Síndromes de Tourette, Lennox-Gastaut, Dravet, X-Frágil e esclerose estão entre as doenças em que a planta tem sido apresentada como um dos possíveis coadjuvantes no tratamento
Existem hoje no mundo mais de 300 milhões de pessoas diagnosticadas com alguma doença rara, isso dá entre 6% e 8% da população. E são cerca de 6 mil doenças raras do mundo. Mais de 42 milhões destes pacientes estão na América Latina, sendo 13 milhões deles no Brasil.
As informações são do farmacêutico Fábio Reis em artigo para o portal Pfarma. Segundo Reis, cada doença tem características particulares, mas algumas são comuns a quase todas, como a presença de sintomas desde a infância, os efeitos no desenvolvimento e na qualidade de vida dos pacientes, efeitos na expectativa de vida e, algumas vezes, o prejuízo das capacidades físicas e mentais.
De acordo com a Associação Internacional de Pacientes**, na América Latina o tempo médio entre o aparecimento dos primeiros sintomas e o diagnóstico de uma doença rara é de 5 anos. A falta de conhecimento torna o diagnóstico e o acesso a tratamentos adequados ainda mais difícil, razão pela qual as pessoas com doenças raras enfrentam desafios relativos aos sintomas, complicações e redução da sua qualidade de vida. O impacto vai além do paciente, envolvendo o seu círculo familiar e cuidadores.
O Dr. Wellington Briques, diretor médico da Spectrum Therapeutics, empresa especializada em medicina canabinóide, “doenças como as síndromem X-Frágil, Tourette, Lennox-Gastaut, Dravet e esclerose tuberosa estão entre as investigadas pela comunidade científica mundial. Entre os estudos clínicos que estão sendo realizados para conhecer possíveis tratamentos, a cannabis medicinal tem sido apresentada como um dos possíveis coadjuvantes no tratamento destas condições”.

“Produtos à base de canabinoides são usados há décadas para ajudar a reduzir a dor, espasticidade, convulsões e inflamações de diferentes condições”, explica o médico, que é especialista em medicina farmacêutica.
Segundo o Dr. Briques, o estudo científico “Treatment of Tourette’s Syndrome with Delta-9-Tetrahydrocannabinol***”, realizado com 24 pacientes com Síndrome de Tourette, mostrou um efeito terapêutico positivo sobre os tiques motores e vocais. Dois outros estudos recentes**** dos efeitos anticonvulsivos dos canabinoides na síndrome de Dravet concluíram que sua utilização estava relacionada com a redução da frequência das convulsões e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
“Um em cada cinco pacientes de doenças raras sofre de dor crônica. As evidências científicas demonstraram que os canabinoides também podem oferecer efeitos terapêuticos na redução da dor. Um paciente melhor atendido nas suas necessidades também pode reduzir o custo da assistência médica e farmacêutica ao Sistema de Saúde do Brasil”.
O especialista conclui: “Temos que reconhecer o árduo trabalho das pessoas com doenças raras e das suas famílias, que tornou possível chegar ao momento atual do Brasil onde, graças ao avanço da legislação, existe a perspectiva de acesso seguro a canabinoides para o tratamento de diferentes condições de saúde”.
O presidente da Federação Brasileira de Doenças Raras (Febrararas), que representa 150 mil associados no Brasil,, Antoine Daher, afirma que a regulação dos produtos à base de Cannabis no mercado brasileiro trouxe esperança para os pacientes.
“Existe potencial terapêutico para os canabinóides em doenças raras do grupo de doenças lisossomais, que acometem a área neurológica”. Ele defende, no entanto, a realização de investigações clínicas. “É necessário agora trabalhar para que se realizem pesquisas clínicas com foco em doenças raras aqui no Brasil”.
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Referências
* World Health Organization: WHO
** International Alliance of Patients’ Organizations | A global voice for patient-centred healthcare
***Neuropsychopharmacology
****Anticonvulsant Effects of Cannabidiol in Dravet Syndrome / A prospective open-label trial of a CBD/THC cannabis oil in dravet syndrome.