O líder do Talibã, Hibatullah Akhundzada, anunciou que o cultivo de Cannabis ou cânhamo no Afeganistão está proibido. A medida foi anunciada no último final de semana e, em caso de violação, a plantação será destruída e o responsável punido seguindo as leis da Sharia, sistema jurídico do Islã.
Em pronunciamento, o líder do grupo que controla o Afeganistão afirmou que: “O cultivo em todo o país está totalmente proibido e se alguém cultivar, a plantação será destruída. Os tribunais também foram ordenados a punir os infratores de acordo com as leis da Sharia.”
Tradição da Cannabis no Afeganistão
No Afeganistão, a Cannabis é um dos vegetais mais cultivados por fazendeiros locais. Essa é uma cultura muito tradicional no país, que tem cultivos de Cannabis há séculos. Segundo relatório da ONU, na década passada, o Afeganistão foi o segundo maior exportador de resina de Cannabis (também conhecida como haxixe) do mundo, perdendo apenas para o Marrocos.
Além disso, as plantas que crescem por lá tem características muito particulares que chamam a atenção de cultivadores do mundo inteiro. A variedade (ou strain) de Cannabis chamada de Afghan (que é predominantemente Indica) costuma ser cruzada com outras genéticas de outras partes do mundo, principalmente pela volumosa produção de resina nas flores e seus efeitos relaxantes.
Medida autoritária
Com uma economia castigada por décadas consecutivas de guerras, o cultivo de Cannabis no Afeganistão se tornou uma atividade relevante para a economia local, junto com a papoula, utilizada na produção de ópio e heroína. Agora, com a decisão do Talibã, a produção voltada para o mercado ilegal deve sofrer impacto.
Apesar de a Cannabis estar na cultura afegã há muitos séculos, o grupo religioso que comanda o país proibiu a planta e anunciou punição para os fazendeiros. Desde 2021, quando retomou o controle, o Talibã anuncia medidas que vão na contramão do mundo, como a proibição de mulheres nas universidades e, mais recentemente, de cultivo de Cannabis.