No quadro ‘O CEO Responde’ dessa semana ouvimos Scott Kanyok, fundador e CEO da norte-americana UB Super. Com uma proposta inovadora de suplementação alimentar à base de canabinoides (moléculas medicinais da Cannabis), a empresa chega ao Brasil para mostrar as potencialidades do cânhamo e como partes da planta podem ser utilizadas nas refeições diárias.
Para montar a empresa focada em saúde e bem-estar, Kanyok traz na bagagem experiência em consultoria financeira, uma imersão na floresta Amazônia e um acidente grave que por pouco não ceifou a vida do empresário. Desde então, Scott se dedica a desenvolver produtos de primeira linha com plantas medicinais orgânicas, muitas importadas do Brasil.
Além de óleos com canabinoides, a empresa quer se posicionar no mercado brasileiro como pioneira em trazer produtos alimentícios feitos com o extrato do cânhamo. O shake – que para entrar no Brasil precisa de receita médica – contém propriedades antioxidantes e probióticas. É rico em proteína, ômegas 3, 6 e 9, polivitamínico e promete substituir uma refeição completa. Além do cânhamo, o shake ainda é composto de outros 35 ingredientes 100% orgânicos.
Paralelamente a UB Super, Kanyok também desembarca no Brasil com a Meticulous Skincare, uma linha produtos dedicados aos cuidados da pele, também desenvolvidos a partir de ingredientes integrais à base de plantas medicinais.
Quer saber mais sobre como os canabinoides e o cânhamo podem ser usados na suplementação alimentar? Não deixe de ler a reportagem até o fim.
Qual é a sua visão sobre o mercado brasileiro de Cannabis?
Acredito que pode se transformar em um grande mercado. Também acredito que a inovação será o motor. Meu sentimento é que os canabinoides de amplo espectro não produzirão eficácia apenas para os pacientes. Acho que precisamos tratar a inflamação e a oxidação em pacientes, o que requer uma matriz completa de diferentes elementos para isso.
Que experiência você traz dos Estados Unidos?
Minha experiência é formular e fabricar globalmente os melhores suplementos que produzem melhor saúde por meio de uma cadeia de suprimentos global. Alguns dos diferentes elementos que usamos vêm direto da Amazônia, onde realizei pesquisas.
Hoje, qual é o perfil do paciente que chega na UB Super?
O perfil é um indivíduo que procura ajuda com uma abordagem de bom senso para nutrição, suplementação e cuidados com a pele. Alguém que procura uma abordagem baseada em plantas que os ajude sem consequências para o meio ambiente.
Qual é o produto ‘carro-chefe’ da empresa?
Shake nutricional de proteína à base de plantas com extrato de cânhamo de espectro total. É um superalimento.
Você também vende cristais isolados de CBD (canabidiol)?
Não vendemos isolado de CBD. Minha sensação é que não há muita eficácia no uso do CBD isolado. O que fazemos é incluir plantas medicinais ao extrato do cânhamo, que contém todos os canabinoides. É o que chamamos de medicina bioativa.
A UB Super pretende operar via RDC 327, resolução da Anvisa que autoriza a venda de medicamentos à base de canabinoides em farmácias?
A pergunta mágica! Eu gostaria de ter uma resposta, pois vimos muitos obstáculos para operar via RDC 327.
Atualmente, estamos trabalhando com várias empresas em busca de fórmulas inovadoras que se destaquem do que está atualmente nas farmácias. Esta é a nossa especialidade e onde nos destacamos.
Nos preparamos para fabricar para RDC 327 nos EUA, Colômbia, São Paulo e Uruguai em um futuro próximo.
Como você vê a concorrência no Brasil? Até agora, 25 formulações já têm autorização da Anvisa para serem vendidas em drogarias e quase 500 empresas operam por meio de importação.
É uma proposta única com RDC 660 e 327. O espaço é competitivo, mas não vejo nada de inovador.
É aqui que esperamos fazer a diferença em parceria com empresas distintas. Quem sabe como isso acaba? Mas esperamos fazer parte da evolução do mercado.
Sabemos que a UB Super investe em pesquisa. Você pode nos contar um pouco sobre os que estão em andamento?
Estamos testando nossos produtos com e sem canabinoides. Meticulous Skincare irá para a Ásia sem CBD para fins regulatórios. Como alguns de nossos produtos não contêm CBD, queremos criar modelos de distribuição globalmente com base na demanda e regulação local.
Existem muitos mercados que não permitem o CBD. Sentimos que o CBD desempenha um papel importante, mas nem sempre o papel mais importante.
Vemos o CBD desempenhando um papel importante como anti-inflamatório e antioxidante em nossas fórmulas, mas também cercado por muitos outros cofatores importantes e/ou uma matriz igualmente importante de outros ingredientes baseada em plantas também medicinais.
Quantos empregos diretos a UB Super gera hoje?
Somos pequenos atualmente. No momento, temos uma equipe de quatro pessoas com uma série de consultores externos.
Você acha importante regulamentar o cultivo de Cannabis em solo brasileiro?
Eu acho que é importante se isso garantir controle de qualidade. Nossos produtos são atualmente fabricados em cGMPs e cGMPSs (certificação de boas práticas) da União Europeia e serão fabricados em CFR 211 (certificação de boas práticas) para RDC 327.
As matérias-primas também estão em conformidade a esse respeito. Se isso ocorresse para a fabricação de medicamentos no Brasil, seria necessária a regulamentação.
Segundo a Forbes, o mercado de Cannabis no mundo chegará a US$ 57 milhões em 2027 e o mercado brasileiro? É possível fazer uma previsão?
A regulamentação desempenhará um papel importante sobre essa questão. Hoje, entendo ser impossível quantificar o mercado brasileiro. Não faço nenhuma previsão!
Qual é a sua avaliação sobre a atual regulamentação da Cannabis no Brasil?
Eu acho que poderia realmente jogar a nosso favor. No Brasil, como o médico precisa estar envolvido – ao contrário dos EUA – o mercado permanecerá rigidamente controlado, independentemente de ser regido pela Resolução 660 ou 327. Ainda não dá para saber como isso evolui.
Na sua opinião, a educação médica é o caminho a seguir?
Definitivamente. A educação para médicos e pacientes será fundamental no futuro. O CBD não é uma panacéia e não deve ser posicionado como tal.
Como você avalia o trabalho das associações de pacientes que conquistaram na Justiça o direito de cultivar para fins medicinais?
Não temos nada parecido com isso nos EUA. Estou sendo educado sobre esse espaço agora no Brasil. Adoraríamos a oportunidade de ajudar essas organizações a escalar seus empreendimentos com os melhores produtos globais.
Podemos oferecer resultados finais eficazes para seus pacientes por meio de parcerias. Não sei como funciona a política nesses casos, pois parece que são bem diferentes dependendo da região.
Se você tivesse um pedido a fazer à Anvisa, qual seria?
Tome decisões baseadas – uniformemente – na ciência e depois cumpra-as.
Com a eleição de um governo mais progressista, a agenda da Cannabis para fins medicinais avança mais rapidamente em sua opinião?
Sim. Espero que avance.
Brasília já tem uma lei distrital que disponibiliza o canabidiol dentro do Programa de Atenção à Pessoa com Epilepsia e agora São Paulo sanciou uma lei nesse sentido, mas ampliando para outras patologias e vai fornecer pelo Sistema Único de Saúde. É uma inovação mundial?
Não conheço o SUS. Parece ser uma inovação global, sim.
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