Após anos de sofrimento que culminou em um quadro de Alzheimer, Maria Emília, aos 76 anos, e sua família, encontram na Cannabis um motivo de esperança
Quando Maria Emília de Barros, 76, foi diagnosticada com Alzheimer, seus filhos passaram a fazer tudo que tinham ao alcance para garantir o melhor tratamento possível para a mãe. “Ela teve uma vida tão difícil, com poucas felicidades, que a gente pensou, poxa vida, agora ela está com Alzheimer. Tratar o melhor que a gente pode se tornou a busca de nossas vidas”, afirma a filha, Fabyola de Barros.
Vivendo em um orfanato desde os três anos de idade, após o assassinato do pai, Maria Emília só deixou a instituição aos 16, quando seu irmão mais velho a levou para Brasília. Na nova cidade, conheceu o pai de Fabyola, mas a história estava longe de um final feliz.
“Ela não tinha onde morar, não tinha emprego, não tinha para onde ir, como muitas mulheres naquele tempo. O casamento era uma salvação. Achava que isso iria melhorar a situação dela”, relata a filha. “Não foi uma vida muito fácil com ele. Ele era muito violento. Ela sofria abusos, apanhava dele, até que ela ficou viúva.”
Sinais de Alzheimer
O que poderia ser o início de uma vida mais tranquila, após décadas de sofrimento, durou cerca de seis anos. De repente, Maria Emília começou a se confundir e pegar a comida do almoço de seus colegas de trabalho. Na hora de retornar ao seu lugar, não conseguia se lembrar do caminho.
“Ela foi apresentando alguns sintomas. Nós não sabíamos que era Alzheimer. Ninguém sabe na hora que ele chega. É preciso ficar muito atento. Ela começou com um comportamento estranho. Para descobrir o que era, fomos até São Paulo. Até chegarmos à conclusão de que era Alzheimer.”
Foram mais de seis meses até que, em março de 2011, o diagnóstico fosse definido. “O Alzheimer é uma doença para o paciente, mas para a família é um aprendizado muito grande”, diz Fabyola. “Você precisa reconhecer aquela pessoa que está ali dentro. Muitas vezes você esquece, fica camuflada dentro do Alzheimer mas ele sempre estará ali. E com o passar dos anos, você vai redescobrindo essa pessoa.”
“Procuramos sempre cercá-la de pessoas boas. Cuidar é um ato de amor. Nesses anos todos cuidando da mamãe, o cuidar ganhou um sentido novo para mim. Hoje eu sei o que a minha mãe sente e precisa apenas pelo olhar dela. Ela não consegue se expressar com muita clareza, mas eu consigo pelo olhar dela perceber qual o sentimento que ela está tendo.”
Cannabis no tratamento do Alzheimer
Nessa busca por pessoas que a cercassem de amor, há cinco anos encontrou a geriatra Rosana Takako Ide. Sob os cuidados da médica, mudou toda sua alimentação, eliminou o açúcar e só consome produtos orgânicos. Mais recentemente, porém, em abril de 2012, seu tratamento ganhou mais um item de origem natural: a Cannabis medicinal.
Benefícios da Cannabis
“Nesse aprendizado com a Cannabis, a gente tem tido muita surpresa. Eu tenho muitas surpresas boas todos os dias”, garante Fabyola. “Ela sempre foi muito boa de dar respostas. Rápida no pensamento. Cada vez mais ela dá respostas dentro do assunto. Não tem mais respostas aleatórias, palavras soltas. Está sempre dentro de um raciocínio lógico, dentro da conversa, do contexto, e está melhorando cada dia mais.”
Não foi só seu cognitivo que melhorou, logo no início a Cannabis também ajudou a controlar a pressão arterial de Maria Emília. “Ela começou a tomar e parece que encontrou um terreno fértil. Eu acho o efeito da Cannabis mágico. Ela toma para Alzheimer, mas ela vai em todos os pontos que a pessoa tem necessidade.”
“A Cannabis entra e sai procurando um probleminha ali, outro acolá, vai agindo em vários pontos e a gente vê a melhora”, continuou. “Se não tiver 100% de cura, acredito que não seja porque não é possível curar os danos que foram causados. Mas não tem retrocesso. Muita coisa está acontecendo e percebo que ela está mudando. melhorando em muitos aspectos.”
Defensora da Cannabis
Animada, Fabyola se tornou mais uma defensora do uso da Cannabis medicinal. “Estamos muito satisfeitos com o uso da Cannabis. Recomendo a todas as pessoas que tem essa questão da doença. Eu indico Cannabis e a doutora Rosana, que é uma médica muito séria, responsável, e tem nos orientado muito bem.”
“É muito esperançoso e muito promissor o tratamento. Eu acredito que minha mãe vai longe”, finalizou. “Ela sempre lutou muito pela vida. É uma sobrevivente e a Cannabis tem ajudado muito nesse sentido. Nessa luta interior para sobreviver.”