Fitofármaco derivado da Cannabis tem diversas aplicações terapêuticas e foi desenvolvido em parceria entre a USP e indústria farmacêutica do Paraná e custa R$ 2.143 com desconto
O primeiro extrato de canabidiol desenvolvido no Brasil já chegou às farmácias do Brasil. O produto é a uma parceria entre indústria farmacêutica e cientistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP). A solução oral possui 20o mg/ml de CBD e está sendo vendida por R$ 2.143 um frasco de 30 ml mais a seringa dosadora. Este é o valor com desconto, já que o preço real do produto é de R$ 2.500.
Fabricado pelo laboratório Prati-Donaduzzi, no Paraná, o produto foi liberado para comercialização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 22 de abril, e os primeiros lotes foram entregues ao mercado às vésperas do Dia das Mães, 10 de maio. Contudo, explica a USP, não adianta procurar o produto nas prateleiras, já que a venda está condicionada à apresentação de receituário tipo B (azul), de numeração controlada, a exemplo do que já ocorre com calmantes, antidepressivos e outras substâncias psicoativas, que atuam sobre o sistema nervoso central.
O produto brasileiro foi registrado como um fitofármaco (fármaco de origem vegetal), sem indicação clínica pré-definida. Significa que pode ser receitado para qualquer condição em que o CBD seja considerado potencialmente benéfico para o paciente. É diferente do medicamento Mevatyl (ou Sativex), único derivado de Cannabis disponível no mercado brasileiro até então e produzido pela britânica GW Pharma, que tem indicação específica para o tratamento de espasticidade (contrações musculares involuntárias) relacionada à esclerose múltipla.
O produto brasileiro é uma mistura de CBD puro (extraído de plantas de maconha importadas da Europa, já que o plantio no Brasil segue proibido, mesmo para fins terapêuticos) com óleo de milho. A fórmula, desenvolvida e patenteada pelos cientistas da USP, em parceria com a empresa, é isenta de tetra-hidrocanabinol (THC), a substância que dá o “barato” da maconha, quando a planta é fumada. O THC também tem efeitos terapêuticos comprovados para algumas aplicações — o Mevatyl, por exemplo, tem mais THC do que CBD. A falta de opções com THC no mercado é criticada por médicos e cientistas especialistas em Medicina Canabinoide.
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Antonio Zuardi – Foto: Arquivo pessoal
“A indicação fica a critério do médico”, resume Antonio Zuardi, de 73 anos, professor titular de Psiquiatria da FMRP e um dos pioneiros da pesquisa com derivados da maconha no Brasil e no mundo. A recomendação do Conselho Federal de Medicina (CFM), segundo ele, é que o produto só seja usado de forma “compassiva”, depois que todas as alternativas convencionais de tratamento já tiverem sido testadas sem sucesso.
“É uma responsabilidade do médico, compartilhada com o paciente e seus familiares, quando este não tiver condições de decidir sozinho”, explica Jaime Hallak, professor titular do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da FMRP, que também participou do desenvolvimento do produto.
CBD sintético
parceria entre USP e Prati-Donaduzzi começou em 2014, já prevendo o desenvolvimento de produtos e o depósito conjunto de patentes, além da realização de ensaios clínicos e a construção de um Centro de Pesquisa em Canabinóides no campus da FMRP. Além desse projeto, o pesquisadores trabalham no desenvolvimento de várias moléculas sintéticas, análogas ao CBD, que permitiriam produzir novos medicamentos sem a necessidade de usar a planta da maconha.
Com informações do Jornal da USP
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