Maria Paula Peláez conta que estados psíquicos como ansiedade e depressão despertam processos inflamatórios que são tratados com Cannabis
Em seus 25 anos de profissão, desde que se formou na Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 97, a médica Maria Paula Peláez sempre buscou focar sua formação com o objetivo de proporcionar um cuidado integral do paciente.
Uruguai radicada no Brasil, se especializou em anatomia patológica com ênfase em neuropatologia e neuroncologia, além de psiquiatria com formação em terapia cognitivo comportamental. Uma formação que culminou no que chama de “abordagem psicossomática integrativa sistêmica”.
“Sempre tive uma visão transdisciplinar. Essa preocupação de ver um indivíduo como um todo”, conta. “Nesse contexto, o óleo de canabidiol começou a fazer muito sentido a partir do momento que alguns pacientes não tinham uma resposta adequada à medicação alopática, sobretudo indivíduos com dores crônicas, transtornos espectro, autista e outras patologias.”
Primeira prescrição
Junto à Sociedade Brasileira de Estudo da Cannabis Sativa (SBEC) começou a se aprofundar no tema e, desde que prescreveu para a primeira paciente, já observa resultados transformadores. “Comecei com uma paciente com dor crônica que não tinha resposta alguma com a medicação alopática e já não conseguia trabalhar”, lembra.
“Fazia uso de morfina de todos os opioides possíveis e não respondia a nenhuma medicação. A gente já tinha até passado para o cuidado compassivo porque era um caso refratário.”
Com o óleo de Cannabis, levou um tempo até que a dose e formulação fossem ajustadas, mas logo a mudança foi evidente. “Está com as dores controladas, voltou a trabalhar e deixou de usar toda a medicação alopática.”
Este foi só o primeiro. “ Também tem alguns outros casos bem interessantes. De forma empírica, a gente foi trabalhando com déficit de atenção e criatividade, ansiedade, depressão, melhora do padrão do sono, distúrbio afetivo bipolar”, afirma.
“Sempre com muito cuidado. Grande parte das pessoas já fazia uso de medicação alopática e foi uma experiência que, embora em termos de metodologia científica seja difícil pela variabilidade tanto do sistema de cada um quanto dos óleos, ainda assim mostra que há bons resultados.”
“Eu sempre coloco para os pacientes que não é uma panaceia. Não é algo que vais resolver todos os males, mas que contribui muito para uma resposta terapêutica e para sobretudo resgatar a autonomia do indivíduo, que é o propósito do meu consultório.”
Inflamação, ansiedade e depressão
Para a médica, são dois os principais benefícios da Cannabis medicinal. “A não ser quando a fórmula contém muito THC e exige adaptação, os efeitos colaterais são praticamente zero para a grande maioria dos pacientes”, afirma.
“O grande diferencial é o fato de agir no sentido de promover a homeostase, o equilíbrio do organismo, porque o canabidiol diminui o estado inflamatório e sabe-se atualmente que a depressão e a ansiedade são estados inflamatórios.”
Assim, proporciona uma melhora integral do indivíduo. “Confere um equilíbrio organismo. Tem uma ação que não é única e exclusivamente relacionada à psiquiatria. Também contribui em outros aspectos de grande parte dos pacientes que se apropriam dessa nova terapêutica. Eles começam a fazer atividade física, a ter uma quebra de paradigma e passam a ser agentes ativos do tratamento.”
“Diferente da medicação alopática, que eu ainda uso, mas as pessoas têm uma atitude um pouco mais passiva. Preferem ser mais tutelados, com prescrição horário. O canabidiol tem esse desafio. O paciente vai se conhecendo e vai entendendo como o sistema dele é ativado. Qual é a dose para ele alcançar o resultado adequado.”
Promove a homeostase
A médica explica que quando uma pessoa está em estado de ansiedade ou sob estresse negativo, ocorre uma mudança no organismo. O cérebro e o corpo são uma unidade funcional e, diante desses estados psíquicos, ocorre a liberação de cortisol, citocinas pró-inflamatórias, fazendo esse feedback para o cérebro e desenvolve um estado inflamatório. Como consequência, há uma desorganização e desequilíbrio do organismo como um todo.
“O indivíduo com ansiedade pode ter sintomas gastrintestinais, dermatológicos, neurológicos. É tudo integrado. Do ponto de vista da minha abordagem, a fibromialgia é a expressão somática da depressão. O estado emocional em desequilíbrio provoca inflamação que atinge as articulações.”
As substâncias endocanabinoides são produzidas naturalmente pelo organismo em busca de equilíbrio quando, por exemplo, praticamos exercícios físicos. A Cannabis medicinal também cumpre esse papel, promovendo a homeostase.
“O canabidiol é um anti-inflamatório e assim ele também contribui muito na melhora com tudo. É como se fosse um cuidado sistêmico e não apenas direcionado ao que as pessoas têm. Não é essa visão cartesiana de cuidar da ansiedade e tratar o resto como se não fizesse parte de um todo.”
“Contra evidências, não tem o que falar”
Peláez acredita que a resistência que muitos de seus colegas psiquiatras mantém em relação à Cannabis medicinal é, não só pela falta de conhecimento, mas pela disponibilidade de conhecer o assunto. “Sou muito aberta à crítica, mas desde que elas tenham fundamento; Não adianta vir com uma porção de interesses. Mas isso está mudando gradualmente, por conta das próprias evidências, que são muito contundentes.”
“A gente observa crianças com epilepsia refratária, paralisia cerebral, que não tinham nenhum tipo de qualidade de vida e conseguindo melhorar muito. Contra evidências, não tem o que falar.”
“Eu acho que é mérito do paciente querer algo que seja mais natural, mais orgânico, que faça sentido em vários aspectos e, na pior das hipóteses, não vai fazer mal.”
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