Nova classe de canabinoides, que não precisa de receita, pode amplificar a eficácia nos tratamentos de dor
Você já ouviu falar em PEA (palmitoiletanolamida)? Essa palavra difícil de pronunciar, é um endocanabinoide, ou seja, um canabinoide produzido pelo próprio organismo humano – assim como a já conhecida Anandamida e o 2-AG – capaz de modular as funções orgânicas do corpo.
Tal qual os demais endocanabinoides, o PEA também é sintetizado sob demanda. Os níveis de produção dessa molécula no corpo aumentam em resposta a situações de estresse, lesões, inflamação e dor, por exemplo.
De forma simplificada e resumida, o PEA modula e ativa receptores que atuam no Sistema Nervoso Central e Periférico na supressão da inflamação e na redução de enzimas pró-inflamatórias.
Está na natureza
Com propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e imunizante, o PEA pode ser encontrado no reino vegetal e animal. Além de ser produzido pelo organismo humano, a substância também é encontrada em alimentos como a gema do ovo, soja, ervilha e amendoim em pequenas quantidades.
Mas a indústria farmacêutica também tem produzido a molécula sintética em laboratório para distribuir em larga escala.
Descoberto na década de 50
Desde que foi isolado em 1957, o PEA tem sido utilizado para tratar dor crônica, osteoartrite e na neuropatia periférica. Na década de 60, o produto chegou a ser comercializado nas farmácias como um remédio para a gripe, lembra o médico José Roberto Lazzarini, diretor médico e de inovação da Elleven.
“Nos anos 60 era antigripal. Agora, associado às propriedades medicinais da Cúrcuma e complexo B também tem auxiliado na contenção dos sintomas do espectro autista, depressão, distúrbios do sono, recuperação muscular em atletas e dor crônica”, detalha o médico.
De acordo com o especialista em plantas medicinais, os tratamentos farmacológicos convencionais para o manejo da dor apresentam um índice de resposta satisfatória em torno de 50%, por isso a indústria tem investido em novos fármacos e estratégias terapêuticas que tragam mais eficácia aos tratamentos.
Modula o Sistema Endocanabinoide
Instigado pelas propriedades medicinais do PEA e da Cúrcuma, aliados ao rol de vitaminas da família B, o Dr. Lazzarini, desenvolveu uma nova classe terapêutica que auxilia na modulação do Sistema Endocanabinoide e pode potencializar a ação de medicamentos à base de Cannabis.
“A Cannabis medicinal é o fitoterápico mais eficaz de todos. Mas a sua ação pode ser intensificada. Quando há indicação, eu faço a titulação do CBD (canabidiol), depois o THC (tetrahidrocanabinol) e complemento com o Endocan’, ensina o especialista em fitoterápicos.
Registrado como suplemento alimentar, a formulação nutracêutica, por definição, não trata doenças. “Essa substância biotiva atua de forma complementar, suplementando a alimentação ou tratando de forma coadjuvante, aliada a outros medicamentos”, enfatiza o médico.
Pesquisas científicas
Para embasar a sinergia entre PEA, Cúrcuama e a família das vitaminas B foram utilizadas 32 referências bibliográficas no desenvolvimento da pesquisa de formulação da suplementação alimentar, afirma Lazzarini.
“As evidências científicas comprovam que essa suplementação ao Sistema Endocanabinoide (SEC) aumenta a expressão do receptor CB2 e potencializa a modulação do SEC. Isso traz homeostase (equilíbrio) corporal e aumenta a imunidade”, explica.
Para o pesquisador, o diferencial da suplementação é a reunião das propriedades medicinais da cúrcuma ao PEA e às vitaminas do complexo B, que desempenham funções essenciais ao metabolismo energético. Segundo Lazzarini, é essa combinação que ajuda a sintetizar aminoácidos e regula o sistema imunológico.
Estudos pré-clínicos e clínicos, além de revisões recentes, ainda demonstram que o PEA tem auxiliado no tratamento da depressão e nas condições neuroinflamatórias com eficácia clínica comparável ao uso dos canabinoides da Cannabis.
“A minha principal paciente é a minha esposa. Ela tem fibromialgia e nada melhora! Na hora que entrei com o Endocan, ela disse que foi a primeira noite que dormiu sem acordar com dor no ombro. Agora, já são dois meses sem dor”, comemora Lazzarini.
PEA foi tema de palestra no CBDOR
A prescrição de canabinoides sintéticos como o PEA foi tema de palestra na 16ª edição do Congresso Brasileiro de Dor, que aconteceu mês passado, em São Paulo. O médico Ricardo Ferreira, especialista em dor, foi convidado para ministrar o painel sobre o assunto.
Ao portal Cannabis & Saúde, Ferreira, revelou que apesar de prescrever o PEA com certa regularidade, ficou surpreso ao saber que o endocanabinoide vendido nas farmácias é produzido em laboratório, uma vez que também está presente os alimentos.
“O PEA é um canabinoide sintético. Um canabinoide interessante de encontrar na farmácia com destaque no tratamento adjuvante da dor. Eles podem ser usados em paralelo com os outros canabinoides presente na Cannabis com o aumento da disponibilidade e aumentando a potência do CBD e THC. Pode ser uma interação bem interessante”, afirma o Dr. Ricardo Ferreira.
Achou interessante e precisa de orientação médica?
A Cannabis para fins medicinais já é legal no Brasil, segundo a RDC 660 e RDC 327 da Anvisa.
Para ter acesso ao medicamento basta marcar uma consulta e ser avaliado ou avaliada por um profissional. Na nossa plataforma de agendamentos, você pode marcar uma consulta com um médico experiente na prescrição desse tipo de tratamento.
São mais de 250 profissionais de diversas especialidades que estão prontos para analisar o seu caso e recomendar o caminho para melhor atender a você!
Entre em contato e marque já uma consulta!