Já pensou que a Cannabis pode ser mais efetiva que a Ritalina em pacientes com TDAH? A princípio, o tratamento para TDAH é com o uso de drogas psicoestimulantes, como a Ritalina. Mesmo assim, alguns indivíduos não se adequam a esses medicamentos, devido aos efeitos colaterais. Muitos pacientes com TDAH também têm seu uso contraindicado pelas comorbidades Epilepsia, Hipertensão Arterial, Arritmias, Tourette. Por isso, esses pacientes acabam tendo que ir para terapias alternativas ou suplementares, como alguns antidepressivos, anti-hipertensivos (clonidina), vitaminas, antioxidantes.
Quando pensamos em tratamento com Cannabis, precisamos ter em mente todos os compostos fitocanabinoides derivados da planta Cannabis sativa L. – não somente o Canabidiol (CBD), mas também o Tetrahidrocanabinol (THC), Canabigerol (CBG), Canabinol (CBN) -, que possuem seu potencial terapêutico
A Ritalina (ou Metilfenidato, que é seu composto ativo), é a medicação de primeira escolha para o TDAH. Isso porque tem um mecanismo de ação similar ao das anfetaminas e da cocaína. Em resumo, ela aumenta a concentração de dopaminas nas sinapses. Contudo, apesar da sua eficácia, a Ritalina tem possíveis efeitos negativos – vistos em bula-, como prejuízo no crescimento ósseo em idades pediátricas, dor de cabeça e taquicardia.
Isso também faz com que muitos pacientes evitem tal medicamento, permitindo a busca por novos tratamentos. A Cannabis, desde o século passado vem apresentando inúmeros ensaios clínicos, em diversos transtornos mentais. A relação entre Cannabis e TDAH é um tema em que a ciência, a cada ano, vem descobrindo novas possibilidades terapêuticas, alterações no sistema endocanabinóide como causa para o TDAH, etc.
Mas será que um produto à Base de Cannabis pode ser mais eficaz que a Ritalina contra TDAH?
Em 2017, o IPPN (Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência), do King’s College London, publicou o primeiro estudo aleatorizado, controlado por placebo, sobre os efeitos da Cannabis nos pacientes adultos com TDAH. A pesquisa avaliou um total de 30 participantes, sendo 15 no grupo placebo e 15 no grupo Cannabis. O grupo Cannabis fez uso da medicação Sativex [Mevatyl], um spray canabinóide, contendo 2,7 mg de THC e 2,5 mg de CBD. Foram utilizados em média 6 doses do spray. Esse estudo avaliou dois desfechos: cognição e melhora dos sintomas do TDAH. Neste estudo, o Sativex não prejudicou a cognição desses pacientes. No entanto, o Sativex se associa a uma melhora clinicamente significativa na hiperatividade/impulsividade e desatenção.
Outra pesquisa, em Rüthen, Alemanha, avaliou mais 30 pacientes adultos com TDAH, que são resistentes a tratamento farmacológico, como o metilfenidato. Os pacientes receberam aprovação para o uso de flores de cannabis, entre 2012 e 2014, pelo órgão (Bundesopiumstelle) do Ministério Federal da Saúde da Alemanha. A idade dos pacientes [28 homens, 2 mulheres] foi de 21 a 51. Em 63% dos casos, o diagnóstico de TDAH chegou apenas na idade adulta. Todos os pacientes diagnosticados na infância foram previamente tratados com metilfenidato. Entre os 30 pacientes, apenas 8 pacientes iniciaram cannabis em uso de psicoestimulante. Além disso, em cinco casos, tentou-se o Dronabinol (medicamento sintético do THC, comercializado mundialmente) e também foi efetivo. Por outro lado, os demais fizeram uso de canabinóides variados. A conclusão deste estudo é de que, para pacientes adultos com TDAH, que apresentam efeitos colaterais ou não possuem benefício com medicação padrão, a cannabis pode ser uma alternativa eficaz e bem tolerada.
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