Reabilitação oral, funcional e estética é a especialidade da cirurgiã-dentista Rafaela Rosa. “Atendo pacientes que têm dificuldade de mastigação, porque perderam parte ou todos os dentes, seja de pacientes idosos ou que destruíram os dentes por conta de uma parafunção, como o bruxismo.”
No entanto, sua trajetória profissional começou a ganhar novos horizontes quando, em 2014, sua mãe foi diagnosticada com câncer de pâncreas. “É uma doença que não tem cura. O tratamento é só a quimioterapia, para conter os sintomas.”
“Ela tinha muita dor, insônia, dificuldade de se alimentar. Em seu último mês de vida, com bastante sintomas, eu perguntei o que ela achava de tentar a Cannabis, como um paliativo.”
“Ela topou. Naquela época, a Cannabis medicinal não era desenvolvida como atualemente e eu dei a flor inalada mesmo. Eu lembro que, da primeira vez que ela fumou, ela comeu peixe, depois comeu um pote de sorvete, dormiu a tarde inteira e ficou muito feliz, por ter podido ter esses momentos de paz.”
“Algumas semanas depois, ela veio a falecer, mas, durante esse período, a Cannabis pôde dar a ela um pouco de conforto. Depois disso, claro, eu sempre segui acompanhando as novidades da Cannabis medicinal.”
Cirurgiã-dentista canábica
A evolução veio e, em 2020, decidiu mergulhar no universo da Cannabis e entrou em uma pós-graduação. “Eu era a única dentista. Os outros colegas eram praticamente todos os médicos. Tinha uma psicóloga e um advogado também.”
“Eu fui vendo que era possível trabalhar, fazendo a modulação e ativação do sistema endocanabinoide, que é isso que a Cannabis faz, e oferecer aos meus pacientes um pouco mais de qualidade de vida.”
“O sistema endocanabinoide está ligado aos sistemas de dopamina e serotonina. O bruxismo do sono está ligado à uma disfunção na dopamina e o de vigília, à de serotonina. O óleo rico em canabidiol consegue modular esses sistemas e diminuir a atividade parafuncional do bruxismo.”
“O bruxismo também pode levar o paciente a sentir dores. Está bem descrito na literatura que a Cannabis ajuda bastante no tratamento de dores crônicas. Fisiologicamente, assim como funciona na dor da lombar ou do joelho, vai funcionar em uma dor na face. Com base nisso, nós, cirurgiões-dentistas, começamos pioneiramente a prescrever o produtos de Cannabis.”
Atendimento multidisciplinar
Na prática da profissão, porém, percebeu que sua atuação poderia ir muito além. “Todo mundo vai ao dentista. Quem tem Parkinson, Alzheimer, autismo, quem ronca, até quem não tem dente, todo mundo tem que ir ao dentista.”
“Eu percebi que, na Odontologia, a gente precisa estar atento para fazer a conexão entre a condição sistêmica dos nossos pacientes e de que maneira eles podem se beneficiar de um tratamento com Cannabis.”
“Muitas vezes, os pacientes têm comorbidades, que são condições odontológicas que o dentista pode tratar. Por exemplo, Parkinson costuma apresentar bruxismo. Eu vou tratar com Cannabis e ele relata uma melhora nos tremores. É importante um atendimento multidisciplinar de saúde para cuidar daquele paciente.”
A dentista exemplifica com o caso de um tratamento de bruxismo. “Um paciente jovem, com 32 anos, com bruxismo e disfunção do sono. Sentia muitas dores e também era viciado em nicotina. Entrei com o óleo e as flores, por causa da fissura de fumar.”
“Ele venceu a nicotina e melhorou bastante. A ponto de ser o primeiro paciente a conseguir habeas corpus para o cultivo com prescrição odontológica no Brasil. Hoje ele produz o próprio medicamento e foi uma coisa muito legal para a Odontologia.”
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Divisor de águas para a cirurgiã-dentista
Há três anos trabalhando com a prescrição da Cannabis medicinal, Rosa conta que o entendimento do sistema endocanabinoide chegou para mudar, não só sua trajetória profissional, mas a de todos aqueles que cuidam da saúde dos pacientes.
“A Cannabis mira em uma coisa, mas acaba melhorando toda a condição do paciente. Traz o equilíbrio das funções e é muito legal entregar isso ao paciente. Foi um divisor de águas em minha prática clínica.”
“A Cannabis traz a oportunidade para a gente viver melhor. A Medicina conseguiu aumentar nossa expectativa de vida, olhando para as doenças, com o uso de vacinas e antibióticos. Porém, com esse aumento de expectativa, vieram as novas doenças crônicas.”
“Com os canabinoides, podemos parar de olhar para a doença e mirar na qualidade de vida do paciente. Em outras palavras, como a gente vai envelhecer e usar melhor o tempo que a gente tem aqui. Não somente pelo uso específico da Cannabis, mas ela permitiu o entendimento do sistema endocanabinoide e, assim, descobrir mais sobre a importância de uma boa alimentação, descanso e atividade física.”
“O profissional da área da saúde que se dispõe a trabalhar com Cannabis, vai, obrigatoriamente, prestar um atendimento humanizado. Da mesma forma, vai ter que investigar mais, entender todo o contexto daquele paciente, para mudar seus hábitos. Assim, a Cannabis trouxe também essa oportunidade de a gente humanizar mais a prestação de serviço na saúde.”
“Estamos saindo um pouco dessa era muito mecanicista. Especialmente na Odontologia, de fato, parece que tem colegas que só enxergam uma boca. Não tem todo um ser humano carregando aquela boca pelo mundo. Eu acredito que esse é o papel da Cannabis e ela só tem a beneficiar os pacientes.”
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