No quadro CEO Responde dessa semana, o bate-papo foi com o farmacêutico Hassan Rida, chefe de operações (COO) da Evona Life no Brasil – empresa especializada em toda a cadeia produtiva da Cannabis.
CEO Responde: EVONA Life – Da farmácia de manipulação veterinária para o universo da Cannabis para fins medicinais, o empreendedor prospectou nesse setor, antes de tudo, uma oportunidade única de ser tornar referência no mercado da América Latina.
“Se você fosse um professor, diria eletromagnetismo. Caso fosse um biólogo, você diria fotossíntese. Por outro lado, um físico diria nuclear. Nós vemos isso de forma diferente. Porque a força mais forte do mundo é a Força da Natureza! Bem-vindo à EVONA”.
Primordialmente, é com esse slogan que a empresa chega ao Brasil há pouco mais de um mês, com operações já em curso nos EUA, Chile, Argentina e Paraguai.
Em primeiro lugar, todos os óleos de canabidiol (CBD) da Evona são produzidos na própria fazenda da FSOil, nos Estados Unidos, com certificação e controle de qualidade.
Também por isso, a empresa, que possui registro na agência de regulação de alimentos e drogas (FDA) dos EUA desde 2016, é referência em qualidade e inovação na extração de canabinoides com CO2 supercrítico, que garante a pureza da matéria-prima.
Ousada, a EVONA já tem planos de produzir o medicamento em solo brasileiro, já no ano que vem, com a importação da matéria-prima da Cannabis.
Quer entender melhor os investimentos que vêm por aí? Então, não deixe de ler a reportagem com Hassan Rida até o fim!
Qual é a sua história com a Cannabis? E quando você decidiu investir nesse mercado e abrir a Evona?
A Evona surgiu em 2020, com a ideia de entrarmos no mercado de Cannabis do Paraguai, primeiramente, Só então pretendia expandir para toda América Latina. Fechamos sociedade com a Fsoil, uma empresa importante e com muita credibilidade nos Estados Unidos.
Com essa sociedade conseguimos avançar muito. Já temos uma experiência de sete anos, acompanhando toda a cadeia produtiva da Cannabis. Desde a plantação, até a secagem e extração.
Começamos nos EUA, e agora ampliamos para o Brasil, Chile, Argentina e Paraguai. Hoje, nosso produto final vem dos Estados Unidos, por meio da RDC 660 da Anvisa, que permite a importação.
Sou farmacêutico e decidi migrar do ramo de farmácia de manipulação veterinária para esse mercado medicinal da Cannabis, por entender que é bastante promissor.
Qual é a experiência que você traz do Paraguai e dos Estados Unidos?
Hoje, o mercado da América Latina é novo nesse ramo. Estamos aprendendo cada dia mais. Com a empresa americana, avançamos em termos de conhecimento, para entender melhor como funciona o mercado da Cannabis.
Atualmente, no Paraguai, já estamos plantando cinco variedades diferentes da Cannabis, com autorizações. Recebemos máquinas de CO2 para a extração cítrica. De fato, esse é um alto investimento, para garantir a maior pureza possível da matéria-prima.
Assim, até o final do ano, queremos produzir matéria-prima para as indústrias farmacêuticas. A ideia é produzir o IFA (insumo farmacêutico ativo), para desenvolver cosméticos e produtos de uso veterinário.
Esse é um mercado enorme, que temos muito interesse em atender.
Qual é a demanda esperada para o mercado brasileiro da Cannabis?
Hoje, o Brasil atingiu menos de 1% dos pacientes que podem se beneficiar com a Cannabis. Eu acredito que 30% da população brasileira possa, em algum momento, usar a Cannabis medicinal.
O Brasil é o segundo maior país em demanda por medicamentos de uso pet, para se ter uma ideia. O potencial é grande!
Estamos conversando com o MAPA (Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Também em processo para registrar um produto pet. E, ainda, esperando o retorno, para que ver o que falta para avançar.
Quais são os principais desafios de investir no mercado da Cannabis no Brasil?

Antes de tudo, a gente sabe que o Brasil demorou para entrar na onda desse mercado. No entanto, avança com rapidez, em relação ao uso medicinal. Em síntese, acredito que, até 2025, o país poderá ser um dos pioneiros na questão medicinal.
Digo isso, por ver o envolvimento dos profissionais de saúde e médicos que estudam o assunto. Isso nos favorece, porque trata a Cannabis de forma científica e medicinal. O objetivo da empresa Evona é o medicinal.
A Evona pretende operar pela RDC 327 e colocar o produto de Cannabis nas farmácias?
Estamos resolvendo os tramites. Já entregamos a documentação para uma empresa certificada, para analisar os documentos e ver que o falta.
Portanto, nesse ano, deveremos ter uma resposta positiva. A partir do ano que vem, já queremos produzir no Brasil, com a importação do insumo.
Como você vê o aumento da concorrência no setor? Já são 25 produtos com autorização da Anvisa para serem vendidos nas farmácias. É algo saudável?
Para nós, quanto mais concorrência melhor. Faz o mercado crescer. Mas entendo que é necessário que haja um filtro. Se a Anvisa começar a fiscalizar, a maioria das empresas não se mantém no mercado.
Nesse sentido,ficarão só as empresas que presam pelo controle de qualidade e segurança do paciente. Hoje, pela RDC 660, é possível trabalhar melhor o preço. Temos um dos melhores do mercado.
Nos posicionamos bem pela RDC 660. Já em quem opera pela RDC 327, eu vejo que há alguns preços exagerados. Enquanto na farmácia seis mil miligramas de Canabidiol (CBD) em 30 ml custam cerca de R$ 2.000 , o nosso produto chega por R$ 625 reais, já incluído o frete.
Quantos empregos diretos a Evona gera no Brasil e fora do país?
Entre Estados Unidos, Paraguai e Brasil são mais de 150 pessoas envolvidas.
Qual é o produto à base de Cannabis carro-chefe da Evona?
O óleo full spectrum de seis mil miligramas de CBD. Lançamos no mês passado aqui no Brasil.
A empresa pretende desenvolver formulações com outras moléculas como CBN (canabinol) e CBG (canabigerol), por exemplo?
Nosso catálogo é grande, porém nosso plano é lançar de forma gradual. Temos o THC (tetrahidrocanabinol) Delta 9. Também contamos com o óleo broad (com todos os canabinoides, exceto o THC), temos CBG e o CBN.
Em resumo, são mais de 30 produtos hoje no catálogo. Mas alguns deles, como os cosméticos, só vendemos nos Estados Unidos, por causa da legislação.
Qual é o perfil do paciente que chega na Evona em busca de tratamento?
Ainda não fizemos uma análise detalhada desse perfil. Mas, a maioria chega com patologias como autismo, epilepsia, Alzheimer, insônia e ansiedade.
Nesse primeiro mês de atuação, operamos no Paraná, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro.
A Evona também tem investido em pesquisa? É possível revelar?
Há uma série de pesquisas em curso. Há parceria com UNILA no Brasil, universidades no Oregon (EUA) e outras três universidades públicas do Paraguai.
Um dos estudos analisa de que forma o solo pode afetar a planta. Outros estudos são na área pet. Também há outras pesquisas que analisam a estabilidade da matéria-prima em Oregon. E ainda estamos fechando parceria de estudo-clínico para casos de depressão.
Na sua opinião, a formação médica é a chave do negócio. A Evona tem investido em capacitação?
Não queremos ser iguais às outras empresas, nosso diferencial é o preço, a qualidade e o suporte técnico que fornecemos para os nossos médicos.
Todos os médicos têm acesso ao grupo técnico que recebe as demandas para tirar dúvidas e dar suporte na dosagem, por exemplo.
Nós também enviamos estudos clínicos de forma periódica, para atualizar a classe médica e ainda promovemos cursos de capacitação nas cidades em que estamos presentes.
Na sua visão, a regulamentação do cultivo da Cannabis no Brasil poderia tornar o produto mais barato?
Pela experiência que temos, não necessariamente. Hoje, vemos muitas empresas brasileiras que plantam soja, migrando para o Paraguai, onde os impostos são bem menores.
Não é simples conseguir autorizações de cultivo. No Paraguai, por exemplo, leva pelo menos dois anos, porque exigem estudos com as sementes importadas.
Para começar nosso cultivo, tivemos que testar cinco genéticas distintas para ver qual iria se adaptar no Paraguai. Acho que precisa fazer o mesmo no Brasil.
São vários solos diferentes. É importante conhecer a genética, o teor de CBD e THC. Queremos muito que a Anvisa venha conhecer o processo de cultivo no Paraguai e nos EUA, para ter outros parâmetros.
O que falta para o mercado da Cannabis expandir no Brasil, na sua opinião?
Mais estudos clínicos e o governo bancar essas pesquisas. Isso favorece os resultados e a credibilidade. Os profissionais de saúde vão acreditar mais e prescrever.
Mas o governo tem que ajudar e as associações são aliadas nesse processo. Eu sou a favor das associações dos pacientes, mas sou contra a proliferação de produtos sem controle de qualidade.
Acredito que devem ser cobrados parâmetros mínimos de qualidade, que trarão resultados melhores no futuro e credibilidade ao tratamento.
Se você pudesse fazer um pedido à Anvisa, qual seria ele?
Um convite para vir conhecer de perto toda a cadeia produtiva da Cannabis, no Paraguai e nos Estados Unidos.
O que não pode faltar no empreendedorismo canábico?
Investimento. Investimos quase U$$ 4 milhões de dólares desde o início. Acreditamos que, a longo prazo, vai gerar renda.
Entendemos que os investimentos devem continuar em estudos clínicos, com o objetivo de comprovar que esse produto é milagroso e o mercado tem tudo para crescer.
Como você vê a empresa Evona daqui há 10 anos?
Um dos pioneiros dentro do mercado na América Latina.
Na sua avaliação, a eleição de um governo mais progressista pode acelerar a tramitação da regulamentação do cultivo da Cannabis no país?
No Brasil, não é o partido ou um lado que decide. Quem decide é quem veste a camisa da causa. Eu sei que esse mercado vai crescer mais rápido do que imaginamos.
Quais modelos regulatórios deveriam ser seguidos no Brasil, na sua opinião?
Eu acho que o Brasil está seguindo no caminho certo – o uso medicinal. Entretanto, se abrir muito rápido, pode piorar para o paciente, em termos de qualidade.
Na minha avaliação, o que o Brasil precisa é de ajustes na RDC 660 e na RDC 327. É encontrar um meio caminho entre facilitar de um lado e aumentar as exigências de outro.
Eu espero que a Anvisa consiga filtrar mais empresas que atuam pela RDC 660. Hoje são mais de 400. Se a Anvisa começar a exigir mais documentos para comprovar a qualidade, eu acho que não fica nem a metade.
Para mim, esse é o caminho certo. Entendo que o Brasil tem que construir a sua própria regulação.
Cite três empresas do mundo da Cannabis que você admira.
Evona e USAHemp.
O uso medicinal da Cannabis já é legal no Brasil
O uso medicinal da Cannabis no Brasil já é regulado pela Anvisa, por meio da Resolução da Diretoria Colegiada RDC 660 e RDC 327. No entanto, é essencial ter uma prescrição médica para usar produtos à base da planta.
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