O gosto pelo aprendizado, interesse pela saúde do paciente e mais de três décadas de Odontologia renderam diversas especializações para o cirurgião dentista Luiz Eduardo de Carvalho.
De início, Cirurgia Bucomaxilofacial, com três anos de residência médica. Em seguida, Implantologia, com direito à mestrado. “Sempre atuei nessas áreas, mas me interessava muito por tratamento de ronco e apneia e fui fazer curso com um neurologista.”
Desde então, há 20 anos, Carvalho atua também tratando ronco e apneia e, hoje, desenvolve e confecciona os aparelhos utilizados por seus pacientes no controle desses sintomas. Experiência que o levou à faculdade, como Coordenador de Curso na área de Odontologia do Sono, do esporte e bruxismo.
Redução de danos
Carvalho é dentista de atletas de alta performance. “Atendo campeão mundial de jiu-jitsu, campeão brasileiro de crossfit, campeão mundial de halteres, de queda de braço.”
“É super normal esses atletas apertarem os dentes. Faz parte da característica deles. Na hora de fazer força, apertam os dentes e eu tenho que fazer muito aparelho, para proteger os dentes, gengiva, articulações, e não fraturar os próprios dentes, durante os treinos e provas.”
Tanto entre os atletas, como entre os demais pacientes, uma preocupação do Carvalho sempre foi as medicações alopáticas. “Eu respeito muito o cuidado com o fígado, com o rim. Não exacerbar na medicação dos pacientes e procurar não cair em um vício para o paciente.”
Cannabis na Odontologia
Sendo assim, quando escutou que a Cannabis medicinal poderia ser uma alternativa menos danosa para seus pacientes, passou a estudar o assunto. “Eu tenho um hábito de, quando eu ouço alguma coisa, ir pesquisar. Não deixo assim passar batido, só porque alguém falou que é bom ou ruim.”
“Eu já havia ouvido falar, mas no tratamento de crianças que têm convulsão. Fui atrás, na primeira vez que ouvi falar a respeito de dor e tratamento de ansiedade. Eu sempre senti uma frustração, porque o tratamento com a placa serve para não fraturar os dentes, mas não cuida da causa, que é no âmbito emocional.”
Para se aprofundar, buscou cursos com duas referências na Odontologia canabinoide, Guilherme Martins e Claudia Tambelli, e há dois anos é prescritor de Cannabis medicinal.
Estresse e ansiedade
“Minha primeira paciente começou a viver um estresse muito grande, depois que os filhos saíram de casa. Criou aquela síndrome do ninho vazio e, pelo estresse, fraturou o dentre inteirinho e tive que pôr implante.”
“Depois, ela acabou entrando em um relacionamento abusivo, começou a apertar mais os dentes e quebrar a restauração. Eu a tratava com a placa de bruxismo, mas ela estava em um caminho de estresse muito grande.”
“Foi tudo concomitante. Ela saiu do relacionamento abusivo e eu entrei com o CBD. Em três dias, ela já disse que estava dormindo melhor, apertava bem menos os dentes, sentia menos dor na musculatura da face, cabeça e pescoço.”
“Eu sempre friso para o paciente que eu não estou tratando estresse e ansiedade, que é de outra área terapêutica. Já teve médico que me questionou e eu expliquei que tem reflexo na boca, por meio do bruxismo, e é preciso considerar o estresse e ansiedade para o tratamento.”
Os demais benefícios são colaterais. “Eu trato o bruxismo e, por reflexo, diminui o estresse e a ansiedade. Além disso, também vai melhorar o sono. São os benefícios que eu vejo em todo paciente que toma.”
Experiência própria
Tanto que, quando chegou a sua vez de ser paciente, soube exatamente a quem recorrer. “Eu estava fazendo uma cirurgia longa, de 4 horas, e assim que acabei, fiz o movimento de virar e tive uma lesão na coluna. Não conseguia nem respirar e tive que parar por um mês.”
“Eu já fui no ortopedista que eu sabia que tratava com canabinoides. Tomei alopáticos só no começo, quando eu estava com muita dor, mas já entrei com os fitocanabinoides, fui tirando os outros remédios, e o resultado foi excelente. Hoje eu tomo o CBD de rotina.”
Excitabilidade cerebral
Eessa experiência só reafirmou sua confiança no tratamento canabinoide. “Sou um dentista que se preocupa muito com o emocional do paciente. A Cannabis diminui o processo de excitabilidade cerebral, que vai afetar diretamente no controle do estresse e da ansiedade.”
“E você não tem parada cardíaca, não atinge a área de respiração, não tem histórico de vício, nem alergia, ou algum outro tipo de contraindicação, a não ser para crianças e mulheres grávidas.”
Cuidado individual
Com a Cannabis medicinal, Carvalho pode colocar em prática o tipo de atendimento que acredita ser mais benéfico para seus pacientes.
“O diferencial do meu atendimento é a minha abordagem. Ela inclui entender a área psicológica deles, entender o estresse e ansiedade do paciente. Nesse sentido, a Cannabis permite que eu faça uma abordagem mais individualizada.”
“Você não vai receitar um comprimido, mas sim fazer um aumento escalonado. até o ponto em que essa pessoa responde melhor. Trabalhar com a Cannabis está dentro dessa minha mentalidade de cuidado com o paciente.”
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