal, uma prova que eu sempre quis fazer.”
Foi assim que surgiu o projeto “Da Cadeira de rodas ao Pontal”, cujo objetivo é disputar a uma das mais tradicionais ultramaratonas aquáticas do País, a Travessia do Leme ao Pontal. São 35 quilômetros de nado em mar aberto percorrendo a orla da Zona Sul do Rio de Janeiro em outubro de 2023.
“Eu sempre amei o esporte. A natação sempre foi parte da minha vida. O esporte nem sempre é chegar em primeiro e ganhar troféu. o que move no esporte é a vontade de praticar aquela modalidade esportiva. Estou extremamente otimista que eu vou chegar lá preparadíssimo, tanto fisicamente quanto mentalmente.”
Para ele, seu principal desafio não é físico, mas financeiro. Para seguir firme na intensa rotina de treinos, precisa deixar um pouco o papel de treinador de lado. Para isso, está em busca de apoios e patrocínios.
Os interessados podem acompanhar passo-a-passo o projeto pelo instagram @dacadeiraderodasaopontal e entrar em contato com sua esposa, Camila Hauk, pelo telefone (11) 98686-6353.
“Minha preocupação é o quanto eu vou conseguir de suporte financeiro para tirar esse sonho do papel.”
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