Você provavelmente já ouviu falar da doença de Crohn, mas pode não estar familiarizado com muitos detalhes sobre ela.
O nome é um tanto peculiar, pois é derivado do médico e pesquisador norte-americano Burrill Crohn.
Em 1932, juntamente com seus colegas, ele identificou vários casos dessa enfermidade, embora o escocês Kennedy Dalziel já tivesse publicado estudos sobre ela quase 20 anos antes, em 1913.
A doença de Crohn é um problema inflamatório crônico que afeta o sistema digestivo e causa uma variedade de sintomas. Por ser uma condição bastante desconfortável, é preciso se informar bem sobre ela.
Portanto, neste texto, iremos detalhar as diferentes manifestações da condição, suas origens, complicações, riscos, bem como os métodos de diagnóstico e os tratamentos disponíveis, incluindo opções como a Cannabis medicinal.
Continue lendo para obter informações completas sobre a doença de Crohn e aprender sobre:
- O que é a doença de Crohn?
- Qual é a causa da doença de Crohn?
- 5 sintomas da doença de Crohn
- Quais são os riscos da doença de Crohn?
- Doença de Crohn na gravidez
- Como funciona o diagnóstico da doença de Crohn?
- Como saber se tenho a doença de Crohn?
- Doença de Crohn pode ser tratada com Cannabis?
- Como funciona a dieta na doença de Crohn?
- Perguntas frequentes sobre a doença de Crohn
Doença de Crohn: o que é?
A doença de Crohn é uma condição inflamatória crônica que afeta principalmente o trato gastrointestinal. Ela faz parte de um grupo de doenças chamadas de doenças inflamatórias intestinais (DII).
O mecanismo exato da doença de Crohn ainda não é completamente compreendido, mas acredita-se que seja o resultado de uma interação complexa entre fatores genéticos, imunológicos e ambientais.
No caso da doença de Crohn, o sistema imunológico do indivíduo reage de forma anormal ao trato gastrointestinal, desencadeando uma resposta inflamatória crônica. A inflamação ocorre em qualquer parte do trato gastrointestinal, desde a boca até o ânus.
Duas partes do sistema digestivo são comumente atingidas pela doença de Crohn: o íleo terminal, localizado na parte inferior do intestino delgado e intestino grosso, e o cólon.
Por meio de um processo inflamatório bastante invasivo, ela pode trazer consequências a todas as camadas da parede intestinal, desde a mucosa e a submucosa até a parte muscular e serosa.
O mecanismo subjacente envolve uma resposta imunológica desregulada em que células do sistema imunológico infiltram a parede intestinal e liberam substâncias inflamatórias, como citocinas e quimiocinas.
Essas substâncias causam danos às células intestinais, resultando em sintomas como diarreia crônica, dor abdominal, perda de peso, fadiga e outros problemas relacionados ao sistema digestivo.
A doença de Crohn também pode levar a complicações graves, como obstrução intestinal, formação de fístulas (conexões anormais entre órgãos) e abscessos.
Além disso, a doença pode afetar outras partes do corpo fora do trato gastrointestinal, como articulações, pele, olhos e fígado.
Complicações da doença de Crohn
Há uma série de complicações causadas pela doença de Crohn. Quando a doença de Crohn atinge o cólon, é chamada de colite de Crohn.
Há uma tendência de que essa enfermidade afete o intestino delgado de pelo menos 35% das pessoas acometidas pela condição.
Em torno de 20% dos pacientes desenvolvem problemas no intestino grosso, enquanto até 45% dos doentes sofrem consequências em ambos.
Algumas complicações podem envolver até mesmo o aparecimento de artrite, abscessos e fístulas, o que facilita o surgimento de infecções.
Obstruções intestinais, cálculos vesiculares e fissuras são outras características, assim como sangramento retal e perfuração intestinal, que também podem ocorrer.
Qual a incidência dessa doença no Brasil?
Estima-se que a doença de Crohn afete cerca de 1,2 milhão de pessoas no Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Coloproctologia. A incidência tem aumentado gradualmente ao longo dos anos, especialmente entre os jovens adultos.
Sabe-se também que a incidência é semelhante em homens e mulheres, principalmente em quem tem entre 20 e 40 anos.
No entanto, nos fumantes, o risco é ainda maior. E o pior: essa enfermidade é um grande fator de risco para que o paciente desenvolva câncer de intestino.
Quais as diferenças entre a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa?
A doença de Crohn e a retocolite ulcerativa são duas doenças inflamatórias intestinais (DII) que afetam o trato gastrointestinal, mas possuem algumas diferenças distintas.
A doença de Crohn pode afetar qualquer parte do sistema digestivo, desde a boca até o ânus, enquanto a retocolite ulcerativa se restringe ao cólon e ao reto.
Em relação aos sintomas, tanto a doença de Crohn quanto a retocolite ulcerativa podem causar diarreia, dor abdominal, perda de peso, fadiga e sangramento retal.
No entanto, a doença de Crohn pode apresentar sintomas adicionais, como úlceras na boca, fístulas, abscessos e obstrução intestinal, que não são comuns na retocolite ulcerativa.
Quanto à inflamação, na doença de Crohn, ela ocorre em áreas específicas do trato gastrointestinal, deixando áreas saudáveis intercaladas.
Já na retocolite ulcerativa, a inflamação é contínua e afeta principalmente o revestimento interno do cólon e do reto.
No que diz respeito ao diagnóstico, ambos os distúrbios são avaliados por meio de exames, como colonoscopia, endoscopia, exames de sangue e imagens do trato gastrointestinal. No entanto, a localização e a aparência das inflamações podem diferir entre as duas doenças.
Quanto ao tratamento, a abordagem varia dependendo da gravidade e do local afetado. Medicamentos anti-inflamatórios, imunossupressores e terapias biológicas são comumente usados para controlar os sintomas e reduzir a inflamação em ambas as doenças.
Em alguns casos mais graves, pode ser necessária cirurgia para remover parte do intestino afetado.
Tanto a doença de Crohn quanto a retocolite ulcerativa são doenças crônicas e exigem acompanhamento médico regular para gerenciar os sintomas e minimizar as complicações.
Cada pessoa pode ter uma experiência única com essas doenças, e o tratamento deve ser personalizado de acordo com suas necessidades individuais.
Qual é a causa da doença de Crohn?
A causa exata da doença de Crohn ainda não é completamente compreendida. No entanto, existem várias teorias sobre os fatores que podem desempenhar um papel no seu desenvolvimento.
Acredita-se que a doença de Crohn seja uma doença autoimune, o que significa que o sistema imunológico ataca erroneamente as células saudáveis do trato gastrointestinal. Isso leva a uma resposta inflamatória crônica e danos aos tecidos do intestino.
Também não se descarta a própria composição genética do indivíduo, além de vírus, bactérias, fatores ambientais ou dietéticos.
A seguir, detalhamos melhor cada um desses pontos..
Sistema imunológico
A principal suspeita em relação às causas que levam à doença de Crohn está ligada ao sistema imunológico.
Por meio de uma disfunção nesse sistema, que é fundamental para manter as defesas do organismo em dia e, assim, resguardar o corpo de possíveis infecções e enfermidades.
Acredita-se que essa resposta imunológica anormal seja causada por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e microbiológicos.
A presença de certos genes pode predispor uma pessoa a desenvolver a doença de Crohn, e a interação desses genes com fatores ambientais desencadeadores pode levar à ativação do sistema imunológico.
No caso da doença de Crohn, a resposta imunológica leva à produção excessiva de substâncias inflamatórias, como citocinas, que estimulam a inflamação no intestino.
Isso resulta na formação de úlceras, danos ao tecido intestinal e sintomas característicos da doença, como dor abdominal, diarreia e sangramento retal.
Além disso, a inflamação crônica no intestino pode levar a uma resposta imunológica contínua e persistente, mesmo na ausência de invasores estrangeiros.
Esse fator contribui para a natureza crônica da doença de Crohn, com períodos de atividade inflamatória (chamados de surtos ou crises) alternados com períodos de remissão.
Genética
As pesquisas sugerem que a composição genética de um indivíduo pode desencadear a doença de Crohn.
Em 2006, foi apresentado o estudo A Genome-Wide Association Study Identifies IL23R as an Inflammatory Bowel Disease Gene (Um estudo de associação em todo o genoma identifica IL23R como uma doença inflamatória intestinal).
Nele, cientistas canadenses e norte-americanos indicam mutações no gene IL23R, do cromossomo 1p31.
Essas mutações podem estar ligadas a questões que envolvem maiores ou menores riscos de uma pessoa desenvolver transtornos inflamatórios no intestino.
Dessa forma, os cientistas estudam uma maneira de evitar que a doença de Crohn prossiga como uma enfermidade crônica, ou seja, sem cura, apenas controlada por meio de medicamentos.
Vírus ou bactéria
Outra hipótese levantada por especialistas é a de que a doença de Crohn possa ser causada por infecções virais ou bacterianas.
Isso quer dizer que algum vírus ou bactéria pode gerar uma reação inflamatória que desencadeia a condição no organismo.
Esse problema tende a ocorrer principalmente nas paredes do intestino, levando a enfermidade a se tornar crônica.
Os cientistas acreditam que o agente propulsor seja o complexo Mycobacterium avium, que acarreta em doenças respiratórias e sistêmicas.
Esse agente pode ser encontrado na água, por exemplo, e, se inalado por pessoas imunodeficientes, leva ao desenvolvimento de tal condição.
Fatores ambientais
A questão relacionada aos aspectos ambientais para o surgimento de determinada enfermidade ocorre, basicamente, conforme o estilo de vida do indivíduo.
Ou seja, nos países ocidentais, muitas vezes em razão de um estilo de vida desregrado, associado à abundância no consumo de alimentos pesados e gordurosos, o índice de condições inflamatórias intestinais têm aumentado nos últimos anos.
Há, portanto, uma série de fatores ambientais que podem levar ao desenvolvimento da doença de Crohn.
Entre eles, a dieta alimentar (explicada a seguir), além do tabagismo e da exposição à poluição (especialmente em grandes cidades).
Dieta
O estudo Fatores ambientais associados ao desenvolvimento de Doença Inflamatória Intestinal indica que o consumo elevado de proteína animal tem sido associado cada vez mais à possibilidade de desenvolvimento de doenças inflamatórias intestinais.
O risco seria ainda maior devido à ingestão de carne vermelha em comparação à de carnes brancas e processadas, embora isso não esteja totalmente esclarecido.
As gorduras trans também podem influenciar no desenvolvimento de inflamações intestinais. Esse tipo de gordura também é encontrado em produtos de origem animal, a exemplo do leite.
Por outro lado, a ingestão de fibras, vegetais e frutas têm propriedades anti-inflamatórias. Ricos em antioxidantes, esses alimentos ajudam a prevenir uma possível inflamação do aparelho digestivo.
5 sintomas da doença de Crohn
O paciente portador da doença de Crohn costuma apresentar dores abdominais, cólicas intestinais e diarreia. As fezes também podem vir junto com sangramentos ou muco.
E tudo isso leva a uma série de consequências, como perda de peso, fraqueza (anemia), febre, vômito e náusea.
Por um lado, a forma mais leve da doença pode trazer dor e diarreia brandas, que quase nem são notadas.
Já os resultados de uma inflamação mais grave podem levar a abscessos ou até à obstrução e perfuração da região intestinal.
Esses sintomas podem ser imprevisíveis, ocorrendo em períodos de surto e remissão, o que torna a doença de Crohn especialmente desafiadora para os pacientes.
Os surtos podem ser intensos, causando desconforto significativo e limitando as atividades diárias.
A seguir, confira os cinco sintomas mais comuns apresentados por quem tem a doença de Crohn.
1. Dor abdominal
Já que a inflamação ocorre no sistema digestivo, nada mais comum do que sentir dores abdominais ao desenvolver a doença de Crohn.
Então, tenha atenção aos sinais: a dor abdominal pode vir acompanhada de cólicas intestinais, que causam dores ainda mais fortes em determinadas regiões.
2. Diarreia
A doença de Crohn pode causar diarreia devido a vários mecanismos relacionados à inflamação crônica no trato gastrointestinal.
Essa inflamação afeta a função normal do intestino e pode levar a distúrbios na absorção de água e nutrientes, resultando em fezes soltas e frequentes.
Quando o intestino está inflamado na doença de Crohn, ocorre um aumento da permeabilidade intestinal.
O que pode levar à perda de líquidos para o intestino e dificultar a absorção adequada de água. Isso contribui para a consistência líquida das fezes e para a ocorrência de diarreia.
Além disso, a inflamação pode causar alterações na motilidade intestinal, que é o movimento coordenado do intestino para transportar os alimentos digeridos ao longo do trato gastrointestinal.
Outro fator que pode contribuir para a diarreia na doença de Crohn é a presença de úlceras e feridas no revestimento intestinal.
Essas lesões podem interferir na capacidade do intestino de reabsorver líquidos, levando a um aumento na passagem de água para as fezes e diarreia.
É importante ressaltar que a gravidade e a frequência da diarreia na doença de Crohn podem variar de pessoa para pessoa, dependendo da extensão e da atividade da doença.
Esse é um problema que, tal qual a doença de Crohn, pode se transformar em algo crônico e vir acompanhada de sangue, a partir do momento em que o intestino grosso já esteja bastante afetado.
3. Perda de peso
A doença de Crohn pode levar à perda de peso devido a vários fatores associados à inflamação crônica no trato gastrointestinal e às alterações na absorção de nutrientes.
Em primeiro lugar, a inflamação presente na doença de Crohn afeta a vilosidades intestinais, que são responsáveis pela absorção de nutrientes.
Como resultado, os nutrientes essenciais, como proteínas, carboidratos e gorduras, não são absorvidos de maneira eficiente, levando à perda de peso.
Além disso, a diarreia crônica, um sintoma comum da doença de Crohn, contribui para a perda de peso.
A diarreia frequente leva à eliminação de grandes quantidades de fezes, juntamente com água e nutrientes, resultando em uma diminuição na ingestão calórica efetiva e, consequentemente, na perda de peso.
Outros fatores que podem contribuir para a perda de peso na doença de Crohn incluem diminuição do apetite devido à dor abdominal que limita a ingestão de alimentos e aumento do gasto energético devido à resposta inflamatória do corpo.
É importante abordar a perda de peso na doença de Crohn, pois a desnutrição e a perda excessiva de peso podem levar a complicações adicionais e comprometer a saúde geral dos pacientes.
Uma abordagem nutricional adequada, incluindo suplementação nutricional e ajustes na dieta, pode ser necessária para ajudar a controlar a perda de peso e garantir a ingestão adequada de nutrientes.
4. Dificuldades para absorver nutrientes
Como vimos, as dores, a diarreia e a febre podem levar à fraqueza (anemia) e consequente perda de peso.
E um dos motivos para tudo isso é a dificuldade que o organismo encontra em absorver vitaminas e nutrientes dos alimentos.
Com o sistema digestivo inflamado, a distribuição do que foi ingerido não é feita corretamente, o que acarreta em problemas em outras partes do corpo, como infecções no trato urinário e cálculos renais.
5. Outros sintomas
Como é considerada uma condição crônica, mas também sistêmica, isto é, que atinge outras partes do corpo, é preciso ter atenção aos sinais caso você descubra que é portador da doença de Crohn.
Uma das consequências dessa enfermidade é um possível inchaço – assim como dores – nas articulações, o que pode levar à artrite, além de crises de afta, erupções cutâneas (problemas sérios na pele) e inflamações oculares.
Todos esses sintomas evoluem conforme a gravidade do quadro da doença. Como resultado dessa condição crônica, outros males que também podem acometer os pacientes são as pedras nos rins e na vesícula.
A dor abdominal e as frequentes idas ao banheiro podem afetar a capacidade de trabalho, o sono adequado, a participação em atividades sociais e a qualidade geral de vida.
Além dos sintomas físicos, a doença de Crohn também pode ter um impacto emocional e psicológico nos pacientes.
A constante preocupação com a saúde, a incerteza dos sintomas e a necessidade de ajustar a dieta e o estilo de vida podem gerar estresse, ansiedade e depressão.
Quais são os riscos da doença de Crohn?
De acordo com o que já vimos, vale a pena reforçar: os riscos da doença de Crohn são muitos, principalmente por se tratar de uma enfermidade crônica, que não tem cura e nem diagnóstico certeiro da sua origem.
As dores abdominais, a diarreia e a febre, que aparecem no início, podem desencadear uma série de consequências capazes de se tornar problemas ainda mais graves.
Cálculos renais, anemia, pedras nos rins e na vesícula são algumas das complicações que o paciente pode ter.
Em casos mais graves, a doença de Crohn pode ser uma porta de entrada para o câncer em algum órgão do sistema digestivo.
Doença de Crohn na gravidez
A doença de Crohn pode apresentar desafios adicionais durante a gravidez. Embora cada caso seja único, algumas considerações importantes devem ser feitas para garantir a saúde e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê.
Uma das principais preocupações é a influência da doença de Crohn na fertilidade. Embora a doença em si não cause infertilidade, algumas mulheres com Crohn podem ter maior dificuldade para engravidar.
Além disso, as mulheres que estão planejando engravidar devem discutir com seus médicos a necessidade de ajustes nos medicamentos que estão tomando, já que alguns podem não ser seguros durante a gravidez.
Durante a gestação, muitas mulheres com doença de Crohn experimentam uma melhora nos sintomas, especialmente durante o segundo trimestre.
No entanto, outras mulheres podem apresentar um agravamento dos sintomas ou ter um maior risco de complicações, como parto prematuro, baixo peso ao nascer ou problemas de crescimento fetal.
Por esse motivo, é crucial um acompanhamento médico rigoroso para monitorar a saúde tanto da mãe quanto do bebê.
A escolha do tratamento para a doença de Crohn durante a gravidez requer uma cuidadosa avaliação dos riscos e benefícios.
Alguns medicamentos utilizados para controlar a doença podem ser seguros durante a gravidez, enquanto outros devem ser evitados devido aos possíveis efeitos colaterais.
Além disso, a nutrição desempenha um papel importante no manejo da doença de Crohn durante a gravidez. É essencial garantir uma dieta equilibrada e adequada para promover a saúde materna e fetal.
Algumas mulheres podem precisar de suplementos nutricionais para garantir a ingestão adequada de nutrientes, especialmente se tiverem dificuldade em absorver nutrientes devido à inflamação intestinal.
Como funciona o diagnóstico da doença de Crohn?
Há pelo menos quatro tipos de exames que o paciente pode fazer para descobrir se tem a doença de Crohn: sangue, fezes, diagnóstico por imagem e colonoscopia.
No entanto, em primeiro lugar, é preciso ressaltar que não há testes laboratoriais específicos que determinem se uma pessoa tem ou não a enfermidade.
O exame de sangue, porém, pode identificar uma série de fatores capazes de levar ao diagnóstico da condição, a exemplo da anemia (baixa quantidade de ferro no sangue), do alto número de leucócitos (o que indica inflamação) ou do nível de proteína.
Dessa forma, o médico vai identificar se o paciente está absorvendo nutrientes e vitaminas de maneira adequada.
Já o exame de fezes pode ser solicitado caso o indivíduo apresente diarreia. Assim, é possível averiguar e, ao mesmo tempo, descartar infecções.
Por sua vez, os de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética, podem exibir ou indicar prováveis origens da inflamação e, consequentemente, das dores.
Nos resultados, podem aparecer bloqueios, fístulas ou abscessos que causam a dor no indivíduo que tem doença de Crohn.
Por fim, a colonoscopia é utilizada mais comumente em pacientes com diarreia, mas sem tanta dor abdominal.
O exame é feito por meio de um tubo com visualização do intestino grosso e biópsia para posterior análise microscópica.
Como saber se tenho a doença de Crohn?
Alguns dos primeiros sintomas da doença de Crohn podem demorar meses ou até anos para se manifestar.
Tudo depende, portanto, da gravidade da inflamação e como ela se desenvolve com o tempo. Mais uma vez, é fundamental ter atenção aos sinais.
Caso você tenha necessidade urgente para defecar e apresente diarreia com muco e sangue, às vezes acompanhada de febre baixa (até 38 graus) e dor de cabeça, há possibilidade de ser doença de Crohn. A recomendação, então, é procurar um médico.
Qual exame de sangue detecta a doença de Crohn?
Não há um exame de sangue específico que possa diagnosticar definitivamente a doença de Crohn.
No entanto, certos exames de sangue podem fornecer informações úteis no contexto do diagnóstico e monitoramento da doença.
Os exames de sangue comumente solicitados para auxiliar no diagnóstico da doença de Crohn incluem:
Exames de sangue para avaliar a inflamação
Os marcadores de inflamação, como a proteína C reativa (PCR) e a velocidade de sedimentação de eritrócitos (VHS), podem estar elevados em pessoas com doença de Crohn ativa.
Esses exames podem ajudar a identificar a presença e a intensidade da inflamação no corpo.
Exames para avaliar a anemia
A doença de Crohn pode levar a deficiências de nutrientes e à anemia, especialmente devido à má absorção de ferro e à perda de sangue nas fezes.
Os exames de sangue que medem os níveis de hemoglobina, ferritina e ferro podem indicar se há anemia presente e ajudar a determinar a necessidade de suplementação de ferro.
Exames para avaliar a função hepática
Em alguns casos, a doença de Crohn pode afetar o fígado, levando a anormalidades na função hepática.
Exames de sangue que avaliam os níveis de enzimas hepáticas, como a alanina aminotransferase (ALT) e a aspartato aminotransferase (AST), podem ser solicitados para monitorar a função hepática.
É importante ressaltar que o diagnóstico definitivo da doença de Crohn geralmente requer uma combinação de vários métodos, além da análise dos sintomas clínicos e histórico médico do paciente.
Tratamentos para doença de Crohn
Como ainda não existe uma cura para a doença de Crohn, a intervenção costuma ser especificada conforme a fase e a evolução da enfermidade no corpo do paciente.
Dessa forma, o principal objetivo dos recursos terapêuticos tradicionais é tentar aliviar os sintomas de dor e desconforto sentidos pelo paciente.
O tratamento da doença de Crohn geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, combinando medicamentos, terapias e mudanças no estilo de vida.
Os medicamentos desempenham um papel fundamental no controle dos sintomas e na redução da inflamação. Os tipos de medicamentos prescritos podem incluir:
- Aminossalicilatos: são usados para tratar sintomas leves a moderados e ajudam a reduzir a inflamação no intestino.
- Corticosteroides: podem ser usados para tratar crises agudas e ajudam a reduzir a inflamação rapidamente, mas não são recomendados para uso a longo prazo devido aos efeitos colaterais.
- Imunomoduladores: modificam a resposta imunológica do corpo para diminuir a inflamação crônica. Podem ser utilizados para reduzir a necessidade de corticosteroides ou manter a remissão.
- Agentes biológicos: são medicamentos que direcionam proteínas específicas do sistema imunológico, ajudando a reduzir a inflamação. Esses medicamentos são administrados por via intravenosa ou por injeção.
Além dos medicamentos, algumas terapias podem ser recomendadas para auxiliar no tratamento da doença de Crohn. Essas terapias podem ser:
- Terapia nutricional: envolve o uso de dietas específicas, suplementos e aconselhamento nutricional para controlar a inflamação e manter a nutrição adequada.
- Cirurgia: em casos graves em que os medicamentos não são eficazes ou há complicações, a cirurgia pode ser necessária para remover partes danificadas do intestino ou tratar outras complicações.
- Terapia biológica: além de serem utilizados como medicamentos, os agentes biológicos também podem ser usados para tratar a doença de Crohn.
Doença de Crohn pode ser tratada com Cannabis?
O papel da Cannabis na doença de Crohn é atribuído principalmente por sua capacidade de reduzir a inflamação.
Na doença de Crohn, o sistema imunológico reagirá às células que considera prejudiciais. Durante este processo, citocinas pró-inflamatórias são liberadas, aumentando o número de células imunes e, assim, reforçando a inflamação.
Numerosos estudos científicos sobre a Cannabis demonstram as suas propriedades anti-inflamatórias, o seu papel como regulador do sistema imunológico e a sua influência na homeostase (capacidade do corpo de manter o equilíbrio).
A Cannabis inibe a produção citocinas envolvidas na inflamação e aumenta a produção de citocinas anti-inflamatórias, diminuindo a inflamação e limitando os danos na doença de Crohn.
O uso da Cannabis leva à ativação de receptores endocanabinoide CB2 localizados no sistema imunológico.
Assim, também permite modular a resposta imunológica e diminuir a incidência de novos surtos da doença.
A oxidação também está envolvida na doença de Crohn. Esta é uma fonte adicional de inflamação porque produz radicais livres que danificam as células.
A Cannabis, portanto, é um antioxidante que elimina os radicais livres, previne a inflamação e protege os tecidos do trato gastrointestinal de danos adicionais.
A Cannabis também promove a capacidade natural do corpo de regular o trato intestinal, aumentando os níveis de anandamida, que pode ajudar na regulação do trato digestivo.
Por fim, outro efeito conhecido do CBD é a sua ação analgésica. A dor é um sintoma comum na vida de pacientes com doença de Crohn ou outra DII.
No entanto, a Cannabis tem propriedades anti-inflamatórias e analgésicas que aliviam a dor sem o risco de efeitos colaterais graves.
Precisamente, através da ativação dos receptores endocanabinoides CB1 e CB2, a Cannabis tem uma ação analgésica sobre a dor inflamatória e neuropática.
Quais estudos comprovam a eficácia da Cannabis medicinal para Crohn?
A doença de Crohn afeta as habilidades motoras gastrointestinais (a capacidade de um corpo de mover seus alimentos no trato digestivo), levando à hipermotricidade inflamatória, razão pela qual a diarreia é comum.
De acordo com o estudo Cannabidiol, extracted from Cannabis sativa, selectively inhibits inflammatory hypermotility in mice, o CBD atua no trato intestinal, retardando as contrações musculares.
Para isso, o CBD tem uma ação de supressão de um neurotransmissor chamado ACh e ativa os receptores opiáceos. Os receptores opiáceos são conhecidos por afetar a capacidade motora intestinal e retardar as contrações musculares.
Assim, pode ajudar a controlar a diarreia e prevenir a deficiência de nutrientes devido à má absorção.
Outra pesquisa, intitulada Cannabis Induces a Clinical Response in Patients With Crohn’s Disease: A Prospective Placebo-Controlled Study, publicada em 2013, aponta que o uso de produtos à base de Cannabis produziu reações positivas em 10 entre 11 pacientes, sem efeitos colaterais.
Durante o estudo, 21 pacientes com Doença de Crohn que não respondiam à terapia com medicamentos foram estudados.
Os pacientes foram designados aleatoriamente para grupos que receberam Cannabis, duas vezes ao dia, na forma de cigarros contendo 115 mg de Δ9-tetrahidrocanabinol (THC) ou placebo.
A atividade da doença e os testes laboratoriais foram avaliados durante 8 semanas de tratamento e 2 semanas depois.
Ao final do estudo, o grupo que recebeu THC produziu benefícios clínicos significativos em comparação com o grupo placebo, sem efeitos colaterais.
Onde e como iniciar um tratamento com Cannabis medicinal?
Para iniciar um tratamento com Cannabis medicinal, você precisa de uma prescrição médica. Através do site Cannabis & Saúde, você encontra médicos prescritores que estão prontos para te avaliar e, se necessário, indicar um plano de tratamento personalizado a você.
Durante a consulta, discuta suas condições médicas, histórico de tratamento e sintomas. Esteja preparado para compartilhar informações relevantes sobre sua saúde.
Com isso, o médico avaliará sua elegibilidade para o tratamento com Cannabis medicinal. Eles podem solicitar exames adicionais, se necessário.
Se o médico determinar que o tratamento com Cannabis medicinal é apropriado para você, ele emitirá uma receita ou uma autorização para que você possa adquirir a cannabis em uma farmácia ou dispensário autorizado.
Siga as orientações do médico em relação à dosagem, frequência e forma de uso da Cannabis medicinal.
Por fim, ao iniciar o tratamento, monitore seus sintomas e informe seu médico sobre qualquer efeito colateral ou mudanças na condição.
É sempre interessante manter uma comunicação regular com seu médico para ajustes no tratamento, se necessário.
Lembre-se de que a Cannabis medicinal deve ser utilizada sob a supervisão de um médico especializado. E é fundamental seguir todas as leis e regulamentos aplicáveis em sua localidade.
Então, conte com a ajuda dos profissionais do Portal Cannabis & Saúde para isso!
Como funciona a dieta na doença de Crohn?
Como o intestino ou alguma parte do sistema digestivo está inflamada, todo cuidado é pouco com o que se ingere em termos de alimentos, sejam sólidos, sejam líquidos.
Desse modo, fica claro que o maior objetivo da alimentação no processo de melhora em relação à doença de Crohn é manter distância da desnutrição e evitar a qualquer custo a irritação intestinal.
Alguns dos alimentos que podem ser consumidos são:
- Peixe (atum, sardinha ou salmão);
- Carboidratos, como arroz, batata e massas;
- Carnes magras (frango);
- Legumes cozidos;
- Frutas sem casca e cozidas (maçã e banana, além de abacate);
- Produtos lácteos (caso o paciente não seja intolerante à lactose);
- Azeite de oliva.
Por outro lado, o que deve ser evitado inclui:
- Carne de porco e outras carnes pesadas e gordurosas;
- Doces, como chocolate e biscoitos de massa folhada;
- Frituras;
- Gorduras;
- Bebidas alcoólicas;
- Café;
- Refrigerante;
- Aveia;
- Mel;
- Açúcar;
- Mamão;
- Verduras cruas;
- Frutas com casca.
É sempre recomendado consultar um nutricionista para informações mais precisas e personalizadas à sua condição.
Perguntas frequentes sobre a doença de Crohn
A doença de Crohn é uma condição crônica e complexa que pode gerar muitas dúvidas. Abaixo estão algumas perguntas frequentes sobre essa doença e suas respostas:
1. Quanto tempo vive uma pessoa com a doença de Crohn?
A expectativa de vida das pessoas com doença de Crohn é geralmente semelhante à da população em geral.
No entanto, a doença pode variar em gravidade e sintomas, e o tratamento adequado é fundamental para controlar a condição e garantir uma boa qualidade de vida.
2. Pessoas com doença de Crohn podem tomar vacina?
Sim, em geral, pessoas com doença de Crohn podem receber vacinas. É importante consultar o médico para verificar quais vacinas são recomendadas e adequadas para cada paciente, pois o tratamento específico e o estado imunológico individual podem influenciar essa decisão.
3. Principais recomendações para quem tem doença de Crohn
Algumas recomendações gerais para quem tem doença de Crohn incluem: seguir uma dieta equilibrada e adequada às necessidades individuais e evitar alimentos desencadeantes de sintomas.
Além disso, é preciso tomar a medicação prescrita conforme orientação médica, manter um estilo de vida saudável, gerenciar o estresse e procurar apoio emocional.
4. Por que o Crohn emagrece?
A perda de peso pode ocorrer em pessoas com doença de Crohn devido a vários fatores. A inflamação crônica no trato digestivo pode interferir na absorção adequada de nutrientes, levando à má nutrição e perda de peso.
Além disso, a presença de sintomas como diarreia, dor abdominal e falta de apetite também pode contribuir para a perda de peso.
5. Quem tem Crohn pode pegar peso?
Sim, pessoas com doença de Crohn podem praticar exercícios de levantamento de peso, desde que sejam realizados com cuidado e considerando o estado de saúde individual.
O exercício físico, incluindo o treinamento com pesos, pode trazer benefícios para pessoas com doença de Crohn, como melhora da força muscular, aumento da densidade óssea, redução do estresse e melhor controle dos sintomas.
No entanto, é importante que cada pessoa com doença de Crohn avalie suas limitações e consulte seu médico antes de iniciar qualquer programa de exercícios.
O médico poderá avaliar o estado atual da doença, a gravidade dos sintomas, a condição física e fornecer orientações específicas.
Além disso, é recomendado que a prática de exercícios seja gradual, com aumento progressivo da intensidade e da carga de peso.
Em alguns casos, durante períodos de atividade inflamatória intensa da doença de Crohn, pode ser necessário ajustar ou limitar temporariamente a prática de exercícios intensos. Portanto, é essencial estar em contato regular com a equipe médica para adaptar o plano de exercícios de acordo com as necessidades individuais.
Conclusão
Como vimos, a doença de Crohn pode trazer uma série de complicações ao sistema digestivo.
Dores e incômodos intermitentes, febre, diarreia e, por consequência, outras enfermidades, são apenas alguns dos problemas.
Portanto, alimentar-se adequadamente e manter uma rotina disciplinada de exames médicos são atitudes que ajudam a evitar o diagnóstico de doença de Crohn.
Além disso, procurar um especialista previne que você desenvolva condições futuras ainda mais graves, como pedra nos rins, na vesícula e até mesmo câncer, devido ao comprometimento da parede intestinal.
Cuide-se. Procure um médico. Informe-se e leia sobre novos estudos divulgados em relação à doença de Crohn e ao tratamento com Cannabis medicinal.
Então, siga acompanhando o portal Cannabis & Saúde e fique sempre por dentro das novidades!