A artrite reumatoide é uma doença crônica e autoimune que acomete cerca de 1% da população mundial. Somente no Brasil, 2 milhões de brasileiros sofrem com a doença. E é importante conhecer os meios de tratamento, inclusive a alternativa do canabidiol (CBD) para artrite reumatóide.
Apesar de aflingir milhões de pessoas ao redor do globo, ainda não há cura para a artrite reumatoide. Além disso, os tratamentos convencionais em sua maioria apenas buscam reduzir a dor causada pela inflamação.
Contudo, diversos institutos buscam a síntese de moléculas através do desenho racional de fármacos.
Por outro lado, moléculas biodisponíveis também vêm sendo investigadas. Afinal, há uma tendência mundial pelo uso da biodiversidade como fonte de tratamento para doenças.
Dessa forma, o tratamento com CBD mostra-se uma boa alternativa. Afinal, a administração do CBD resulta em baixo índice de efeitos colaterais, além de não causar danos aos hepatócitos (células do fígado).
Em suma, aqui iremos te explicar o que é a artrite reumatoide, seus tratamentos convencionais e como ocorre o diagnóstico da doença. Mais importante ainda, você poderá compreender como e porque o CBD tem se tornado uma alternativa para milhares de pessoas (de vários países) que sofrem de artrite reumatoide.
O que é artrite reumatoide?

A artrite reumatoide é uma doença inflamatória que age de forma sistêmica. Isto é, no curso da doença há a promoção de resposta inflamatória em todas as articulações. Essa inflamação, por si, resulta em dores ao longo de todo o corpo.
Essa doença é caracterizada como crônica porque é uma doença na qual os sintomas são progressivos e, em seu caso, não possui cura.
Apesar de ser uma doença crônica, isso não quer dizer que o indivíduo está em constante dor todos os dias. As doenças crônicas são caracterizadas por serem um “misto” entre fase aguda (com sintomas) e remissão (momentos sem dor).
Usualmente, os sintomas da doença aparecem em indivíduos adultos com mais de 40 anos. Além disso, a artrite reumatoide é reportada em sua maioria por mulheres na pré-menopausa.
Contudo, essa não é via de regra e os sintomas podem iniciar ainda na primeira fase da vida adulta, aos 25 anos.
Inclusive, estudos preliminares demonstraram que pacientes que desenvolvem a doença de forma mais tardia apresentam um quadro mais brando e benigno da doença. Inclusive, tanto a progressão da doença quanto a resposta ao tratamento convencional podem estar relacionados com a idade de início da doença.
Além disso tudo, como você viu antes, a artrite reumatoide é uma doença que não tem cura. Por isso, seu tratamento convencional é realizado utilizando algumas classes medicamentosas específicas.
Como a doença afeta o corpo?
Como já salientamos aqui, a artrite reumatoide prejudica principalmente as articulações. Em fases agudas da doença, o indivíduo começa a sentir muitas dores. Além disso, é possível perceber um inchaço e uma rigidez nas áreas doloridas.
Os sinais e sintomas da artrite reumatóide podem incluir:
- Articulações sensíveis, quentes e inchadas
- Rigidez articular que geralmente é pior pela manhã e após inatividade
- Fadiga, febre e perda de apetite
A artrite reumatoide precoce tende a afetar primeiro as articulações menores – particularmente as articulações que prendem os dedos das mãos e os dedos dos pés aos pés.
À medida que a doença progride, os sintomas geralmente se espalham para os pulsos, joelhos, tornozelos, cotovelos, quadris e ombros. Na maioria dos casos, os sintomas ocorrem nas mesmas articulações em ambos os lados do corpo.
Cerca de 40% das pessoas que têm artrite reumatóide também apresentam sinais e sintomas que não envolvem as articulações. As áreas que podem ser afetadas incluem:
- Pele
- Olhos
- Pulmões
- Coração
- Rins
- Glândulas salivares
- Tecido nervoso
- Medula óssea
- Veias de sangue
Os sinais e sintomas da artrite reumatóide podem variar em gravidade e podem até ir e vir. Períodos de aumento da atividade da doença, chamados surtos, alternam-se com períodos de remissão relativa – quando o inchaço e a dor desaparecem ou desaparecem.
Com o tempo, a artrite reumatóide pode fazer com que as articulações se deformem e saiam do lugar.
O que causa a artrite reumatoide?

A artrite reumatoide é caracterizada como doença autoimune. Isso significa que a mesma resulta do ataque do próprio sistema imunológico ao tecido conjuntivo do corpo.
Uma vez que a doença é caracterizada por uma hipersensibilidade que gera o ataque tecidual, acredita-se que existem fatores genéticos envolvidos no desenvolvimento da artrite reumatoide.
Apesar das modificações genéticas que podem promover a doença, um estudo com gêmeos homozigotos e gêmeos heterozigotos demonstrou que o fator genético tem a contribuição de cerca de 60% para o desenvolvimento da doença.
De forma complementar, um estudo genômico mundial publicado pela revista Nature demonstrou que modificações nos fatores imunológicos possuem papel fundamental na artrite reumatoide. Assim, ambos estudos corroboram a hipótese genética da doença.
Apesar de ser um fator importante e talvez decisivo, a genética não é o único ponto de impacto para a artrite reumatoide. O tabagismo, por exemplo, pode desencadear a resposta autoimune.
Outros fatores ambientais como infecções virais ou bacterianas, obesidade, sedentarismo, diabetes, ou exposição a químicos tóxicos. Além disso, a artrite reumatoide apresenta profundas relações com doenças cardiovasculares.
Como identificar artrite reumatoide no paciente?

Uma vez que a doença é caracterizada por dor intensa nas articulações, o diagnóstico diferencial é dado após anamnese completa do paciente.
Além disso, é importante que o reumatologista (clínico especializado) considere todo o histórico médico do paciente.
Neste estudo, é importante saber a história dos sintomas, quando começaram, sua evolução, entre outros fatores. Em seguida, tudo isso será avaliado, antes de chegar a uma conclusão sobre a doença.
O fator de procura por um médico, é claro, é, quase sempre, a dor nas juntas. Geralmente afetam os dois lados do corpo, mas às vezes com intensidade diferente. Isso porque uma junta pode estar mais inflamada do que outras.
No entanto, alguns critérios específicos são usados para chegar a um diagnóstico de artrite. Esses são, em especial, relacionados aos fatores e alterações físicas provocadas pela artrite reumatoide.
Características e alterações físicas provocadas pela artrite reumatoide
Entre as principais alterações físicas provocadas pela reumatoide, podemos citar, por exemplo:
- A artrite simétrica: é a artrite sentida em ambos os lados do corpo;
- A rigidez matinal: é a falta de flexibilidade nas articulações durante pelo menos 1 hora após acordar. Quase sempre, nos dedos das mãos e simétrica;
- A artrite de três ou mais áreas: pelo menos três áreas articulares com edema de partes moles ou derrame articular. É observado pelo médico;
- A artrite de articulações das mãos como o punho, entre as falanges proximais e nas falanges do metacarpo;
- Os nódulos reumatoides.
Além da rigidez matinal, podem aparecer algumas deformidades existentes nos dedos das mãos. Algumas dessas deformações, aliás, recebem nomes próprios como dedo em pescoço de cisne ou dedo em botoeira.
Além dos sintomas físicos, existem também marcadores bioquímicos para a artrite reumatoide. Assim, alguns exames podem ser pedidos pelo reumatologista. Dentre esses exames estão o VHS (calcula a velocidade de sedimentação das hemácias) e o PCR (identificação da Proteína C Reativa).
Além disso, uma vez que é uma doença autoimune, também é possível a realização do exame imunológico chamado de “fator reumatoide”. Apesar do nome, apenas 80% dos pacientes são positivos para a proteína.
Exames de imagem também podem ser utilizados para avaliar a presença da inflamação, bem como a progressão da doença. Pois, à medida que há a progressão da doença a densidade dos ossos perto das articulações pode diminuir.
Dessa forma, tanto alterações ósseas quanto conjuntivas podem ser observadas por radiografia, ressonância magnética e/ou ultrassom. Entretanto, assim como alguns pacientes não apresentam o fator reumatoide, os exames de imagem também não são 100% precisos.
Por isso, para a realização de diagnósticos acurados é necessária uma investigação cuidadosa que engloba: boa anamnese, exames bioquímicos, exames de imagem. Além disso, em alguns casos são utilizados exames genéticos.
Ainda sobre os exames, alguns podem ajudar a apontar nódulos debaixo da pele. Esses podem causar alteração de pele.
Por fim, lembre-se que a reumatoide é uma doença sistêmica, ou seja, ela não afeta somente uma parte do nosso corpo. Por isso, em casos mais raros, ela pode atacar órgãos como o pulmão e o coração.
Como é o tratamento para artrite reumatoide?

Apesar dos esforços de diversas empresas farmacêuticas, ainda não há relatos de cura para a artrite reumatoide. Dessa forma, o que resta é o tratamento contínuo para doença.
Entretanto, até mesmo o tratamento para amenizar os sintomas e reduzir a progressão da doença mostrou-se um desafio. Por enquanto, são utilizadas classes de medicamentos que buscam (1) reduzir as dores em crises agudas ou (2) imunossupressores para “reduzir” o ataque do sistema imunológico.
Anti-inflamatórios esteroidais e não esteroidais
Os anti-inflamatórios clássicos podem ser divididos em esteroidais (corticoides) e não esteroidais. Esses medicamentos diferenciam-se em seu tempo de uso e mecanismo de ação.
Por exemplo, os anti-inflamatórios não esteroidais (como ibuprofeno) são medicamentos não indicados para uso contínuo. Essa classe atua na via de produção de prostaglandinas, impedindo a resposta inflamatória.
Já os anti-inflamatórios esteroidais (como betametasona) são utilizados por períodos prolongados. Em usos contínuos, os corticoides são capazes de atuar regulando a expressão gênica de células do linfócito B. Dessa forma, os glicocorticóides são em geral utilizados como a primeira linha para tratamentos de doenças autoimunes.
Terapias Biológicas
As terapias biológicas vêm sendo utilizadas como uma alternativa da medicina convencional. Nesse sentido, uma nova classe de medicamentos chamados de “medicamentos anti reumáticos modificadores da doença” vem sendo desenvolvido.
Diferente dos medicamentos convencionais, essa nova classe tem como foco o tratamento epigenético. Por ser alvo-direcionado, esses medicamentos trazem um fio de esperança para pacientes acometidos pela doença.
Entretanto, sua especificidade também mostra-se um problema, pois a maioria dos pacientes não apresentam melhoras clínicas consideráveis a curto prazo.
Com isso, muitas vezes, há um aumento no uso de analgésicos e anti-inflamatórios por parte dos pacientes, fazendo com que possa se criar uma situação de dependência com estes medicamentos, além de terem que lidar com um sem número de efeitos colaterais.
Quando isso acontece, o canabidiol pode ser utilizado no sentido de poupar o paciente destes efeitos colaterais e da situação de dependência. Nesse sentido, ele age como complemento ao tratamento, não sendo substituto de outras drogas que combatem a artrite reumatoide.
Efeitos colaterais do tratamento convencional
Além de apenas conseguir mascarar a dor resultante da doença, tanto os anti-inflamatórios quanto os medicamentos anti reumáticos modificadores da doença contam com diversos efeitos colaterais.
Esses efeitos vão de leves, como náusea, fadiga e ganho de peso, a sintomas graves como dano na medula óssea, dano ocular, e redução de hemácias.
O canabidiol (CBD) como auxiliar no tratamento para artrite reumatoide

O canabidiol, bem como outros compostos medicinais à base de Cannabis têm sido estudados e utilizados para o tratamento de pacientes com dores crônicas, como é o caso dos que têm artrite reumatoide.
Em diversos países ao redor do mundo, estudos específicos que verificam sobre possíveis benefícios do Canabidiol para a artrite reumatoide tem sido feitos.
Nesse sentido, esse estudo avaliou a eficácia, a tolerância e a segurança na utilização de medicamentos à base de Cannabis para o tratamento da dor causada pela artrite reumatoide.
Como discussão e resultado deste estudo está o fato de que o uso do canabidiol medicinal trouxe melhoras e benefícios no alívio das dores da maior parte dos pacientes analisados em 5 semanas de tratamento.
No estudo, 27 foram submetidos a tratamento com placebo e 31 foram submetidos ao tratamento à base de Canabidiol. Nos 31 pacientes estudados, houve uma melhora considerável nas dores nas articulações tanto em repouso quanto ao se movimentar.
Além disso, melhorias também foram sentidas com relação à diminuição da fadiga e melhora nas condições de sono dos pacientes.
Por fim, o estudo aponta ainda a existência de efeitos adversos leves em apenas 2 pessoas em todo o grupo, sendo que os benefícios superaram os malefícios causados em ambos os casos.
Outros estudos existem no sentido das melhorias nos sintomas das dores crônicas em pacientes que utilizaram a Cannabis Medicinal como forma de tratamento.
Este, da Universidade de Harvard, analisou 37 pacientes com dor crônica, que foram avaliados antes de iniciar o tratamento em alguns pontos como:
- dor;
- estado clínico;
- sono;
- qualidade de vida;
- uso anterior de medicamentos convencionais.
Após períodos entre 3 e 6 meses de tratamento, pacientes que utilizaram a Cannabis Medicinal apresentaram na dor, que trouxeram de forma conjunta melhoria no sono, humor, ansiedade e qualidade de vida
Os resultados sugerem que o aumento da exposição ao THC estava relacionado à melhora relacionada à dor, enquanto o aumento da exposição ao CBD estava relacionado à melhora do humor.
Por isso, como conclusão, os resultados apontam a eficácia do uso de cannabis medicinal no tratamento da dor e ressaltam o impacto único dos canabinóides individuais em aspectos específicos da dor e sintomas comórbidos.
Atuação do CBD no alívio da dor
Nós, enquanto seres humanos, produzimos moléculas canabinoides. Toda a produção dessas moléculas, bem como seus receptores e intermediários fazem parte do que é chamado de “sistema endocanabinoide”.
Esse sistema é muito importante na regulação de uma série de processos do nosso organismo. Composto por receptores celulares em diferentes tecidos, os receptores CB1 e CB2 destacam-se quando falamos de uso medicinal da cannabis.
Como o CBD atua na dor da artrite reumatoide e inchaço das articulações?
Para compreender o mecanismo de ação do CBD é preciso considerar os dois receptores que falamos acima – CB1 e CB2.
Com a administração do CBD, são ativados os receptores CB2. Com essa ativação, há uma cascata de resposta celular que leva à redução do recrutamento de células do sistema imunológico.
Em contraste, o receptor CB1 deve ter seu efeito bloqueado por uso de antagonistas. Isso porque, quando ativado, o CB1 é capaz de ativar a resposta inflamatória.
Ou seja, ao ligar aos receptores do sistema endocanabinóide, o CBD atua como um anti-inflamatório. Assim, é capaz de reduzir a inflamação e o inchaço que a artrite causa.
Além disso, foi demonstrado que o CBD é capaz de atuar reduzindo o quadro de artrite independente do tipo de receptor ao qual a molécula interage.
Por fim, a ativação central e periférica desses receptores em células neurais, o CBD é capaz de reduzir a dor. Isto faz com que esta seja uma substância com alto poder analgésico, capaz de melhorar a qualidade de vida do paciente.
Outros benefícios do CBD para pessoas que sofrem com artrite reumatoide
Além de atuar aliviando a dor e reduzindo o inchaço das articulações, acredita-se que o CBD pode ajudar no controle do sistema imunológico. Ou seja, controlando a artrite.
Essa função se dá justamente pela ativação do receptor CB2 e sua resposta imunológica.
Isso porque há estudos que revelam uma ligação entre o sistema endocanabinóide com o sistema imunológico, com o primeiro controlando o segundo. Ou seja, quando um paciente está em tratamento com o CBD, uma série de sintomas que têm relação com a doença podem ser controlados, o que evita uma piora do quadro.
Além disso, o CBD pode proteger os nervos do paciente. Assim, ajuda a reduzir a neuropatia articular.
Do mesmo modo, pode ajudar na redução da insônia, tendo em vista que a redução dos incômodos físicos e da inflamação implica na melhora da qualidade do sono.
Como buscar tratamento com medicamento à base de CBD para artrite reumatoide?

Se você tem interesse no tratamento da artrite reumatoide usando medicamentos à base da Cannabis, você deve procurar médicos que tenham experiência no tratamento canabinoide.
De acordo com a Regulamentação da Anvisa (RDC 660), apenas um profissional de saúde habilitado pode fazer a prescrição dos medicamentos à base de cannabis.
Entretanto, menos de 0,4% dos médicos brasileiros têm experiência com a terapia canabinóide, o que faz com que nem sempre seja fácil encontrar algum profissional que possa te ajudar com esse tipo de tratamento.
Por isso, nós do Portal Cannabis e Saúde criamos uma plataforma de conexão entre médicos e pacientes, onde você pode encontrar médicos confiáveis de diversas especialidades que realizam esse tipo de prescrição.
A prescrição depende do parecer médico, que avaliará se a Cannabis ou os canabinóides devem ser utilizados em cada caso ou não.
De todo modo, a consulta com estes médicos permite à você entender melhor sobre o tratamento e as formas que esses medicamentos são administrados.
Se você quer se consultar presencialmente ou via telemedicina com algum dos médicos da nossa base de dados, clique aqui e escolha o que melhor se adequa à sua necessidade!
Conclusão

A artrite reumatoide é uma doença autoimune, crônica e sem cura! Apesar de já terem sido identificados fatores genéticos e ambientais que podem ser gatilhos para a doença, toda a patologia ainda não foi desvendada.
Em adição, os medicamentos convencionais utilizados não são capazes de impedir a progressão da doença, muito menos reverter o quadro.
E, apesar da terapia biológica mostrar-se como uma alternativa futura, ainda são necessários muitos estudos para identificação de fatores moleculares relacionados à artrite reumatóide.
Nesse sentido, a administração de CBD para o tratamento de artrite reumatoide surge como uma possibilidade de tratamento com ação anti-inflamatória e possivelmente até mesmo imunológica.