O canabidiol para enxaqueca é uma alternativa de enfrentamento da condição não apenas quando os tratamentos convencionais falham ou deixam de dar respostas.
Afinal, não devemos desprezar o impacto de uma doença que afeta muito a qualidade de vida dos seus portadores.
Sobre isso, vale observar o que diz a pesquisa My Migraine Voice, que traduziu a enxaqueca e suas consequências em números.
Conforme o estudo, dos mais de 11 mil participantes, 85% se queixaram de depressão, sensação de isolamento e incompreensão por sofrer da condição.
Ainda, 74% relataram passar muito tempo isolados em casa ou trancados em um quarto escuro por causa dessa doença, enquanto 83% alegaram ter dificuldades para dormir.
A pesquisa também ouviu brasileiros, dos quais mais da metade admitiu não conseguir cumprir com suas tarefas diárias em função desse tipo de cefaleia.
É para enfrentar esse problema que o canabidiol (CBD) ganha espaço, como vamos mostrar neste conteúdo.
Se o tema é do seu interesse, continue a leitura e saiba como esse composto ajuda pessoas que sofrem de enxaqueca a levar uma vida mais saudável e feliz.
O que é enxaqueca?
Os distúrbios de dor de cabeça estão entre os mais comuns que afetam o sistema nervoso.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, quase metade da população adulta teve dor de cabeça pelo menos uma vez no último ano.
Entre pessoas na faixa etária dos 18 aos 65 anos, essa proporção é ainda maior: acredita-se que 3/4 dessa população tenha tido, no mínimo, uma crise dentro de um ano.
A enxaqueca se caracteriza por cefaleias recorrentes. Além disso, associados à dor, estão a incapacidade para o trabalho e o prejuízo na qualidade de vida, fora o custo financeiro.
Quais são as fases da enxaqueca?
Outra característica dessa doença que a torna peculiar é que ela, em geral, é precedida de certos avisos.
Ou seja, antes de uma pessoa sentir a dor de cabeça propriamente dita, uma série de sinais vão se apresentando.
Em função disso, a medicina reconhece que a enxaqueca se manifesta em quatro fases, cada uma com sintomas próprios.
Vale destacar que nem todos os pacientes que sofrem desse mal vão apresentar todos os indícios ligados a cada um desses estágios.
Vamos ver, então, quais são e o que ocorre nas etapas que caracterizam um quadro de enxaqueca.
Pródromo
O sinal de que a enxaqueca está por vir acontece na fase inicial conhecida como pródromo.
Ela pode se manifestar algumas horas ou mesmo dias antes de uma crise se instalar.
Acredita-se de que cerca de 40% dos portadores de enxaqueca passam por essa etapa, em que a pessoa é acometida por sintomas como:
- Fadiga
- Dificuldade de concentração
- Constipação
- Sede constante
- Bocejos frequentes.
Aura
Embora seja um termo que remete à espiritualidade, a aura relacionada a essa condição não tem nada de pacífica.
Nessa fase, que pode acontecer antes ou ao longo da crise de enxaqueca e que atinge cerca de 25% dos portadores, o sistema nervoso é o principal afetado.
Ela se caracteriza predominantemente por distúrbios de visão, mas, em alguns casos, o paciente pode ter falsas sensações ligadas ao tato.
A aura pode durar até uma hora e, entre seus sintomas, destacam-se:
- Perda de visão
- Agulhadas nos braços ou pernas
- Ver pontos de claridade, raios de luz ou formas
- Escutar ruídos
- Movimentos descoordenados
- Dormência na face.
Crise
Caso a enxaqueca evolua e não seja tratada, ela pode vir depois da aura e durar até 72 horas, embora esse período varie de um indivíduo para outro.
Sendo assim, os principais sintomas da crise de enxaqueca são:
- Dor unilateral latejante, que pode ser sentida ou não nos dois lados da cabeça
- Piora com atividade física
- Sensibilidade à luz e aos sons
- Tontura
- Visão turva
- Náuseas e vômitos
- Confusão.
Pósdromo
Como se não bastassem os sintomas dolorosos e agudos, quando a crise passa, a enxaqueca deixa ainda o paciente sentindo um tipo de “ressaca”.
Nessa fase, chamada de pósdromo, a pessoa pode sentir fraqueza e diminuição das suas capacidades cognitivas.
Quais são as causas da enxaqueca?

Acredita-se que a enxaqueca tenha origem em transtornos que afetam a regulação da dor no cérebro. No entanto, as causas exatas permanecem misteriosas.
Essa disfunção, por sua vez, também pode estar ligada à predisposição genética, provocando alterações em células do chamado tronco cerebral.
Em uma crise de enxaqueca, as células desenvolvem uma sensibilidade maior do que o normal, irradiando os sintomas da condição até o nervo trigêmeo.
Esse é o nervo que envolve grandes áreas do crânio, estando em permanente contato com os vasos sanguíneos no cérebro.
Quando o nervo trigêmeo se irrita em uma crise de enxaqueca, causa falsos sinais de dor.
Por sua vez, esses indícios são distribuídos pelos neurotransmissores responsáveis por reações inflamatórias.
A consequência disso são os sintomas típicos da enxaqueca, que pode ser descrita como um tipo de processamento anormal de estímulos no cérebro.
O que é o canabidiol?
Diante da própria dificuldade em apontar uma ou mais causas para a enxaqueca, o canabidiol (CBD) surge como uma opção natural no combate à doença.
Tal substância não chega a ser uma novidade, já que os compostos das plantas do gênero Cannabis são usados há milhares de anos para tratar da dor em diversos casos.
O que é considerado ainda recente é a associação desses elementos, os canabinoides, à descoberta do sistema endocanabinoide.
É nesse sistema que o CBD ganha protagonismo, já que é um dos canabinoides com mais propriedades terapêuticas e curativas.
Embora existam mais de cem deles, o canabidiol se destaca por ser usado na fabricação de medicamentos para uma série de doenças, inclusive a enxaqueca.
Como funciona o sistema endocanabinoide?
O sistema endocanabinoide é composto pelos canabinoides exógenos (como o CBD e o tetrahidrocanabinol – THC), endógenos (chamados de endocanabinoides) e enzimas de síntese e degradação.
Enquanto os fitocanabinoides são retirados das plantas, os endocanabinoides são sintetizados internamente, ou seja, produzidos pelo nosso organismo.
Eles se ligam aos receptores canabinoides CB1 e CB2, presentes em muitos tipos de células em todo o corpo.
A partir da dinâmica entre os endocanabinoides e os receptores canabinoides, são reguladas várias condições fisiológicas que, por sua vez, estão relacionadas a certas doenças.
Dessa forma, os canabinoides encontrados nas plantas também interagem com os receptores do sistema endocanabinoide de um modo similar ao que acontece com os canabinoides endógenos.
Por causa dessa relação mimética é que se verificam poucas reações adversas geradas pelo consumo de medicamentos à base do canabidiol.
O tipo de interação do CBD com o sistema endocanabinoide ainda está sendo estudado.
Porém, já há muitas pesquisas que sugerem seus efeitos benéficos para a saúde, no tratamento a vários sintomas e na prevenção a doenças.
Quais são as diferenças entre CBD e THC?

Cabe frisar também as diferenças entre os dois canabinoides mais amplamente utilizados na fabricação de medicamentos: o CBD e o THC.
A principal distinção é a capacidade de exercer efeitos psicoativos, uma característica apenas do tetrahidrocanabinol.
Ou seja, ao utilizar CBD, não há quaisquer riscos de alterações na percepção, já que essa não é uma substância alucinógena.
Por outro lado, o THC não é um “vilão” e também tem propriedades terapêuticas como o canabidiol.
Quando utilizado na fabricação de medicamentos, o THC é totalmente seguro, assim como o canabidiol.
Quais são os tipos de óleo de CBD?
Os diferentes tratamentos à base de canabidiol (inclusive para enxaqueca), em geral, são prescritos na forma de óleo de CBD, administrado via oral ou sublingual.
Mas um óleo poderá conter um espectro mais ou menos abrangente de canabinoides.
Isso tem a ver com o chamado efeito entourage, segundo o qual o CBD é mais eficaz quando ingerido com outros canabinoides exógenos.
Além disso, na produção do óleo, também são extraídas outras substâncias da Cannabis, como os terpenos e os flavonoides.
Por aí é viável imaginar a infinidade de combinações e possibilidades de fármacos produzidos a partir dos compostos dessa planta.
De qualquer modo, os óleos de CBD são categorizados de três maneiras distintas, descritas a seguir.
CBD isolado
Um medicamento que contenha o CBD isolado tem apenas esse canabinoide em sua composição, e nada mais.
Nesse caso, o óleo pode ser indicado quando se deseja eliminar o THC da sua formulação ou para redução de potência.
No entanto, esse é o óleo que causa mais reações colaterais, já que não há os benefícios creditados ao já mencionado efeito entourage.
Broad spectrum
O óleo de amplo espectro, em geral, é indicado para tratar de doenças e condições tais como o CBD isolado.
A diferença, nesse caso, é que no óleo broad spectrum são adicionados alguns outros canabinoides em sua forma pura.
De qualquer modo, nele também se remove o THC e, em consequência, as chances de suas reações adversas.
A vantagem em relação ao CBD isolado fica por conta do efeito entourage, que pode ser aproveitado em óleos de espectro amplo.
Full spectrum
Já os chamados óleos full spectrum levam praticamente todos os compostos ativos da Cannabis em sua fabricação.
Canabinoides, flavonoides, terpenos e outras substâncias da planta entram na sua composição, conferindo grande eficácia e potência.
Uma característica importante é que óleos full spectrum podem conter THC, contudo, as chances de produzir ações colaterais são reduzidas, em virtude do efeito entourage.
Como funciona o tratamento de canabidiol para enxaqueca?
A ciência já tem evidências que ligam a enxaqueca a deficiências no sistema endocanabinoide, no qual se destaca a anandamida.
Quando esse endocanabinoide se encontra em níveis baixos no cérebro, pode levar a quadros da doença, como sugere o estudo Endocannabinoids in chronic migraine: CSF findings suggest a system failure.
Portanto, a causa das crises pode ter ligação com a deficiência na produção dessa substância, o que nos leva a considerar o tratamento com CBD como uma espécie de repositor.
Uma opinião esclarecedora sobre o assunto vem do neurologista e pesquisador Dr. Ethan Russo.
Segundo o especialista, “quando não temos endocanabinoides suficientes, sentimos dor onde não deveria haver dor.”
4 benefícios do canabidiol para enxaqueca

A partir dessa ligação do sistema endocanabinoide com as crises de enxaqueca, o CBD desponta como uma alternativa segura de tratamento.
Uma prova disso é um estudo que teve seus resultados publicados no site da revista Forbes norte-americana.
Na pesquisa, que teve 127 participantes, os pacientes que receberam uma dose de 200mg diárias ao longo de três meses tiveram redução de cerca de 55% nos relatos de dor em comparação aos remédios convencionais.
São resultados animadores e que evidenciam os benefícios do canabidiol para enxaqueca e em substituição aos fármacos convencionais nos casos em que não são mais eficazes.
Conheça quatro desses benefícios na sequência.
1. Alternativa natural
Como você viu até aqui, o CBD é uma opção 100% natural, ou seja, o seu princípio ativo está em uma substância não manipulada em laboratório.
Não podemos deixar de destacar, ainda, os incontáveis relatos de pessoas que tiveram melhora da dor graças à ação analgésica desse poderoso composto.
Desse modo, ele é uma escolha segura, por ser absorvido de forma orgânica pelo sistema endocanabinoide.
2. Poucos efeitos adversos
O CBD apresenta baixo risco de produzir reações adversas.
Situação diversa acontece com quem busca solução para a enxaqueca por meio de analgésicos comuns que, em geral, podem afetar o estômago e trazer outros efeitos colaterais.
Essa é, a propósito, outra virtude do CBD relatada por pessoas que vêm se tratando com esse canabinoide.
3. Pode ser administrado com outros fármacos
Seja como for, nada impede que o seu médico prescreva o canabidiol junto com outros remédios.
Afinal, em certos casos, o que se faz necessário é apenas um ajuste na medicação, momento em que o CBD pode vir a ser um bom coadjuvante.
Portanto, até nisso o canabidiol é uma substância de grande valor, já que seu uso não significa que medicamentos convencionais devam ser abandonados. Principalmente a troca de opioides por produtos à base de Cannabis.
4. Raras contraindicações
Como todo fármaco, o CBD também apresenta algumas contraindicações.
Gestantes, lactantes e pessoas com sensibilidade aos canabinoides exógenos em geral estão incluídas no grupo de potenciais indivíduos com uso contraindicado.
Por outro lado, dependendo do caso e do que o médico entender ser o melhor para o paciente, é possível que o CBD seja indicado até para pessoas nesses perfis.
Afinal, por ser uma substância natural, ele é considerado seguro, como atesta a OMS em seu Critical Review Report publicado em 2018:
“O CBD é geralmente bem tolerado e tem um bom perfil de segurança. Os efeitos adversos relatados podem ser o resultado de interações entre o CBD e os medicamentos que os pacientes estão tomando”.
Como conseguir o tratamento de canabidiol para enxaqueca?
O mercado de medicamentos à base de canabidiol, no Brasil, ainda é bastante incipiente.
Isso porque a regulamentação sobre o uso desses produtos é muito nova, com a primeira norma, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) Nº 17, sendo publicada apenas em 2015.
Mesmo assim, há avanços a comemorar, como é o caso da liberação dos primeiros fármacos contendo CBD para venda em farmácias brasileiras.
Mas, para quem sofre de enxaqueca, o mais provável é que a aquisição de medicamentos à base de canabidiol seja possível somente via importação.
Nesse caso, para ter acesso ao tratamento, é necessário, primeiro, encontrar um médico que prescreva produtos que contenham CBD.
Nesta página, você pode agendar uma consulta com especialista. Procure o médico pela patologia a ser tratada.
Com a prescrição, deve-se então acessar o site da Anvisa para fazer a solicitação de importação.
A resposta do órgão leva até 10 dias ou imediatamente conforme nova RDC 570/21 e, caso ela seja positiva, pode-se, enfim, fazer a compra do medicamento de um importador ou loja online.
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Como tomar o óleo de CBD para enxaqueca?
Antes de mais nada, é importante ressaltar que as indicações a seguir são apenas ilustrativas, não devendo ser seguidas sem a autorização e o acompanhamento médico.
Cada caso é um caso, e o que funciona para um pode não dar certo para outro paciente, concorda?
Dito isso, o que se verifica em boa parte das situações é que o tratamento para enxaqueca com CBD é mas eficaz quando se administra doses diárias por períodos prolongados.
Em geral, os pacientes tomam uma dose pela manhã e uma à noite, cada uma de cerca de 5mg.
Nas crises, essa dosagem pode ser reforçada com mais 5mg a cada duas ou três horas até que a dor tenha desaparecido.
Pesquisas científicas sobre o uso de canabidiol para enxaqueca
Existem diversos estudos que sugerem a eficácia do CBD no tratamento da enxaqueca.
Veja alguns dos mais importantes abaixo:
- Emerging Role of (Endo)Cannabinoids in Migraine
- Short- and Long-Term Effects of Cannabis on Headache and Migraine
- Cannabis for the Prophylactic Treatment of Migraine
- Cannabis reduces headache and migraine pain by nearly half
- Cannabis for Migraine Treatment: The Once and Future Prescription?: An Historical and Scientific Review with Suggestions for Subsequent Studies.
Vale, ainda, acessar o artigo em que contamos os progressos feitos pelo neurologista brasileiro Alexandre Kaup, pesquisador sobre o tema.
O objetivo do estudo é comprovar a eficácia do CBD no tratamento da enxaqueca, o que serviria como mais um respaldo à prescrição de medicamentos à base de canabidiol.
Conclusão
Evidências não faltam para sugerir que o CBD é, de fato, um potente aliado para eliminar a enxaqueca e suas incômodas consequências.
Felizmente, a ciência tem avançado a passos largos para descobrir as reais causas dessa doença incapacitante e com forte componente genético.
E para continuar por dentro desses avanços, o Portal Cannabis & Saúde é a sua melhor escolha.
Nossos conteúdos são produzidos e revisados por especialistas em Cannabis medicinal, todos comprometidos em levar a verdade sobre o CBD até você.