Especialista em urologia e pós-graduado em medicina integrativa, o médico Ricardo Vieira Ferreira mudou sua visão da medicina para cuidar da própria saúde e, no caminho, encontrou a Cannabis
Urologista desde 1994, o médico Ricardo Vieira Ferreira vivenciou uma transformação quando sua própria saúde demandou atenção. “Em 2016, eu tava obeso. Eu pesava uns 110 Kg, quase estava hipertenso. Tinha desenvolvido uma arritmia cardíaca, já estava diabético e não sabia. Minha insulina estava estourada há muito tempo”, lembra.
“Eu desenvolvi uma úlcera e tive que ficar internado. Quase rompeu a úlcera e daí eu vi que tinha alguma coisa errada. Eu falei: não é possível. Eu estava com 49 anos e vi que ia morrer cedo. Porque do jeito que eu estava, era o que ia acontecer.”
Medicina integrativa
Vieira decidiu que precisava se cuidar e encontrou o caminho na medicina integrativa. “Se hoje você está hipertenso e vai ao cardiologista, ele vai te dar um anti-hipertensivo e você vai ficar dependente do anti-hipertensivo a vida inteira. Não tá tratando a causa da sua hipertensão”, diz Vieira.
“Se você vai ao endocrinologista, ele vai tratar sua diabetes com remédio para diabético, insulina e você vai ficar dependente do remédio e a vida inteira. Isso só é bom para para indústria farmacêutica. Para o paciente não é bom”, continuou.
“Na medicina integrativa não. A gente vai buscar a causa das doenças. Por que ficou hipertenso? Por que você ficou diabético? Por que você desenvolveu uma doença autoimune? A gente vai tratar a causa das doenças por meio da mudança de estilo de vida. Alimentação adequada, atividade física.”
Mudança de vida
Vieira foi atrás da cura. Mudou a alimentação, deu início à prática de exercícios, acompanhado de reposição de vitaminas, sais minerais e hormonais. Em dois anos, 25 quilos mais magros, virou atleta. Um processo intenso de desintoxicação.
“Já corri meia maratona. Não tenho mais pressão alta, não tenho diabetes, não tenho úlcera. Não tenho nada, não tomo remédio nenhum. Isso me estimulou a seguir esse caminho”, diz. “A medicina tradicional é uma doença, um remédio. Você não cura ninguém. Eu segui pelo caminho da medicina integrativa e foi nesse que eu conheci a Cannabis.”
Encontro com a Cannabis
Vieira já havia escutado falar dos benefícios da Cannabis medicinal, mas ainda não fazia parte de seu arsenal terapêutico. Até que em uma aula do curso de pós-graduação em medicina integrativa, conheceu a doutora Carolina Nocetti, fundadora da InterCan (International Cannabis Academy), centro de educação sobre sistema endocanabinoide e Cannabis medicinal.
Desse primeiro contato, surgiu o interesse. “Comecei a estudar sobre os óleos, sobre o CBD, os efeitos, as patologias que poderia usar”, conta. “Entrei em contato com outros médicos que já trabalham com a Cannabis e inclusive da pós-graduação. O Pedro Pulcherio Filho estava na minha turma de pós-graduação. Converso muito com ele e fui me empenhando também na medicina canábica e tratar alguns pacientes, inclusive a minha mãe.”
Urologista prescritor de Cannabis
Hoje, Ricardo Vieira divide sua atuação entre urologia e a medicina integrativa, e há cerca de um ano e meio é prescritor de Cannabis medicinal. Nesse tempo, acumula histórias de pacientes que viram sua qualidade de vida mudar graças à Cannabis medicinal.
“Um homem havia sofrido um acidente de moto que o deixou com uma lesão no nervo plexo braquial. Ele ficou com o membro superior esquerdo completamente atrofiado e sentia muita dor. Tomava remédios, mas nada melhorava esse paciente. Quando chegou, ele fumava maconha porque era a única coisa que trava um pouco a dor.”
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“Eu comecei com a Cannabis e, hoje, ele não precisa mais tomar remédio alopático. Ele tomava muita coisa, e hoje ele só toma eventualmente um analgésico quando tem um pouco mais de dor. Mas, comparado com o que sentia, não é nada.”
Benefícios da Cannabis
A Cannabis medicinal também adentrou a urologia. “Eu tenho paciente dentro da urologia. Pacientes por exemplo que com câncer de próstata. Já existem estudos que mostram que a Cannabis pode frear um processo de eventual de um câncer. Ela pode ajudar também na melhora da hiperplasia prostática. Então eu tenho utilizado nesses pacientes.”
Se comparado com os medicamentos alopáticos tradicionais, os benefícios da Cannabis são incomparáveis. “Eu costumo dizer para os meus pacientes que se remédio fosse bom, não chamava remédio. Todo remédio é um extraterrestre que você bota na sua boca. O corpo não foi preparado para aquele tipo de química. É diferente de você colocar um pedaço de alimento pela boca. Teu DNA sabe o que é aquilo e ele vai reagir de uma forma boa. O remédio não. Você vai ter um efeito químico desejado ou indesejado, com diversos efeitos colaterais.”
A Cannabis funciona como o alimento. “Eu tive muito poucos efeitos colaterais com a Cannabis nos meus pacientes. Eventualmente uma sonolência um pouco maior no início do tratamento, mas não existe comparação. O corpo está preparado para receber os fitocanabinoides.”
Segundo ele, estamos apenas começando a conhecer os benefícios da Cannabis na medicina moderna. “É um uma opção extremamente viável e até mais barata, se pensar no tanto de medicamento que as pessoas tomam. Então vai ser eu acho que é um caminho sem volta a Cannabis tomar o lugar que merece na medicina”, conclui.
“Ela já existe há milhares de anos. Há milênios já é usada na medicina chinesa. Na medicina ayurvédica existem relatos de uso. A gente vê ainda para colegas que têm preconceito, mas são colegas não se atualizam. Não estudam.”