Descobertas científicas demonstram a eficácia do CBD no tratamento de distúrbios neurológicos e psiquiátricos
Uma pesquisa publicada na National Library of Medicine apresentou descobertas promissoras sobre o uso do Canabidiol (CBD), um componente medicinal da Cannabis, no tratamento de convulsões e epilepsias.
O estudo demonstra que a planta possui propriedades anti-convulsivantes e pode ser eficaz em casos resistentes aos tratamentos convencionais.
A pesquisa também explorou potenciais aplicações do CBD em condições neonatais críticas, com destaque no tratamento de transtornos psiquiátricos e na redução de comportamentos compulsivos associados à dependência de drogas.
Entidade renomadas
O estudo de vanguarda contou com a colaboração de entidades no campo médico e científico de várias instituições reconhecidas. Entre elas estão: o Comprehensive Epilepsy Center da New York University School of Medicine, o Pediatric Epilepsy Center da University of California San Francisco, o Great Ormond Street Hospital for Children NHS Foundation Trust, além de instituições na Espanha, Itália, Canadá e Reino Unido.
A abordagem colaborativa reuniu especialistas de diversos campos e proporcionou uma perspectiva ampla e abrangente para a condução da pesquisa sobre os efeitos do CBD em condições neurológicas e psiquiátricas.
Método
A metodologia aplicada na pesquisa consistiu na revisão analítica e crítica dos aspectos relevantes da fisiologia, mecanismos de ação e farmacologia do Canabidiol (CBD), advindas de uma conferência sobre o tema.
Os especialistas convidados para a conferência apresentaram uma síntese das informações disponíveis, incluindo dados provenientes de estudos com modelos animais e seres humanos.
Resultados
Os resultados obtidos na pesquisa revelaram evidências sobre os efeitos dos Canabinoides, em particular do Canabidiol (CBD), em modelos pré-clínicos de convulsões e epilepsia.
O estudo destacou a relevância do CBD como uma opção terapêutica, especialmente, para pacientes diagnosticados com síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut.
Em contextos clínicos desafiadores, como casos de epilepsias severas e refratárias, onde tratamentos convencionais demonstraram limitações, a investigação mostrou que a Cannabis, especialmente em formulações com elevada proporção de CBD para Tetrahidrocanabinol (THC), pode proporcionar reduções significativas na frequência de convulsões.
O que são as Síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut?
As síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut são condições neurológicas raras e graves, frequentemente diagnosticadas na infância, que se caracterizam por epilepsias refratárias, ou seja, resistentes aos tratamentos convencionais.
A síndrome de Dravet geralmente se manifesta nos primeiros anos de vida, resultando em convulsões febris, que evoluem para diferentes tipos de crises epilépticas, impactando significativamente no desenvolvimento cognitivo e motor da criança.
Já a síndrome de Lennox-Gastaut é marcada por múltiplos tipos de convulsões diárias, ocorrendo frequentemente durante o sono, e está associada a déficits cognitivos e comportamentais, tornando-se uma condição desafiadora de tratar.
Ambas síndromes representam um fardo significativo para os pacientes e suas famílias, uma vez que as opções terapêuticas são limitadas e os desafios clínicos, consideráveis, afirmam os pesquisadores.
CBD como neuroprotetor
A pesquisa abordou, ainda, a hipóxico-isquemia encefálica neonatal (HIE), uma condição que se desenvolve em recém-nascidos devido à falta de oxigênio e fluxo sanguíneo inadequado para o cérebro.
Com uma prevalência de 2-9 a cada 1.000 nascidos a termo, a HIE é uma causa significativa de morbidade neonatal. Por isso, a pesquisa explorou o potencial dos Canabinoides, especificamente o Canabidiol, como agentes neuroprotetores para tratar a HIE.
Estudos pré-clínicos indicaram que o CBD pode ajudar nesses casos pelas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e neuroprotetoras, fornecendo uma base para investigações mais aprofundadas sobre seu papel no tratamento da HIE neonatal.
Alternativa para transtornos psiquiátricos e dependência de drogas
O estudo também examinou o potencial dos Canabinoides no tratamento de sintomas psiquiátricos. Foi destacado o papel do CBD como um agente antipsicótico, com atividade em modelos laboratoriais que representam sintomas de esquizofrenia.
Em um ensaio clínico controlado, comparando o CBD com um antipsicótico padrão em pacientes com esquizofrenia aguda, ambos os grupos apresentaram melhorias significativas nos sintomas, indicando a eficácia do Canabinoide.
Segundo os estudiosos, essa foi uma das possíveis formas de investigar o impacto do CBD em transtornos de ansiedade, demonstrando os efeitos ansiolíticos em modelos animais e validando essas descobertas em estudos com humanos.
Para completar, a pesquisa também explorou a influência do CBD em comportamentos de dependência de drogas, sugerindo que o componente pode substituir drogas utilizadas de forma convencional e com maior efeito colateral.
Conclusão
De acordo com os pesquisadores, a revisão analítica dos achados demonstrou que o Canabidiol possui uma ampla gama de efeitos biológicos com múltiplos potenciais locais de ação no sistema nervoso.
Os cientistas destacaram que há evidência pré-clínica de propriedades anticonvulsivantes e um perfil favorável de efeitos colaterais que sustentam o desenvolvimento contínuo de tratamentos baseados em CBD para a epilepsia.
Assim, a atividade observada em modelos de lesão neuronal, neurodegeneração e doenças psiquiátricas sugere que o CBD pode ser eficaz em uma variedade de distúrbios do sistema nervoso central em pacientes com epilepsia refratária à demais medicamentos.
Desafios Legais e Avanços
Muito embora estudos clínicos evidenciem o uso medicinal da Cannabis para diversas patologias, o estado de proibição em diversos países trouxe insegurança jurídica para as terapias derivadas da Cannabis.
Essa falta de regulamentação dificultou não só o desenvolvimento de pesquisas clínicas em torno do assunto, assim como ainda representa desafios para a avaliação e desenvolvimento clínico de medicamentos à base de CBD.
Número de pacientes só crescem
Apesar disso, a crescente aceitação dos benefícios potenciais desses tratamentos em muitos países tem facilitado o caminho regulatório e burocrático para condução de estudos projetados com o CBD.
No Brasil, o uso medicinal da Cannabis cresceu mais de 9.000% desde 2015 quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação de produtos derivados de Cannabis.
Entretanto, segundo os pesquisadores, ainda há muito a ser aprendido sobre o CBD, especialmente à medida que as investigações avançam para estudos em seres humanos.
Estudos complementares ainda são necessários para compreensão de como os compostos da Cannabis produzem seus efeitos anticonvulsivantes, e a identificação desses alvos pode proporcionar insights importantes sobre os mecanismos das convulsões e da epilepsia.
A abordagem analítica utilizada nessa revisão enfatizou a necessidade de ensaios clínicos controlados e randomizados para avaliar a tolerabilidade e doses ótimas do CBD em crianças afetadas por essas condições neurológicas específicas.
Confira a pesquisa na íntegra clicando no link abaixo:
O uso medicinal da Cannabis já é legal no Brasil
O uso medicinal da Cannabis no Brasil já tem regulamentação da Anvisa, por meio da Resolução da Diretoria Colegiada RDC 660 e RDC 327. No entanto, é essencial ter uma prescrição médica para usar produtos à base da planta.
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