A Câmara Baixa do Japão, o equivalente à Câmara dos Deputados aqui no Brasil, aprovou um projeto de lei para regulamentar o uso medicinal da Cannabis no país. Em seguida, o texto seguiu para a Câmara Alta, o equivalente ao nosso Senado, e, em caso de aprovação, pode entrar em vigor no ano de 2024, como publicado no portal Japan Times.
A proposta é uma iniciativa do Ministério da Saúde local e tem o objetivo de incluir o Japão no grupo de países que permite o uso medicinal da Cannabis. Até então, nem mesmo medicamentos amplamente utilizados mundo afora, como o Epidiolex, tinham seu uso proibido no país.
Essa nova lei pode ser uma esperança para pacientes com epilepsia no país, que até hoje não têm acesso a tratamentos com produtos derivados da Cannabis.
Anteriormente, o site Japan News divulgou que o governo do país está considerando regulamentar o uso exclusivamente medicinal. No entanto, a revisão da lei traz a proposta também de criminalizar o uso adulto da maconha.
CBD é legal desde 2013 no Japão
Desde 2013 o CBD derivado do cânhamo é legal no país. No entanto, a tolerância com o THC é zero. Essa norma criou uma brecha na lei que permitiu a expansão do mercado de canabidiol no país, que está repleto de produtos, cafés e influencers de CBD.
Apesar disso, qualquer quantidade de delta-9 THC pode levar a até 7 anos de prisão, segundo a legislação em vigor. Porém, essa postura é recente, se lembrarmos da longa tradição do Japão no uso da Cannabis.
A Cannabis na história do Japão
Os primeiros registros do uso da Cannabis no Japão remetem à época que é considerada a pré-história do arquipélago. Fibras e sementes de cânhamo foram descobertas em sítios arqueológicos que datam do período Jomon (entre 10 mil a.C. e 300 a.C.). Os japoneses utilizavam a planta para produzirem roupas, cordas, papel e também usavam as sementes como alimento. Além disso, a Cannabis era e é uma das plantas sagradas na religião tradicional japonesa, o Xintoísmo.

Assim como na Ásia continental, no Japão a Cannabis era um medicamento para tratar asma, insônia e controlar a dor. As formas mais usadas eram em cigarros ou tinturas. Porém, esse cenário mudou com o fim da Segunda Guerra Mundial e a imposição de condições pelos países vencedores.
A partir de 1948, os EUA obrigaram o Japão a proibir a planta e essa exigência seguiu até os dias de hoje, mais de 70 anos depois. De fato, a obediência é um traço marcante da cultura japonesa. Por outro lado, ela não consegue ser mais forte do que as evidências científicas sobre os benefícios do uso da Cannabis.
Ressurgimento da Cannabis nipônica
A política de Guerra às Drogas que os EUA impuseram em boa parte do mundo, inclusive no Brasil, levaram a esse apagão. Agora, que a planta é legal em diversos estados norte-americanos, as coisas começam a mudar na “Terra do Sol Nascente”. A brecha na lei que deu permissão para o CBD no Japão em 2013 foi o primeiro estímulo para vários empreendimentos como cafés e produtos voltados para o bem-estar.
Porém segue sendo apenas uma brecha na lei e que ignora os benefícios terapêuticos do THC e dos outros canabinoides.

Impacto positivo da Cannabis na terceira idade
A Cannabis no Japão ainda está muito vinculada aos jovens, mas mostramos com frequência aqui no Cannabis & Saúde como os benefícios da planta são abundantes para a terceira idade. No país asiático, onde a expectativa de vida é uma das maiores do mundo e chega a 88 anos para mulheres e 81 para homens, pode acontecer o que já acontece em outros países do mundo. Ou seja: a população idosa encontra mais bem-estar e qualidade de vida com o auxílio dos canabinoides.
Cannabis no Brasil
Aqui no Brasil pessoas de qualquer idade podem utilizar a Cannabis para fins medicinais, basta marcar uma consulta aqui na nossa plataforma de agendamentos e seguir as orientações de um dos nossos profissionais de saúde.