A Comissão Atlética do estado de Nevada decidiu suspender nesta quarta-feira (07) a proibição de longa data aos atletas que usam maconha. A decisão abre as portas para boxeadores e lutadores do UFC competirem no maior palco do esporte, Las Vegas, com uso livre e aberto de Cannabis, o que irá facilitar o uso medicinal do THC por atletas.
A comissão regula os esportes de combate no estado, sendo a autoridade que define as regras para o Ultimate Fighting Championship e lutas de boxe que acontecem em Las Vegas, sede do UFC.
Por muitos anos, a comissão adotou uma linha dura em relação à Cannabis – proibindo a substância dentro e fora da competição. Isso colocava em risco as carreiras dos lutadores que diziam usar a maconha para ajudar a aliviar as dores dos treinamentos e lutas.
Quando tudo começou
Essa política começou a ser revista em 2015, quando Nick Diaz e o brasileiro Anderson Silva iriam se enfrentar. Ambos foram reprovados nos testes de drogas pós-luta.
Diaz para Cannabis e Anderson Silva para esteróides anabolizantes. Mas enquanto Silva foi banido por um ano, Diaz foi banido por 5 anos. Ele não lutou desde então. Ele, por outro lado, continuou fumando maconha abertamente.
Daqui para frente, os lutadores de UFC em Nevada só serão penalizados por uso de maconha se estiverem “prejudicados” na noite da luta com base em verificações visuais.
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Como fica daqui para a frente
A comissão continuará a testar a maconha pelos próximos seis meses – como parte da investigação da comissão sobre traumatismo craniano – mas não punirá os combatentes que usam maconha no treinamento.
Testes positivos de Cannabis não são considerados necessariamente indicativos de intoxicação ou mesmo uso recente. Os metabólitos da Cannabis são solúveis em gordura e podem permanecer no corpo por muitos dias ou semanas após o uso.
Por esta razão, o UFC em janeiro suspendeu sua própria proibição do uso de Cannabis no esporte, mas sem os oficiais atléticos de Nevada seguindo o exemplo, os lutadores ainda tinham que passar em um teste.
A decisão não é retroativa, o que significa que atletas pegos usando maconha antes de quarta-feira ainda serão suspensos.
Os lutadores do UFC Gillian Robertson e Misha Cirkunov receberam suspensões e multas por testes positivos de Cannabis. Robertson foi multado em US$ 3,1 mil e pode retomar a competição em 10 de agosto, e Cirkunov foi multado em $ 4.1 mil e pode retornar em 13 de setembro.
Pelo menos parte da decisão da Comissão Atlética se baseia no que parece ser um entendimento incorreto das políticas da Agência Mundial Antidoping (WADA).
A WADA liberou o canabidiol para atletas, mas ainda classifica a Cannabis como uma substância de abuso perigosa para os atletas e como uma droga para melhorar o desempenho. A corredora aspirante a medalha de ouro nas Olimpíadas dos EUA, Sha’Carri Richardson, que testou positivo para uso de Cannabis no mês passado, é o exemplo recente mais famoso de um atleta proibido de competir pelas regras da WADA.
“Acho que nosso objetivo é testar drogas que melhoram o desempenho para garantir condições equitativas”, disse o diretor executivo da comissão, Bob Bennett. “O fato de não ser uma droga para melhorar o desempenho, não acredito que devamos fazer mais testes.”
Mais pesquisas são necessárias
Deixando a confusão de Bennett de lado, pesquisadores contemporâneos em toxicologia e fisiologia da Cannabis não acreditam que haja evidências suficientes para classificar a Cannabis como potenciadora ou abusiva, e pediram mais pesquisas.
A pesquisa do uso da Cannabis no esporte vem sendo cada vez mais uma necessidade, tanto é que a Liga de Futebol Americano, NFL vai destinar mais de R$ 5 milhões para o estudo de tratamentos não farmacológicos para a dor.
As informações são da Forbes