O National Health Service (NHS) foi criado em 1948, no contexto do pós-guerra, para garantir que a população tivesse acesso à saúde em um país devastado pelo conflito. Décadas depois, em 1990, o SUS nasceu para ter características parecidas com o NHS: ser universal e gratuito.
Recentemente, vimos muitos estados do Brasil aprovando leis sobre o fornecimento de Cannabis pelo SUS, inclusive São Paulo. A expectativa sobre a aplicação dessas políticas é grande e podemos aprender com o exemplo de casos parecidos, como o do NHS.
Cannabis no NHS
Segundo dados do NHS, a prescrição de produtos com Cannabis por lá é feita na maioria das vezes por médicos da rede privada.
Desde 2018, quando a regulamentação atual entrou em vigor, foram mais de 89 mil prescrições de produtos com Cannabis vindas do setor privado frente a 5 do NHS. Dentre esses produtos estão os itens para uso oral derivados da planta inteira.
Por outro lado, os medicamentos com canabinoides isolados ou sintéticos são mais prescritos pela rede pública, com cerca de 12 mil prescrições contra 140 de médicos da rede privada. Apesar de os derivados da planta inteira serem comprovadamente mais eficientes, eles são preteridos pelos profissionais do NHS. Além disso, esses medicamentos com os componentes isolados ou sintéticos tem um preço mais alto se comparado aos extratos de planta inteira.
Acesso ao uso medicinal da Cannabis
As leis aprovadas na esfera estadual teriam potencial para facilitar o acesso a tratamentos com Cannabis? Talvez isso só seja visível daqui a alguns meses ou anos, mas o que já acontece é um cenário similar ao britânico.
Aqui no Brasil, com uma população mais empobrecida, o acesso a tratamentos com canabinoides tende a ser uma opção para quem pode pagar. Vemos com frequência casos de pacientes que conseguem que o SUS ou plano de saúde forneçam os medicamentos para tratamento com canabinoides. Porém, é necessário um processo na justiça, o que também tem custos.
Há iniciativas para mudar essa tendência, como cursos para capacitar médicos do SUS a prescreverem Cannabis. Portanto, vamos perceber os impactos do uso medicinal dos canabinoides na saúde da população quando o acesso for amplo e os produtos diversificados.