A única vez que o médico Munir Tayfour Oliveira escutou falar em algo relacionado à Cannabis medicinal durante a faculdade foi durante uma aula de farmacologia.
“O professor comentou sobre a nabilona, que é um canabinoide sintético utilizado no tratamento de náusea e vômito. Fiquei intrigado. Existe a versão sintética de um composto de uma planta que eu achava que era usada só para diversão.”
Foi o bastante para mudar sua trajetória. “A partir dessa aula, eu resolvi pesquisar, só de curiosidade, e tive acesso a um mundo totalmente diferente e que eu não conhecia. Comecei a ver a Cannabis com outros olhos e, pensando em mercado, vi que era uma área muito estudada, mas pouco falada.”
Futura referência
Seu encanto foi pelo resultado em patologias de difícil controle com medicamentos alopáticos convencionais. “Como a epilepsia, que é uma doença que marca, não só o paciente, mas toda a família. Ou a dor crônica que é uma das coisas que a gente mais tem dificuldade de manejar.”
Antes mesmo de se formar, engajou em diversos cursos que ensinavam a prescrição de Cannabis e sua interação junto ao sistema endocanabinoide. “Na faculdade, o único momento que tive contato foi naquela aula. Se não tivesse saído para pesquisar, ia me formar sem ter o conhecimento.”
“Vi que poucas pessoas conheciam do assunto, poucos médicos, pessoas até que eu considero referências para mim, não tinham conhecimento para conversar sobre o assunto. Resolvi realmente entrar de cabeça e tentar ser uma referência a longo prazo na área da Cannabis medicinal.”
Primeiras pacientes
Graduado em abril de 2022, encontrou dentro da própria casa suas primeiras pacientes. “Minha mãe tem problemas com insônia e ansiedade, e minha avó tem problemas com dor crônica, ansiedade e insônia e faz uso abusivo de medicamentos para dormir.”
“Conversei com a minha mãe e avó, ambas estavam abertas a tentar a terapia e tiveram resultados excelentes.”
“Eu também faço uso para ansiedade e insônia. Já fiz uso de diversos remédios e não tive benefício, só efeito colateral. Tinha diminuição de libido, sonolência excessiva, e, com a Cannabis, eu não tenho nenhum.”
Prescrição de Cannabis
Com os primeiros testes bem-sucedidos, começou a prescrever para cada vez mais pacientes. “Já tenho pacientes tanto adolescentes quanto adultos. Trato autismo, Alzheimer, dor crônica, dependência química e até gente que quer reduzir o uso da Cannabis fumada rica em THC e troca pelo óleo.”
Seus atendimentos são por telemedicina e presencialmente, em um consultório na cidade de Goiânia (GO). “Com a Cannabis, consegue ter vários benefícios em um só medicamento. Trata várias patologias com pouquíssimos ou quase nenhum efeito colateral. É um remédio seguro, natural e com muitos benefícios comprovados.”
Cannabis pela qualidade de vida
Para Tayfour, a tendência é que a Cannabis seja cada vez mais comum na medicina. “No futuro, vai deixar de ser a última opção para ser a primeira opção terapêutica em muitos casos. Será a terapia principal para muitas doenças.”
“Eu acho bonito ver o tanto que causa impacto na vida das pessoas. Casos de epilepsia, por exemplo, que é uma doença muito forte. Você vê a forma como ela reduz as crises e melhora a qualidade de vida de todos. É uma coisa muito bonita.”
“Mesmo em casos como insônia. Com um sono ruim, você tem uma qualidade de vida péssima. Te atrapalha no trabalho e em qualquer atividade que queira fazer. Na dor, também. Patologias que quase todo mundo tem e, se não tratar direito, vira uma bola de neve.”
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