A decisão histórica da Comissão Atlética de Nevada, que suspendeu nesta semana a proibição de longa data aos atletas que usam maconha, foi celebrada aqui no Brasil pelo Atleta Cannabis, comunidade de esportistas que usam e divulgam os benefícios da planta no esporte. A decisão abre as portas para boxeadores e lutadores do UFC competirem no maior palco mundial do esporte, Las Vegas, com uso livre e aberto de Cannabis.
O CBD há algum tempo já estava liberado. Agora finalmente esses atletas poderão se beneficiar também das propriedades medicinais do THC sem risco de cair no doping. Para o empresário do esporte Peu Guimarães, CEO do Atleta Cannabis, a notícia não é uma surpresa:
“O mundo da luta já é super adepto ao uso da Cannabis medicinal. Nos Estados Unidos, já se tem uma aceitação muito maior. A própria USADA (agência antidoping dos EUA) já informou que também não irá punir mais (fora do período de competição)”, afirma.
Peu argumenta que a grande razão para esta mudança está no mercado do entretenimento.
“Entendo que esse movimento acelerado do Estado de Nevada é por conta de Las Vegas. Cada vez mais os principais lutadores estão fazendo uso da Cannabis medicinal, então Vegas, como centro do entretenimento das grandes lutas, não queriam perder isso. Uma luta recente do Mike Tyson sequer teve antidoping, porque ele já tinha avisado que iria fumar antes da luta”.
Veja nossa LIVE especial com o Atleta Cannabis!
Essa política começou a ser revista em 2015, quando Nick Diaz e o brasileiro Anderson Silva iriam se enfrentar. Ambos foram reprovados no doping pós-luta. Diaz para Cannabis, e Silva para esteroides anabolizantes. Mas enquanto Silva foi banido por 1 ano, Diaz pegou 5 anos. Ele não lutou desde então. Por outro lado, continuou fumando maconha abertamente e defendendo o uso terapêutico da erva contra dores e lesões.
“A gente olha para o tamanho que o UFC tem hoje, para o mercado de lutas do boxe, que é gigantesco, é só ver o cachê dos caras. E cada vez mais lutadores estão fazendo uso. Se a comissão não abrisse a possiblidade para a Cannabis, as lutas passariam a ser feitas em Nova York ou em outros estados que já têm essa aceitação. Porque quem manda na luta é o lutador. Então seria burro por parte da comissão atlética de Nevada se seguisse punindo os atletas pelo uso do THC”, conclui Peu Guimarães.
Daqui para frente, os lutadores em Nevada só serão penalizados por uso de maconha se estiverem “prejudicados” na noite da luta com base apenas em verificações visuais. A comissão continuará a testar a maconha pelos próximos seis meses – como parte da investigação da comissão sobre traumatismo craniano – mas não punirá os combatentes que usam maconha no treinamento.
Testes positivos de Cannabis não são considerados necessariamente indicativos de intoxicação ou mesmo uso recente. Os metabólitos da Cannabis são solúveis em gordura e podem permanecer no corpo por muitos dias ou semanas após o uso.