O glaucoma é uma doença degenerativa que não possui cura. Estima-se que essa é a segunda maior causa de cegueira no mundo, perdendo apenas para a catarata. Faz-se importante, então, saber como amenizar o problema. E aí trazemos alternativas interessantes, como o uso do canabidiol (CBD) para glaucoma.
Apesar de haver medicamentos disponíveis no mercado, não é pequeno o grupo de pacientes que não se adaptam com as prescrições médicas convencionais.
Com isso, o potencial medicinal da Cannabis põe-se como uma saída ante à medicina tradicional.
Por isso, nesse artigo você encontra todas as informações sobre o glaucoma e como as propriedades curativas da cannabis podem auxiliar no tratamento do glaucoma.
O que é o glaucoma?
O glaucoma é um grupo de desordens que resultam em degeneração progressiva do nervo óptico.
Nesse grupo, o dano progressivo do nervo óptico culmina em cegueira. Essa é uma condição que não tem cura, e seu tratamento baseia-se no retardo de sua progressão.
Como o glaucoma afeta a visão?
O processamento de informação visual ocorre a partir do momento em que os olhos recebem estímulo luminoso. A partir daí, os táxons neurais transmitem essa informação aos gânglios retinais, que são células responsáveis pelo processamento da informação visual. Por esse lado, o glaucoma é responsável pela danificação dessas células.
Afinal, no curso da doença é observada a morte celular desses gânglios. Para piorar, essas células não podem ser renovadas, levando o indivíduo à perda progressiva da visão.
Causas do glaucoma
Ainda não se sabe exatamente as causas exatas do glaucoma. Entretanto, foi observado um padrão no aumento da pressão ocular em pacientes com a doença.
Além disso, outros fatores como hereditariedade e lesões vêm sendo investigados.
Aumento da pressão ocular no glaucoma
Nossos olhos contém um sistema específico de irrigação, para mantê-lo hidratado e nutrido (humor aquoso).
Para isso, existe o sistema de hidratação e drenagem. Esses sistemas atuam de forma conjunta, como se fosse uma calha.
Nele, o humor aquoso escoa como a água de chuva em uma calha de casa: entra pela íris e chega à frente do olho através da pupila.
Assim, se em dias chuvosos a calha entope ou folhas comecem a acumular, o líquido não é escoado até o ralo/bueiro.
Dessa forma, a pressão dentro da calha irá aumentar. Similarmente, o mesmo ocorre com o fluxo sanguíneo intraocular, que aumenta a sua pressão.
Como resultado, o nervo óptico passa a sofrer microlesões. E essa lesão progressiva é chamada de glaucoma. Vale ressaltar que qualquer aumento da pressão intraocular já pode desencadear o glaucoma.
Outros fatores que podem causar glaucoma
Entretanto, existem pacientes com glaucoma com pressão intra-ocular de nível normal. Por isso, especula-se que existem outros fatores que podem estar relacionados com essas microlesões.
A partir de diversas pesquisas, foram observados como outras possíveis causas como:
- Distúrbio do fluxo sanguíneo em geral;
- Rompimento no fluxo sanguíneo do nervo óptico;
- Hereditariedade
Além disso, causas como a lesão mecânica do nervo óptico também já foram confirmadas.
Fatores de risco para glaucoma
Com isso, os principais fatores de risco para glaucoma englobam:
- etnia africana ou latina (brasileiros se encaixam);
- diabetes;
- obesidade;
- uso prolongado de corticoides (aumento da pressão intra-ocular);
- miopia ou hipermetropia;
- hereditariedade;
- histórico de lesão ocular.
A quem o glaucoma acomete?
O glaucoma pode ocorrer em qualquer idade. Entretanto, estudos indicam que o glaucoma é seis vezes mais frequente em adultos de 60 anos.
Inclusive, estudos indicam que dentre os adultos acima de 50 anos acometidos pela cegueira, 8,49% foram decorrentes do glaucoma.
Outro ponto é a projeção de que à medida que a população envelheça, maior seja o número de acometidos por glaucoma. Junto a isso, com o aumento da expectativa de vida, maior será o número de idosos na idade de desenvolvimento de glaucoma.
De acordo com dados da ONU, em 2017 a população de idosos mundial era de 962 milhões. Entretanto, as projeções esperam que até 2050 o número de idosos tenha triplicado.
Assim, espera-se que a medida que a população cresça e envelheça, maiores serão os números de acometidos pela doença.
Qual a probabilidade de ficar cego com glaucoma?
O glaucoma é uma doença degenerativa que, apesar de tratável, é classificada como sem cura. Por isso, é considerado que todo paciente com glaucoma eventualmente desenvolverá cegueira bilateral (ambos os olhos).
Para suportar essa ideia, um estudo realizado na Suécia mostrou que um a cada seis pacientes tiveram cegueira bilateral em uma média de 12 anos.
Os outros cinco pacientes não foram curados, apenas faleceram antes da progressão completa da doença.
Tipos de glaucoma e sintomas
Não existe apenas um tipo de glaucoma e, por consequência, os sintomas podem ser diferentes.
Leia mais abaixo:
Glaucoma de ângulo aberto
O que é o glaucoma de ângulo aberto?
No glaucoma de ângulo aberto, também há obstrução na câmara anterior entre a córnea e a pupila. Nela, a pressão intraocular ocasiona dano no nervo óptico.
Essa é a forma mais comum da doença e está intimamente ligada à pressão intraocular.
Sintomas do glaucoma de ângulo aberto
Os principais sintomas do glaucoma de ângulo aberto são:
- Dor ocular;
- Vermelhidão ocular;
- Coceira ocular;
- Perda do campo de visão
Glaucoma de ângulo fechado
O que é o glaucoma de ângulo fechado?
No glaucoma de ângulo fechado, há uma obstrução entre a córnea e a pupila, sem dano da íris.
Apesar de ser mais raro, esse tipo de glaucoma está associado à progressão mais rápida da doença.
Sintomas do glaucoma de ângulo fechado
Os principais sintomas do glaucoma de ângulo fechado são similares aos de ângulo aberto. Entretanto, o paciente ainda pode ter a sensação de formação de halos coloridos ao redor dos olhos, náusea e cefaleia.
Glaucoma congênito
O que é o glaucoma congênito?
Por outro lado, o glaucoma congênito ocorre quando a criança possui um defeito ocular que reduz a capacidade do sistema de drenagem (as “calhas”).
Essa é uma má formação no ângulo do olho, que também resulta no aumento da pressão ocular.
Ou seja, no glaucoma congênito também há o aumento da pressão ocular. Mas, ao invés de ser devido a um entupimento, a causa é uma má formação no ângulo do olho.
Sintomas do glaucoma congênito
Os sintomas do glaucoma congênito manifestam-se desde a primeira infância. Em crianças acometidas pela doença, usualmente os sintomas são:
- pupila dilatada;
- sensibilidade à luz;
- olhos turvos;
- lacrimejamento em excesso.
Como é feito o diagnóstico do glaucoma?
Uma vez que existem múltiplas causas para diagnosticar o glaucoma, são realizados mais de um exame para avaliar o paciente.
Para tal, o médico oftalmologista primeiro realiza a anamnese, coletando do paciente dados e informações cruciais.
A partir de então, o clínico realiza os exames que forem necessários. Dentre os tipos de exames realizados estão as avaliações: do campo visual; da pressão intraocular; do nervo óptico e da córnea.
Além disso, exames de imagem são realizados para suspeitas e também para acompanhamento. Afinal, como é uma doença progressiva, o acompanhamento periódico ajuda o médico na decisão de tratamentos e recursos que sejam necessários.
Vale a pena ressaltar que o diagnóstico precoce da doença é fundamental. Pois, quanto antes o tratamento for iniciado, maiores as chances de retardar a doença.
Quais são e como funcionam os tratamentos tradicionais
O diagnóstico precoce do glaucoma auxilia no retardo contínuo da condição. Por isso, é ideal que o paciente siga as recomendações médicas desde o dia em que foi diagnosticado.
Para esse fim, existem diversos medicamentos orais, colírios, e técnicas cirúrgicas e de laser.
Colírios (aplicação local)
Existem três classes principais de colírios indicados para o tratamento local:
- Análogos de prostaglandina: receitados no início do tratamento. Atua reduzindo a pressão intra-ocular;
- Beta-bloqueadores: alternativa para pacientes que não podem ser medicados com inibidores de prostaglandina ou que não se adaptaram ao medicamento. Essa classe reduz a pressão intra-ocular diminuindo a produção do humor aquoso;
- Agonistas alfa-adrenérgicos: atua reduzindo a pressão intra-ocular de duas formas, a redução da produção do humor aquoso, e aumento do fluxo uveoscleral;
Que colírio usar para glaucoma?
Para cada classe de colírios descritos acima, existem moléculas diferentes produzidas por diferentes farmacêuticas. Dessa forma, existem mais de uma opção para a mesma classe de colírios:
- Análogos de prostaglandina: Latanoprost, Bimatoprost e Tafluprost são exemplos.
- Beta-bloqueadores: Timolol, Levobunolol e Betaxolol são exemplos.
- Agonistas alfa-adrenérgicos: Brimonidina
Medicamentos orais (efeito sistêmico)
Medicamentos de administração por via oral são degradados no fígado e circulam de forma sistêmica. Ou seja, podem ter efeitos em diferentes locais do corpo.
Para o tratamento oral, estão disponíveis no mercado os medicamentos: Netarsudil; Latanoprostene bunod; e Letanoprostil.
Todos esses medicamentos são capazes de melhorar o fluxo sanguíneo trabecular e uveoscleral.
Além disso, o Netarsudil e Letanoprostil são capazes de reduzir a produção do humor aquoso e também reduzir a pressão episcleral venosa.
Laser (trabeculoplastia a laser)
A terapia a laser é utilizada como medida suplementar quando há dificuldades no controle da pressão intraocular. Entretanto, o laser possui uma eficácia apenas moderada.
Essa terapia é realizada com o intuito de melhorar o fluxo sanguíneo. Dessa forma, é capaz de reduzir moderadamente o progresso da doença.
Cirurgia para glaucoma
As medidas cirúrgicas são a última opção de tratamento para o glaucoma. Atualmente, existem algumas cirurgias capazes de conter a progressão da doença. Dentre elas, a trabeculectomia é a mais utilizada.
Trabeculectomia
Nesse procedimento, uma via alternativa é criada para promover o escoamento do humor aquoso.
Dessa forma, o líquido é escoado pela conjuntiva e a pressão intraocular é reduzida. Em comparação com a trabeculoplastia a laser, pacientes que realizam a trabeculectomia têm uma progressão mais lenta da doença.
Entretanto, vale ressaltar aqui que essa cirurgia não é efetiva em pacientes que possuem o glaucoma que possuem pressão intraocular normal. Esses pacientes possuem danificações diretas no nervo ocular.
Efeitos colaterais dos tratamentos tradicionais para glaucoma
Tanto os medicamentos administrados por via oral quanto os colírios para uso tópico registram uma longa lista de efeitos adversos.
Especula-se que os próprios efeitos colaterais sejam causadores de desistências de tratamento ou troca frequente dos medicamentos utilizados.
Efeitos colaterais do colírio para glaucoma
Os efeitos colaterais dos colírios variam de acordo com a classe a qual ele integra.
Por exemplo, para análogos de prostaglandina podem ocorrer escurecimento da cor da íris, pele e ao redor dos olhos; acúmulo de gordura ao redor do olho, cílios mais longos e escuros.
Por outro lado, os betabloqueadores podem trazer os seguintes problemas:
- agravamento de doenças pulmonares;
- causar insônia e tonturas;
- diminuição na libido;
- impotência sexual;
- redução da pressão arterial e frequência cardíaca.
Além disso, os betabloqueadores podem “mascarar” os índices glicêmicos em indivíduos diabéticos em tratamento. Dessa forma, não é possível identificar quedas glicêmicas.
Por isso, além de ser contra-indicado para indivíduos asmáticos e brônquicos, os betabloqueadores também são contra-indicados a diabéticos.
Efeitos colaterais dos medicamentos orais para glaucoma
Assim como os colírios, os medicamentos de uso oral também podem gerar diversos efeitos colaterais, como tontura, diarréia, perda de apetite, fadiga e gosto metálico. Além disso, o uso da acetazolamida pode levar também à perda de potássio.
CBD e THC no tratamento para glaucoma
O uso da Cannabis e sua capacidade medicinal no tratamento do glaucoma é estudado desde os anos 70.
Desde então, diversos estudos investigaram a ação do do CBD (cannabidiol) e do THC (Δ9-tetrahidrocanabinol) e como substâncias potenciais no tratamento de glaucoma.
A partir de diversos estudos em organismos modelos como camundongos evidenciaram que o THC age de forma sistêmica reduzindo a pressão intraocular. Entretanto, ainda não se sabe ao certo qual o mecanismo de ação do THC.
Entretanto, um estudo publicado pelo Jornal “Investigative Ophthalmology & Visual Science” demonstrou que o CBD pode reduzir o efeito potencial do THC isolado.
Porém, alguns pacientes optam pelo uso do CBD no tratamento do Glaucoma por melhor adaptação.
THC e CBD, o que realmente funciona para glaucoma?
Sabe-se que os compostos canabinóides são capazes de reduzir a pressão intra-ocular além de ter ações neuroprotetoras. Entretanto, em estudos preliminares, o THC leva a melhor no tratamento para glaucoma.
Além disso, espera-se que com o emprego da biotecnologia seja possível desenvolver uma forma de aumentar a janela de duração do THC.
Isso acontece pois, apesar de reduzir a pressão intraocular, sua ação tem a duração de apenas algumas horas.
Mas e o colírio?
O THC é uma molécula apolar, ou seja, não tem grande interação com a água. Dessa forma, apesar de já existirem colírios com compostos canabinóides, muitos estudos buscam aumentar a biodisponibilidade do THC a fim de reduzir o uso constante do colírio.
Dessa forma, existem estudos que tentam sintetizar moléculas que tenham ação similar ao THC mas que sejam hidrofílicas (afinidade por água).
Por outro lado, outro estudo vem avaliando o uso de nanopartículas para utilizarem o ácido cannabigerólico (CBGA).
Esse ácido é uma das moléculas precursoras do THC. Assim, é esperado que ao aplicar ocorra a liberação lenta desse precursor nos olhos.
A partir daí, seria o próprio olho o responsável pela produção de endocanabinoides que atuarão de forma similar ao THC.
Entretanto, o uso mais difundido de forma medicinal é o consumo de cápsulas/óleo de THC.
Caso concreto de paciente que utilizou CBD para glaucoma
Desde a década de 70 são reportados casos de pacientes que tiveram o processo de perda de visão retardado graças à Cannabis. Em sua maioria, os pacientes relatam melhoras através do próprio uso por inalação da Cannabis.
Mas, pacientes ao redor de todo o mundo que sofrem da doença relatam melhoras inacreditáveis. Este é o caso de Alexander Morentin, da Califórnia, nos Estados Unidos.
Em sua página Glaucoma Hope no facebook, Alexander relata que a sete anos faz o uso de canabinóides para tratar seu glaucoma.
Segundo o empresário, o uso do óleo de cannabis ajudou a reduzir sua pressão intraocular e também na redução das dores oriundas da condição.
Para ler na íntegra essa história, clique aqui.
Como buscar tratamento com medicamento à base de CBD para glaucoma?
Se você tem interesse em realizar o tratamento do glaucoma usando medicamentos à base da Cannabis, você deve procurar médicos que tenham experiência no tratamento canabinoide.
De acordo com a Regulamentação da Anvisa (RDC 660), apenas um profissional de saúde habilitado pode fazer a prescrição dos medicamentos à base de cannabis.
Entretanto, menos de 0,4% dos médicos brasileiros tem experiência com a terapia canabinoide, o que faz com que nem sempre seja fácil encontrar algum profissional que possa te ajudar com esse tipo de tratamento.
Por isso, nós do Portal Cannabis e Saúde criamos uma plataforma de conexão entre médicos e pacientes, onde você pode encontrar médicos confiáveis de diversas especialidades que realizam esse tipo de prescrição.
A prescrição depende do parecer médico, que avaliará se a Cannabis ou os canabinoides devem ser utilizados em cada caso ou não.
De todo modo, a consulta com estes médicos permite à você entender melhor sobre o tratamento e as formas que esses medicamentos são administrados.
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Conclusão
O glaucoma é uma condição degenerativa do nervo óptico que leva à cegueira. Apesar de ser conhecida há décadas, ainda não se sabe completamente seu mecanismo e a doença não há cura.
Atualmente, os métodos de tratamento do glaucoma visam retardar a progressão da doença.
Nesse sentido, o THC é uma molécula em potencial, que já demonstrou auxiliar na redução da pressão intraocular em indivíduos com glaucoma. Estudos e relatos confirmam esse potencial, e geram interesse tanto por cientistas quanto por empresas.