Psiquiatra com mais de 22 anos de experiência atuando em um Centro de Atenção Psicossocial especializado em casos graves, Claudio Gonser teve seu contato com a Cannabis medicinal por uma questão familiar.
“Eu tenho um filho autista de nove anos e duas sobrinhas, sendo que uma é autista severa, com deficiência intelectual, já com 17 anos de idade. Minha irmã também é médica e a gente batalhou muito para arrumar opções de medicamentos que ajudassem no comportamento dela, com um quadro bastante complexo de autoagressão.”
“Há mais ou menos oito anos, minha irmã conseguiu medicá-la com um extrato de Cannabis por meio de um médico anestesiologista que a gente conseguiu no Rio de Janeiro. Na época, ninguém prescrevia e a gente já estava sem saída. A Cannabis melhorou extremamente o comportamento dela.”
Formação do psiquiatra canabinoide
Vendo cessarem os episódio de autoagressão, com possibilidade da redução de medicamentos psicotrópicos que traziam muitos efeitos colaterais, Gonser decidiu se aprofundar na questão. “Mas o acesso à informação era muito pequeno. Somente no ano retrasado eu fiz o curso em medicina canabinoide na UNIFESP. Foi o primeiro contato que tive com a medicina canabinoide de forma mais técnica, como médico.”
Após muito estudo, se sentiu seguro para prescrever a uma paciente com uma neuropatia diabética muito grave. “Uma dor que não passava com nada. A gente já tinha usado anticonvulsivante, tinha feito bloqueios, por exemplo, e seguia com uma dor incapacitante.”
“Foi o primeiro caso que eu passei os canabinoides e ela teve uma melhora surpreendente. Sem qualquer sedação, como tinha com Topiramato e outros medicamentos. Era uma dor de mais de dez anos e, com a Cannabis, ela conseguiu reduzir opióides que a tomava há bastante tempo, e melhorou de forma global. O humor melhorou. Foi muito surpreendente.”
Após a primeira experiência positiva, não parou mais. “Foi a virada de chave para mim. Hoje os canabinoides já estão integrados ao meu arsenal terapêutico. Eu trabalhei como psiquiatra em uma equipe multiprofissional de dor crônica, mas trouxe a prática para meu consultório. “
Segura e eficaz
“As vantagens que vejo nos canabinoides é a segurança e diversidade ampla de aplicações. Eu acho que a gente vai descobrir muita coisa ainda. É um potencial enorme.”
“É muito melhor para a insônia, que a gente vive quase uma epidemia, que zolpidem e benzodiazepínicos. São medicamentos que vão trazer dependência e efeitos colaterais. Com ansiolítico, a pessoa frequentemente vai reatar um sono mas robotizado. Com a Cannabis, o sono parece mais orgânico.”
“A segurança é importante pois, na psiquiatria, temos pouco arsenal terapêutico e muitos medicamentos são usados a longo prazo. Antipsicóticos, por exemplo, que a gente sabe que tem efeito na saúde cardiovascular e em transtornos de movimento.”
Psiquiatra contra o preconceito
Para o psiquiatra, o principal obstáculo para um uso mais amplo da Cannabis é o preconceito. “Tem muita falta de conhecimento, mas vejo mais um preconceito mesmo, enraizado. Aquela coisa histórica da Cannabis ainda permanece, infelizmente, mas acho que vai ser destruído muito rápido.”
“Eu sou preceptor em um programa de residência médica. Formo seis psiquiatras a cada ano e, desde o ano passado, eles não saem da residência sem uma aula de sistema endocanabinoide. Assim como não saem sem aulas de autismo, que é uma questão pessoal.”
“Eu tento convencer as pessoas pelo conhecimento, mas nem todo mundo quer escutar. Os pacientes mesmo possuem um preconceito em um primeiro momento. Baseado em uma relação de confiança com o profissional, ele aceita a prescrição, mas depois que tem o benefício acabou. O preconceito acaba e as pessoas acabam virando motor dessa desconstrução.”
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