A carreira do Dr. Wellington Briques foi longe dos consultórios. Trabalhando na indústria farmacêutica, rodou o mundo, com cargos diretivos na Europa e Estados Unidos, atuou no desenvolvimento de novos medicamentos, principalmente na área oncológica. “Tinha acesso à pacientes por estudos clínicos”, conta.
Até que, em 2009, voltou ao Brasil e decidiu retomar a prática clínica. “Quando voltei, uma das patologias com a qual eu me deparei muito foi a questão da dor. Tudo quanto paciente tem dor: oncológico, de outras patologias, sempre com dor”, afirma Briques.
“Eu sempre trabalhei no outro espectro da medicina, desenvolvendo terapia para tratar câncer, que apresenta uma série de comorbidade. Uma frustração de todo médico é não ter uma terapia que pudesse aliviar mais os sintomas dos pacientes.”
Novos caminhos
A necessidade diária o levou à uma jornada em busca de terapias que pudessem complementar o tratamento com medicamentos alopáticos que o médico ajudava a desenvolver. Fez mestrado em acupuntura e se tornou especialista e professor em ozonioterapia, sempre em busca de algo que reduzisse as dores de seus pacientes.
Passou a estudar modulação hormonal e o envelhecimento, com todos os recursos capazes de proporcionar qualidade de vida no avançar da idade. Pesquisando sobre o que faziam as pessoas se sentirem bem que, em 2015, chegou à Cannabis medicinal.
Tratamento com Cannabis
“Eu comecei a estudar a Cannabis, agregando a esse arsenal que já vinha trabalhando”, explica. “Com a Cannabis, eu consigo diminuir a quantidade de medicações analgésicas que uma pessoa está tomando. Eu diminuo os alopáticos e seus efeitos colaterais. Sabendo trabalhar bem a Cannabis, conseguimos tratar os efeitos colaterais também.”
Dr. Briques se lembra de uma das primeiras experiências práticas de que a Cannabis poderia ser uma importante arma em seu arsenal terapêutico. Uma de suas pacientes, já com 79 anos, sendo os últimos 40 convivendo com intensas dores. Tendo pinos presos à coluna, prótese nos dois joelhos, ela tinha dificuldade para se locomover, mesmo com um andador.
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“Começamos o tratamento canabinoide e quando chegamos na dose correta, o filho dela me liga, em um sábado, na hora do almoço, chorando e agradecendo”, lembra. “Fazia muitos e muitos anos que ele não via a mãe de pé, sozinha no fogão, cozinhando e cantando. Esse tipo de acontecimento não tem preço. É muito gratificante.”
“Ocorre de forma muito frequente no consultório. O paciente ter anos de dor crônica. Quando a gente começa com a Cannabis, acerta a dose, o paciente passa a se sentir melhor. A dor não incomoda tanto quanto antes. Começa a fazer atividades que não fazia antes.”
Potencial da Cannabis medicinal
De acordo com o médico, a Cannabis entra em um conceito de medicina holística, que trata o paciente de forma completa e integrativa. “Consegue transformar um círculo vicioso em virtuoso”, diz Briques, que avisa:
“A Cannabis não é panaceia, mas é parte de um tratamento que alivia sintomas que o paciente está sentindo há muito tempo, e medicamentos alopáticos já não davam conta. A gente precisa ter mais dados e evidências científicas. É muito difícil dizer que vai o paciente irá tomar Cannabis e irá se sentir bem de qualquer coisa, qualquer patologia.”
Para o médico, ainda falta um longo caminho para que a Cannabis possa ser utilizada com todo seu potencial. “Não há evidência científica ainda. A gente sabe que o CBD tem evidências de melhorar neuroplasticidade e cognição. Pode ser uma boa evidência, mas precisa de estudo clínico para poder afirmar .”
“Hoje em dia ainda não dá para prescrever ou indicar qualquer substância da Cannabis como um medicamento de wellness (bem-estar) ou qualquer coisa do tipo. Estamos caminhando para isso, mas não temos evidência forte ainda”, finalizou.
“Precisamos desenvolver muita evidência clínica, estudo clínico, responder muita pergunta, e saber onde é o lugar da Cannabis dentro do arsenal terapêutico dos médicos.”