Secretaria de Saúde de Goiás firma parceria de cooperação técnica com Associação, para capacitar profissionais e desenvolver pesquisa científica
Nos próximos cinco anos, a Associação Goiana de Apoio e Pesquisa à Cannabis Medicinal (Agape) vai desenvolver, junto à Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), uma série de atividades educacionais e pesquisas científicas sobre o uso terapêutico e medicinal da Cannabis.
Esse acordo de cooperação técnica visa a regulamentar a Lei Estadual de nº. 21.940/2023, sancionada nesse ano pelo governador do estado, Ronaldo Caiado (UB).
Regulamenta a lei
Em primeiro lugar, a legislação institui a Política Estadual de fornecimento gratuito de medicamentos fitofármacos e fitoterápicos prescritos à base da planta, inteira ou isolada, que tenham em sua composição fitocanabinoides, como Canabidiol (CBD), Canabigerol (CBG), Tetrahidrocanabinol (THC), nas unidades de saúde pública estaduais e privadas de Goiás conveniadas ao SUS.
Além disso, o trabalho em conjunto prevê regulamentar o que está previsto no art. 6º da lei:
“celebrar convênios com as organizações sem fins lucrativos representativas dos pacientes a fim de promoverem, em conjunto, campanhas, fóruns, seminários, simpósios e congressos, para conhecimento da população em geral e de profissionais de saúde, acerca da terapêutica canábica”.
1º acordo de cooperação em Cannabis do país
Esse tipo de acordo é o primeiro firmado no país. E segue um dos propósitos da Agape, fundada há quase sete anos: firmar parcerias em prol do desenvolvimento da Ciência e democratização do acesso à Cannabis medicinal.
Nesse período, a Associação estabeleceu outras colaborações técnicas com a Universidade Evangélica de Goiás (UniEvangélica), a Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (Adfego) e a Indústria Química do Estado de Goiás (Iquego).
De acordo com o diretor-fundador da Agape, o advogado Yuri Tejota, que assinou o Termo de Cooperação Técnico entre a instituição e a SES-GO, é preciso avançar na implementação de políticas públicas, para ampliar o acesso aos fitocanabinoides.
O Estado reconhece o tratamento
De fato, “a própria lei estadual já prevê parcerias com entidades sem fins lucrativos e reconhece o tratamento. Agora é essencial que o poder público se capacite sobre o assunto. Só com capacitação, poderemos mudar a história de criminalização da Cannabis no país”, acredita.
Para além da criminalização de uma planta medicinal, há a falta de conhecimento acerca de outras propriedades da Cannabis. Yuri diz que a maior parte das pessoas ainda só reconhece o CBD como medicinal e acha que essa é a única molécula importante da erva.
Não é só CBD e THC
No entanto, “são mais de 100 substâncias com propriedades medicinais na planta. Os profissionais de saúde precisam compreender o efeito comitiva de todos os canabinoides em ação. E as possibilidades dos fitocomplexos”.
Os fitocomplexos reúnem propriedades medicinais de mais de uma planta. No Brasil, ainda não é possível associar a Cannabis à Cúrcuma ou ao Capim Santo, mas essas possibilidades já existem em outros países.
“Podemos navegar o mar da infinidade terapêutica. E observar a sinergia do efeito comitiva ser potencializado ao associar a Cannabis à outras plantas medicinais”.
Toda Secretaria de Saúde de GO será capacitada
Para isso, a capacitação vai abranger todos os profissionais da Secretaria de Saúde e os colaboradores.
“Estamos criando um plano de trabalho. Na programação, a Secretaria de Saúde vai estudar a história da Cannabis, a história da proibição, o Sistema Endocanabinoide, relatos de casos, canabinoides sintéticos, isolados, cultivo, avanços nas pesquisas e outras matérias”, enumera Yuri.
Ecossistema institucional da Cannabis
Já de acordo com o diretor-fundador da Agape, esse é o primeiro passo para a criação de um ecossistema institucional, que discuta Cannabis medicinal em alto nível.
“Queremos ajudar a regulamentar a lei que prevê o fornecimento da Cannabis via SUS. A ideia é estabelecer protocolos e processos, queremos fornecer o máximo de informação”.
Para além do uso humano, a Agape também quer introduzir o assunto aos profissionais da medicina veterinária. “Sabemos que os animais também podem se beneficiar da Cannabis, porque, assim como os humanos, eles têm um Sistema Endocanabinoide”, detalha.
Associação não fornecerá o óleo
Apesar de a lei estadual prever a aquisição de medicamentos fitofármacos e ou fitoterápicos, de entidades nacionais – preferencialmente de entidades sem fins lucrativos – nesse momento, a Agape não vai fornecer o extrato para a Secretaria de Saúde.
“Desde a origem da Agape, não mudamos nossos protocolos. Acreditamos numa farmácia de manipulação. O óleo é individualizado. O médico traz a solicitação e a gente atende a solicitação do médico”, explica Yuri.
300 famílias assistidas
Desde 2017, a Agape atende de forma filantrópica a comunidade. Atualmente, se consolida como a principal entidade de prestação de serviços de saúde relacionados à Cannabis no estado de Goiás, onde atende cerca de 300 famílias com assistência médica, farmacêutica, psicológica e jurídica.
“Trabalhamos para que a Cannabis seja inserida na lei orçamentária, que precisa ser elaborada com um ano de antecedência. Não podemos errar no vício de origem. Ou seja, se impacta no orçamento, a lei tem que partir do Executivo”, alerta.
Nesse primeiro momento, a capacitação vai ficar nos técnicos ‘chave’ e gerentes. “São os pontos focais da entidade. Se mapear as gerencias técnicas, jurídicas, de compra, controle interno, já auxilia no processo de compra do medicamento, para que o Estado economize”.
Economia para os cofres de Goiás
Um dos objetivos dessa capacitação é evitar o gasto desnecessário dos cofres públicos. “Há uma mentalidade de que o produto que vem de fora é bom, o que é produzido aqui é ruim. Lá fora estão desenvolvendo band aid de CBD, CBG e THC. Enquanto aqui, só se fala de CBD para epilepsia refratária”.
Para o advogado da Agape, apesar de cinco anos ser um período extenso, esse é o tempo mínimo e necessário para mudar a mentalidade da Secretaria de Saúde com capacitação.
“Queremos estender para o Judiciário e para a polícia. Queremos impactar positivamente. Firmar parcerias com a OAB e os Tribunais de Justiça”, conclui o fundador da Agape.
O uso medicinal da Cannabis já é legal no Brasil
O uso medicinal da Cannabis no Brasil já é regulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da Resolução da Diretoria Colegiada RDC 660 e RDC 327, desde que haja prescrição médica.
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