No quadro “O CEO Responde” dessa semana a entrevista foi com a Dra. Mariana Maciel. A médica brasileira, especializada em Medicina Canabinoide que mora no Canadá, fundou e comanda a biofarmacêutica Thronus Medical. A empresa canadense, que já está presente nos EUA, Europa e boa parte da América Latina, chega ao Brasil com uma tecnologia que promete ser revolucionária: reduzir as partículas da Cannabis a tamanhos microscópicos. Essa novidade permite não apenas o encapsulamento dos canabinoides em uma solução hidrossolúvel, como também assegura maior absorção das moléculas, tornando o tratamento com a Cannabis ainda mais efetivo, segundo a empresa. Nesse bate-papo, a Dra. Mariana Maciel, membro da Society of Cannabis Clinicians, defendeu a busca por uma medicina holística e integral. E nos contou que a Thronus Medical e Thronus Education, surgem como forma de colocar em prática a sua missão de transformar e inspirar outras pessoas através da educação médica e desenvolvimento de produtos inovadores à base de Cannabis medicinal.
A Thronus Medical, uma empresa canadense, já está presente nos Estados Unidos, Europa e boa parte da América Latina, inclusive no mercado brasileiro. Podemos esperar, em breve, o produto da Thronus (com canabinoides) nas prateleiras das farmácias?
Como nosso produto é uma nova inovação farmacêutica, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está exigindo que façamos o ensaio clínico. Os atuais regulamentos da Anvisa dão às empresas 5 anos para concluir seu ensaio clínico, permitindo que seus produtos sejam vendidos nas prateleiras das farmácias após esse período. Portanto, você pode esperar que nosso produto chegue às prateleiras das farmácias em 3 anos.
Qual é a demanda esperada?
A expectativa é termos uma alta demanda, pois nosso produto está trazendo o potencial máximo da Cannabis, o que deixa médicos, dentistas e pacientes mais confiantes no tratamento.
Tudo isso graças à nossa exclusiva tecnologia Power Nano, que é revolucionária porque torna possível a redução de partículas de Cannabis a cerca de 17 nanômetros, além do encapsulamento dessas moléculas em uma solução hidrossolúvel – algo inédito. O resultado é a potencialização na absorção e, com isso, maior eficiência dos princípios ativos dos fármacos. Não apenas o tempo de início de ação da medicação cai de 2 horas para cerca de 10 a 30 minutos, como também a biodisponibilidade do fármaco pode chegar a 80%, a depender do ativo. O número é muito superior se comparado aos 6% a 8% dos que os óleos de Cannabis chegam aos médicos e pacientes. Quem utiliza a nossa linha Bisaliv – que tem como base a tecnologia Power Nano – vivencia essa máxima potência dos princípios ativos da planta, percebem maior eficácia do medicamento e, por consequência, maior rendimento do produto, e acabam falando para as outras pessoas, por isso nossa expectativa é alta.
Como a empresa avalia a entrada de novos medicamentos no mercado? A Anvisa já autorizou a comercialização de 20 produtos nas drogarias. A concorrência é algo saudável para esse mercado da Cannabis?
Não vemos os produtos à base de óleo como concorrentes, já que nosso produto é hidrossolúvel, à base de água, por isso, diferente dos óleos encontrados hoje no mercado brasileiro. Também não vemos outras empresas de Cannabis como concorrentes, porque essas empresas tendem a seguir as tendências do mercado, em vez de adaptar os compostos de Cannabis a tratamentos mais eficazes.
Hoje, qual é o tamanho do mercado nacional na avaliação da senhora?
Para produtos à base de óleo, o mercado é muito menor do que o cotado porque muitos médicos não acreditam no potencial da Cannabis por conta da baixa eficácia desse tipo de fármaco: pesquisas indicam que cerca de apenas 6% do CBD (canabidiol) convencional e 8% do THC (tetrahidrocanabinol) convencional alcançam a circulação sistêmica após ingeridos.
Sabemos que os óleos de CBD tradicionais têm baixa absorção porque se diluem pouco no aparelho digestivo. Nosso organismo – que é constituído principalmente de água – tem dificuldade em absorver óleos. Além disso, os óleos de CBD tradicionais são compostos por moléculas grandes que, somado à alta metabolização hepática dos princípios ativos, se tornam mais um dificultador para uma boa absorção.
Por todos esses obstáculos, vemos um oceano azul com a nossa inovação farmacológica.
Qual é o perfil do paciente brasileiro?
O perfil de um paciente brasileiro é o mesmo de qualquer outro país. Pessoas que procuram tratamentos seguros e eficazes para problemas de saúde que não conseguem bons tratamentos com medicamentos à base de produtos químicos – os alopáticos.
Hoje, qual é o produto carro-chefe da Thronus Medical? A empresa estuda a possibilidade de dispensar outros tipos de canabinoides como o CBN, CBG, CBC…?
Nossos principais produtos são os três “PowerFull” da linha Bisaliv de Cannabis de full spectrum. Nossos produtos são muito diferentes dos produtos à base de cânhamo, pois o cânhamo é cultivado para fibras e não para medicamentos. Estamos usando Cannabis criada e cultivada para medicina, atingindo 35% de ingredientes ativos totais na biomassa vegetal. Moléculas como CBN, CBG e CBC estão todas presentes em nossa linha de espectro completo. Esses canabinoides foram criados em nossas linhagens para ingestão por seres humanos.
Quais são as pesquisas que a Thronus Medical vem desenvolvendo nesse momento relativas à Cannabis?
Estamos muito orgulhosos de nossos projetos de criação para cultivar a mais alta qualidade e potência de diversos canabinoides e terpenos em nossas plantas. Em segundo lugar, estamos muito empolgados em pesquisar a administração intravenosa e intramuscular de nossos fitocanabinoides usando a mesma estrutura molecular em nossas tinturas, mas com ingredientes diferentes.
Qual é o maior desafio de empreender hoje – em Cannabis – no Brasil?
O maior desafio é se livrar do estigma que o governo impôs em torno dos medicamentos à base de Cannabis. Eles ainda não estão permitindo o cultivo, nem a venda em farmácias – por meio de autorização sanitária – de canabinoides baseados em lipossomas – como da Thronus Medical. Em vez disso, eles seguem permitindo a venda em farmácias apenas de medicamentos à base de óleo porque é até onde a pesquisa chegou aos EUA. É hora de o Brasil ser líder na indústria de Cannabis. O Brasil – seus legisladores e políticos – precisam parar de olhar para os EUA como sendo um exemplo a ser seguido no aspecto da Cannabis medicinal, pois os estadunidenses têm o pior sistema de saúde em Cannabis medicinal do mundo.
Quantos empregos diretos e indiretos a Thronus Medical gera no Brasil e fora do país?
Hoje, viabilizamos cerca de 100 empregos diretos e indiretos. Somos muito pequenos em comparação a outros gigantes farmacêuticos. Mas deve-se notar que a Thronus nunca recebeu investimento externo e sempre reinveste seus lucros no crescimento da empresa. Fundamos esta empresa com a confiança de que a nossa tecnologia “PowerNano” aplicada à Cannabis mudará o mundo. E ficamos muito felizes em ver isso acontecendo todos os dias, celebramos diariamente os resultados reais dos pacientes.
A senhora acredita que é importante autorizar e regulamentar o cultivo em solo brasileiro?
A regulamentação do cultivo é questão de tempo à medida que a educação em Cannabis se dissemina entre os cidadãos brasileiros e órgãos governamentais.
Hoje, já se fala em medicina “on demand“. As farmácias de manipulação são importantes nesse cenário? A empresa tem perspectiva de atuar nesse nicho?
As farmácias de manipulação não são necessariamente um nicho, pois é o padrão no mercado alemão. É uma linha interessante e estamos dispostos a trabalhar com todos os tipos de profissionais e instituições médicas para espalhar nosso medicamento altamente eficaz para a população.
Como trabalhar propaganda e informação sobre a Cannabis sem violar as regras que limitam esse tipo de ação?
A publicidade de Cannabis é muito difícil e com uma regulamentação e fiscalização muito diferente dos outros produtos farmacêuticos. O que tem funcionado bem para nós é o crescimento orgânico baseado no testemunho de pacientes e médicos. Quando um produto funciona, as pessoas falam e compartilham. É a famosa publicidade “boca a boca” que funciona e muito! É maravilhoso mudar a vida de pacientes e familiares e ver eles querendo disseminar nosso produto, querendo ajudar outras pessoas com a nossa solução farmacológica.
Existe a previsão de fornecer formação continuada aos médicos brasileiros?
Sempre forneceremos educação médica por meio da Thronus Education, porque esse novo mercado de Cannabis atraiu muitos empresários ruins que espalharam mentiras para médicos aqui no Brasil. Muita desinformação infeliz que causou estragos na progressão do tratamento do paciente. Procuramos esclarecer isso, pois a saúde do paciente é nossa prioridade número um.
Se, hoje, a senhora pudesse fazer um pedido à Anvisa qual seria ele?
Nosso pedido à Anvisa seria tornar o acesso aos canabinoides comparável ao Canadá, onde existe uma lei canábica específica sem exigências onerosas em pesquisa clínica como uma “big pharma“. Uma vez que está mais que provado que a Cannabis é uma planta segura e eficaz.
Qual é o grau de satisfação da senhora em relação à regulamentação sobre Cannabis existente hoje no Brasil?
A regulamentação atual da Cannabis no Brasil está em sua infância. Como uma criança, amamos sua presença, mas ainda há um longo caminho a percorrer antes de se tornar maduro e respeitável.
O que falta para o mercado brasileiro expandir na opinião da senhora?
Falta no mercado brasileiro a possibilidade de cultivo, processamento e produção local no Brasil, além de uma legislação específica sobre a Cannabis como mencionei anteriormente.
O que não pode faltar no empreendedorismo canábico?
Integridade.
O que motivou a senhora a investir no mundo da Cannabis?
Primeiro, e mais importante, é ver todos os dias, diante dos meus olhos, histórias incríveis de resultados reais, de pacientes cada dia melhores, e, por consequência, de médicos mais confiantes e surpreendidos com a Cannabis. A Cannabis é a planta com efeito medicinal mais versátil do mundo, além disso, os canabinoides possuem enorme segurança farmacológica com toxicidade praticamente nula, tudo isso me motivou a estudar como potencializar ainda mais os efeitos da planta no organismo humano.
A revolução no Canadá também foi inspiradora. O uso e prescrição de drogas à base de produtos químicos caem constantemente desde 2001 por lá. Mesmo que tenha se tornado recreativo no Canadá, até 9/10 usuários diziam usar a planta terapeuticamente. Isso também é visto como uma causa para a demanda farmacêutica de alopatias ter caído drasticamente nos últimos anos: as pessoas estão tendo compreensão da potência terapêutica da Cannabis.
Como que a empresa se vê daqui a 5 anos? E em 10 anos, onde quer chegar?
Nós atendendo pacientes em todos os países do mundo. Para diminuir a necessidade de produtos farmacêuticos de base química. E revolucionar os cuidados de saúde potencializando a medicina canábica.
Cite três empresas especializadas em Cannabis que são destaque na opinião da senhora.
Thronus. Medical. Inc. São três palavras. Risos ?