Com o passar dos anos e com a evolução da medicina, surgem novas alternativas de remédio para epilepsia e o canabidiol é um deles. Uma boa notícia, considerando que não são poucos aqueles que sofrem com a condição e que podem se beneficiar com os benefícios.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 50 milhões de pessoas sofrem dessa doença neurológica. Neste conteúdo, vamos conhecer melhor a enfermidade e explicar como funciona o tratamento com base em canabidiol.
Acompanhe até o final e boa leitura!
Epilepsia: o que é?
A epilepsia se caracteriza por uma predisposição permanente do paciente em apresentar crises epilépticas, que se manifestam em convulsões e espasmos, às vezes violentos.
No Brasil, estima-se que de 1% a 2% da população sofra de epilepsia, doença que pode atingir pessoas de todas as idades. Trata-se de uma das enfermidades mais prevalentes.
De acordo com um estudo de alcance mundial sobre epilepsia, em 2015, cerca de 39 milhões de indivíduos em todo o mundo sofriam de alguma das suas modalidades.
Trata-se de uma enfermidade que gera danos cognitivos, neurobiológicos e psicológicos, afetando a qualidade de vida do portador.
A epilepsia tem cura?
Existe a possibilidade de cura da epilepsia em alguns casos, desde que seja diagnosticada corretamente, tratada em tempo, com a medicação apropriada e se esta não der resultado, deverá ser avaliada a possibilidade de cirurgia.
Sintomas da epilepsia
Em geral, a epilepsia se manifesta por meio dos seguintes sintomas:
- Espasmos e contrações musculares;
- Movimentos involuntários;
- Lapsos de atenção;
- Entorpecimento;
- Perda da consciência.
Causas da epilepsia
Em alguns casos, não é possível detectar as reais causas da epilepsia.No entanto, ela pode ser provocada por lesões no cérebro em virtude do consumo exagerado de álcool, drogas ou por traumas na cabeça.
Também podem causar epilepsia: doenças infecciosas, como a meningite, contaminação por neurocisticercose ou problemas no parto.
Como é feito o diagnóstico da epilepsia?
Nem todas as causas da epilepsia são conhecidas, mas é possível diagnosticar a doença e tratá-la com segurança.
Cabe ao médico neurologista indicar quais exames serão feitos para o seu diagnóstico a fim de prescrever o tratamento adequado.
Entre esses testes, normalmente estão:
- Exames de sangue e urina
- Eletroencefalograma
- Ressonância magnética
- Tomografia computadorizada.
O que é uma crise epilética?
Uma crise epiléptica consiste em uma atividade anormal dos neurônios no cérebro, podendo durar de poucos segundos a alguns minutos.
Ela é resultado de um fluxo elétrico disfuncional, o que, por sua vez, gera convulsões, espasmos musculares e outros efeitos associados.
Quais são as sequelas da epilepsia?
Se for controlada, a epilepsia não deixa sequelas. Por outro lado, a recorrência de crises sem acompanhamento médico pode levar o enfermo a apresentar problemas persistentes de cognição, memória, fala e confusão mental.
Quais são os tipos de epilepsia?
Epilepsia focal
A epilepsia focal ocorre quando as convulsões são provocadas pela atividade anormal em apenas uma área do cérebro.
Essas convulsões podem ocorrer com ou sem perda de consciência e provocar sintomas mais leves como sensação de formigamento da perna ou dos braços, ou realizar movimentos repetitivos, como esfregar as mãos, mastigar, engolir ou andar em círculos, por exemplo.
Epilepsia generalizada
A epilepsia generalizada ocorre quando todas as áreas do cérebro apresentam atividade elétrica anormal, podendo causar crise de ausência.
Esse tipo de epilepsia é muito comum na epilepsia infantil, e são caracterizadas por olhar fixo e vago, ou movimentos corporais sutis, como piscar de olhos ou morder os lábios, e podem causar uma breve perda de consciência.
Quais são as causas da epilepsia?
Apesar de existirem vários fatores que podem levar ao desenvolvimento da epilepsia, a causa da doença ainda é desconhecida em 50% dos casos em todo o mundo.
Por isso, é importante esclarecer que as causas da epilepsia podem ser estruturais, genéticas, infecciosas, metabólicas, imunológicas e em alguns casos, desconhecidas, ou seja, quando mesmo com exames é impossível determinar.
Como prestar socorro em uma crise epiléptica?
Qualquer um de nós, a qualquer momento, pode estar ao lado de alguém que venha a sofrer uma convulsão. Então, o que fazer? Como prestar socorro de forma correta?
Em primeiro lugar, é importante manter a calma e de todos que estão ao redor. Evite que a pessoa caia bruscamente no chão, pois ela pode se machucar. Feito isso, retire os objetos que possam causar mais acidentes de perto.
Procure algo macio para acomodar a cabeça da pessoa e depois coloque a pessoa de lado para que a saliva ou o vômito caiam fora da boca, evitando que ela sufoque. Afrouxe as roupas da pessoa para ela respirar melhor e fique ao lado da pessoa até ela voltar à consciência.
Fique atento ao tempo – se passar de 5 minutos sem sinal de melhora, chame um médico imediatamente.
Como é o tratamento da epilepsia?
Normalmente, os tratamentos contra a epilepsia se baseiam na prescrição de medicamentos como anticonvulsivantes. Também podem ser indicadas terapias como a dieta cetogênica, estimulação do nervo vago (VNS) ou estimulação cerebral profunda (DBS).
Só em casos mais extremos é recomendada a cirurgia, como acontece quando é diagnosticada a epilepsia focal, que atinge apenas uma parte do cérebro.
Medicação antiepiléptica
O uso da medicação tem o objetivo de bloquear as crises, eliminando a atividade anormal do cérebro, a fim de assegurar boa qualidade de vida para o paciente.
Alguns exemplos incluem:
- Fenobarbital;
- Ácido valpróico;
- Fenitoína;
- Clonazepam;
- Lamotrigina;
- Gabapentina
- Valproato semisódico;
- Carbamazepina.
No entanto, o medicamento e a dose correta podem ser difíceis de encontrar e, por isso, é preciso ir registrando o surgimento de novas crises, para que o médico seja capaz de avaliar o efeito do remédio ao longo do tempo, alterando-o se achar necessário.
Embora possuam bons resultados, o uso contínuo destes medicamentos pode causar alguns efeitos colaterais como cansaço, perda de densidade óssea, problemas de fala, alteração da memória e, até, depressão.
Como funciona o processo de compra de remédio para epilepsia?
Alguns medicamentos só são vendidos na farmácia mediante retenção de receita. O objetivo dessa regra é facilitar a fiscalização da venda dos remédios que, em caso de mau uso, podem piorar o quadro clínico do paciente ou criar resistência no organismo, entre outros efeitos indesejados.
Após consultar com o médico e fornecer todas as informações necessárias, basta comprar o remédio apresentando as duas vias da receita. Uma fica retida pelo estabelecimento e a outra é devolvida ao paciente, atestada, como comprovante do atendimento.
Com o medicamento em mãos, siga a receita, respeitando a posologia orientada pelo médico.
Remédio para epilepsia: o que é o canabidiol?
Também conhecido pela sigla CBD, o canabidiol é uma substância ativa extraída da planta Cannabis.
Por atuar diretamente no sistema nervoso central, ele vem sendo cada vez mais utilizado em tratamentos de doenças como a epilepsia, além da Doença de Parkinson, Alzheimer e outras.
Estudos mostram, por exemplo, que ele pode ser eficaz para impedir a progressão da epilepsia.
Além das propriedades terapêuticas, o CBD apresenta outra grande vantagem, se comparado com medicamentos convencionais: seus efeitos adversos são mínimos.
Não é à toa que os fármacos produzidos a partir dessa substância vêm crescendo em popularidade entre médicos e pacientes em todo o mundo.
Veja, a seguir, como ele atua no tratamento contra a epilepsia.
Como funciona o canabidiol como remédio para epilepsia?
Estudos têm investigado os mecanismos de funcionamento do CBD ao tratar da epilepsia.Embora novas contribuições acadêmicas se façam necessárias, já é consenso na comunidade científica que há benefícios ao tratamento.
Em uma live sobre “O potencial terapêutico da Cannabis no tratamento da epilepsia”, a Dra. Thais Oliveira Ferreira explicou sobre os benefícios e como o canabidiol age no organismo do paciente.
De acordo com a neurologista, o canabidiol é um dos canabinoides presentes na Cannabis e ele tem propriedades anticonvulsivantes, com o benefício da ausência de psicoativos. Quando pensamos em canabidiol pensamos também na ausência do risco e do desenvolvimento de dependência.
Ela explica ainda que o canabidiol se conecta e ativa receptores presentes no sistema endocanabinoide humano e abundantes no sistema nervoso central, freando o excesso de atividades neuronais e as descargas elétricas anormais levando à redução das crises convulsivas.
Quais estudos comprovam a eficácia do CBD como remédio para epilepsia?
Como destacamos antes, há estudos de qualidade sobre o CBD como alternativa no tratamento contra a epilepsia.
Um deles é o estudo Cannabinoids in the Treatment of Epilepsy: Hard Evidence at Last? no qual o pesquisador Emilio Perucca fornece evidências robustas de que o CBD reduz a frequência de convulsões em crianças e adultos jovens com síndrome de Dravet.
De acordo com o autor, o CBD mostrou-se superior ao placebo na redução da frequência de convulsões em pacientes com síndrome de Dravet e na frequência de convulsões em pacientes com síndrome de Lennox-Gastaut .
No estudo Effect of Cannabidiol on Drop Seizures in the Lennox-Gastaut Syndrome, publicado em 2018, foram testados 226 pacientes portadores da síndrome de Lennox-Gastaut (SLG), uma condição epiléptica pediátrica grave.
Os pesquisadores verificaram também que a adição de canabidiol ao tratamento farmacológico convencional diminuiu consideravelmente a frequência das convulsões.
Outra pesquisa de destaque é a de autoria do grupo liderado por J.M. Cunha, que estudou os efeitos da administração de canabidiol em pacientes epilépticos e pessoas saudáveis. Dos oito indivíduos que receberam doses de medicamentos com CBD, apenas um não apresentou melhora.
Logo, os resultados das pesquisas são bastante promissores e não deixam dúvidas a respeito da eficácia do canabidiol como anticonvulsivante. Você pode ler ainda outras contribuições da ciência sobre o CBD no tratamento da epilepsia em nossa coleção de estudos clínicos.
Regulação do canabidiol como tratamento da epilepsia no Brasil
A regulamentação do uso medicinal da Cannabis no tratamento da epilepsia e outras doenças segue resoluções da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. No Brasil, a Cannabis medicinal é legal desde 2015.
A RDC Nº 327/2019, autoriza a comercialização dos produtos à base de Cannabis nas farmácias e drogarias do país.
Já a RDC 660/2022 define os critérios e os procedimentos para a importação de produtos derivados da Cannabis deixando claro que:
- Fica permitida a importação, por pessoa física, para uso próprio, mediante prescrição de profissional legalmente habilitado para tratamento de saúde, de Produto derivado de Cannabis.
- A importação também pode ser realizada pelo responsável legal do paciente ou por seu procurador legalmente constituído.
- A importação do produto poderá ainda ser intermediada por entidade hospitalar, unidade governamental ligada à área da saúde, operadora de plano de saúde para o atendimento exclusivo e direcionado ao paciente previamente cadastrado na Anvisa, de acordo com esta Resolução.
- O produto a ser importado deve ser produzido e distribuído por estabelecimentos devidamente regularizados pelas autoridades competentes em seus países de origem para as atividades de produção, distribuição ou comercialização.
De forma resumida, a venda de produtos no Brasil depende da aprovação da Anvisa e de prescrição médica, como vamos detalhar na sequência.
Recomendamos a leitura das seguintes regulamentações do órgão, que disciplinam o processo de compra ou importação de medicamentos à base de CBD:
Como prevenir a epilepsia?
Não dá para impedir que alguém desenvolva epilepsia. Mas é possível escapar de situações que desencadeiam convulsões.
Dormir mal ou pouco, abusar no excesso de bebidas alcoólicas e permanecer em ambientes com luzes estroboscópicas (usadas em bailes que piscam rapidamente com grande intensidade), podem influenciar.
Mantenha uma boa rotina de descanso e sono
O sono e a epilepsia tem uma relação bidirecional, o que significa que um afeta o outro. Noites mal dormidas podem afetar diretamente quem sofre com epilepsia e a epilepsia pode causar noites ruins.
Um estudo feito por pesquisadores turcos com 75 pacientes com epilepsia mostrou que uma noite mal dormida pode estar associada à frequência de convulsões.
O mesmo estudo também identificou uma correlação entre pessoas com epilepsia que não dormem bem e sintomas de fadiga, sonolência diurna e depressão. Outras doenças relacionadas ao sono são comuns em pessoas com epilepsia.
A insônia é uma delas. Sua presença está relacionada a quadros contínuos de convulsão e baixa qualidade de vida. Outro problema é a apneia obstrutiva do sono. Este distúrbio do sono inclusive é duas vezes mais comum em pacientes epiléticos.
Evite o consumo de bebidas alcóolicas
Pessoas com epilepsia podem consumir bebidas alcoólicas, mas em pequenas doses. A questão é saber o quanto é considerado “moderado”.
A OMS estabelece como seguro 10 gramas de álcool por dia. Como cada bebida tem seu teor alcoólico, a quantidade que pode ser ingerida varia a cada bebida. Quanto mais álcool proporcionalmente, menor a quantidade que pode beber com segurança.
Isso porque os excessos de álcool podem piorar a condição de saúde da pessoa com epilepsia. Pois, a presença de álcool na corrente sanguínea afeta o limiar no qual pode-se desencadear uma nova crise convulsiva
É importante lembrar que, embora amplamente aceito na sociedade brasileira, o álcool é uma droga que pode trazer inúmeros malefícios físicos, mentais e sociais.
Por isso, deve sempre ser ingerido com moderação, principalmente por pessoas com epilepsia.
Evite ambientes com luzes estroboscópicas
Efeitos intermitentes ou padronizados de luz podem fazer com que as pessoas (com ou sem epilepsia) se sintam desorientadas, desconfortáveis ou indispostas. Isso não significa necessariamente que eles tenham epilepsia fotossensível.
Os flashes de luz são como gatilhos para as pessoas com fotossensibilidade, isto é, que possuem uma tendência a sofrer convulsões seguidas por outros sintomas, como náuseas e tontura, ao serem expostas a luzes intermitentes ou com padrões contrastantes de luz e escuridão.
Vale ressaltar que esse problema ocorre pelo fato de os flashes de luz aumentarem de forma anormal a sincronia das células cerebrais dentro do córtex visual e isso pode fazer com que os neurônios disparam em um nível relativamente maior entre as suas redes.
Esse disparo acaba recrutando outros neurônios e isso provoca uma espécie de descarga hiper síncrona que tecnicamente conhecemos como convulsão e demais sintomas da crise epiléptica.
Quem tem epilepsia: o que não pode comer?
A alimentação para pessoas com epilepsia possui algumas particularidades, como a retirada dos carboidratos como fonte de energia e a utilização de gorduras saudáveis.
Uma dieta balanceada, com diferentes grupos alimentares, ajuda o corpo e o cérebro a funcionarem melhor e também pode ajudar a reduzir o risco de convulsões em algumas pessoas com epilepsia.
A dieta cetogênica para pessoas com epilepsia é rica em gordura, pobre em carboidratos e com proteína em quantidades normais e visa reduzir a frequência das crises convulsivas a partir de uma alimentação mais saudável.
Ela consiste em reduzir os carboidratos e proteínas vegetais e investir em alimentos fontes de gordura e proteína animal, além de uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes.
Com isso, são eliminados também o açúcar, as frituras e as massas. Essa dieta em si não é balanceada, ou seja, não possui todas as vitaminas e minerais necessários, e por isso deve ser indicada por um nutricionista.
Como conseguir remédio para epilepsia à base de Cannabis medicinal?
A maioria das pessoas que estão em busca de tratamento à base de Cannabis Medicinal não sabe muito bem como fazê-lo.
Embora já existam estudos comprovando a sua importância no tratamento de diversas doenças, ainda existe muita falta de informação e principalmente preconceito no Brasil.
Por isso, nós do Portal Cannabis & Saúde preparamos uma plataforma de conexão entre pacientes e médicos prescritores de terapia canabinoide. Você pode buscar por médicos de acordo com a sua região, especialidade requerida ou até com o plano de saúde que você utiliza.
Conclusão
Apesar de todos os entraves, o tratamento com CBD vem ganhando popularidade principalmente por não apresentar os efeitos adversos causados pelos fármacos à base de fenitoína ou barbitúricos.
Gradativamente, as barreiras estão sendo removidas e, para isso, um dos componentes essenciais é a disseminação da informação a respeito do assunto. Continue lendo os artigos no portal Cannabis e Saúde e fique a par dos últimos avanços nos tratamentos com Cannabis.
Leia e indique aos seus amigos e familiares, afinal, sempre há alguém que pode precisar.