Três anos seguidos prestando vestibular para veterinária e nada de Lucia Helena Mercuri, hoje especialista em fisiatria, passar. “Foi quando eu tive um insight que esse não era o meu caminho. Eu queria alguma coisa em que pudesse ajudar e pensei que seria mais útil se o fizesse com humanos.”
Decidiu, então, prestar medicina e foi aprovada. “Eu sempre gostei de animal, planta e criança, e decidi fazer pediatria. Comecei o estágio e não gostei. Era muita dificuldade lidar com a família, gente adulta que maltrata criança indefesa, e aquilo foi me incomodando.”
Até que, já no quinto ano de faculdade, dentro da grade de ortopedia, conheceu a fisiatria. “Era 1990. Eu nunca tinha escutado falar de fisiatria e reabilitação, e me chamou atenção.”
A ex-atleta e a fisiatria
“Eu fui atleta profissional de vôlei por 13 anos. Tive várias lesões, passei anos fazendo tratamento, fisioterapia. Principalmente no final, quando lesionei o joelho. Eu já tinha essa vivência e achei interessante pegar uma pessoa machucada e recuperar ela por meio de diversas terapêuticas.”
Se formou, fez especialização em fisiatria, e passou a atender em hospitais como a Santa Casa, a Escola Paulista de Medicina e o Lar Escola São Francisco.
“Era uma delícia. Tinha interação com vários terapeutas. Fazia muita interface com os outros profissionais da saúde que formam o corpo de reabilitação, como psicólogo e dentista, e aprendi muito.”
“A fisiatria é uma especialidade que faz interface com muitas outras situações, como dor crônica, problemas cardiológicos, respiratórios, ortopédicos, reumatológicos e neurológicos”
Limitações na fisiatria
Com 31 anos de medicina e 28 de fisiatria, porém, aos poucos Mercuri passou a ficar insatisfeita com a medicina que praticava. “Comecei a perceber que não temos muito recurso. Fui ficando insatisfeita de não conseguir ajudar mais aos pacientes.”
“Essa medicina praticada oprime a gente enquanto profissional da saúde. Você ter que atender tantos pacientes em tanto tempo. Tem que ter tal produtividade e isso obriga você a fazer coisas que não concorda. Abordagens que você sabe que são pouco eficientes.”
“Eu queria fazer mais e rompi com essa medicina de convênio. Que impõe que você peça um limite de exame, um limite de terapia, mas não tem que ter limite para a pessoa melhorar. Temos que fazer o máximo que podemos. Aí fui me desgostando.”
Introdução à Cannabis
Lucia Helena passou a buscar alternativas. “Comecei a me interessar por uma medicina mais ancestral. É nessa pegada que eu estou, estudando tratamentos mais holísticos, naturais. Foi como a Cannabis passou na minha frente.”
Por influência de uma amigo neurologista, fez o primeiro curso e não parou mais. Participou de formações e congressos, conheceu médicos com larga experiência, como Wellington Briques e Ailane Araujo.
Se filiou à Sociedade Brasileira de Estudo da Cannabis Sativa e, em setembro de 2022, foi convidada a fazer parte do Núcleo de Desenvolvimento de Medicina Canabinoide. “É um grupo de médicos que tem a proposta de fazer um atendimento com protocolos e objetivos claros. Criar uma cultura sobre o tratamento com Cannabis.”
“Eu venho trabalhando a Cannabis junto aos meus pacientes. Quando entendo que tem uma abertura, principalmente no serviço público, eu sempre indico o Cannabis & Saúde. Tem palestra, um monte de coisa, e a pessoa vai se informando sobre essa terapêutica que não é nova.”
“Melhor dos mundos”
“Eu fui percebendo que é uma terapêutica que tem muito valor para somar. Traz benefícios para coisas que a gente não consegue avançar. Você consegue abarcar uma quantidade muito grande de patologias que, às vezes, você fica batendo cabeça.”
“O sistema endocanabinoide só precisa de uma regulação para melhorar tantas funções fisiológicas. Você ainda poder intervir em alguma situação patológica usando um produto natural é o melhor dos mundos.”
De acordo com Mercuri, muito da discussão sobre a eficácia da Cannabis está envolta em hipocrisia. “Tem tanta coisa que faz mal para o paciente, não tem evidência, e a gente continua usando porque tá na farmácia.”
“ A gente que trabalha no front, no dia-a-dia, faz muita coisa que a evidência não mostra que funciona e você sabe que funciona e continua fazendo uso.”
Uma vida mais plena
A médica alerta, no entanto, que a saúde não está em simplesmente tomar o óleo de Cannabis. “Saúde é uma decisão de estilo de vida. As pessoas não podem achar que existe panaceia. Que algo vai curar da unha do pé ao fio do cabelo.”
“As pessoas têm que cuidar do corpo, da cabeça, da espiritualidade, do emocional. Temos que lembrar que nada existe sozinho. Temos sempre que olhar com carinho para o todo.”
“É comum um pacientes pedir um remédio para dormir, mas eu pergunto como ele dorme? E faz um monte de ações que atrapalham para relaxar e ter um bom sono. Tudo que existe de terapêutica, tem que ter uma participação da pessoa.”
“Os produtos de Cannabis vieram para colaborar na melhora, mas as pessoas têm que olhar mais para elas e viver uma vida mais plena. Uma vida com mais propósito.”
Agende sua consulta
Clique aqui para marcar uma consulta com a especialista em fisiatria e reabilitação Maria Helena Mercuri.
A médica faz parte de um time com mais de 200 profissionais de saúde, entre dentistas e médicos com diversas especialidades, que você encontra na plataforma de agendamento do portal Cannabis & Saúde.
Em comum, todos possuem ampla experiência na prescrição de Cannabis medicinal.