Considerado o ‘Pai da Cannabis’, americano avaliou o mercado, repassou dicas e falou sobre o futuro da indústria em webinar nesta quinta-feira
Há um imenso vazio ainda a ser preenchido no mercado mundial de Cannabis. Cheio de possibilidades e investidores. “Há um grande número de investidores poderosos disponíveis. Isso cria um oportunidade única para as pequenas empresas”, explicou Steve de Angelo durante um webinar na noite desta quinta-feira, 4. “Geralmente, em outras áreas, esses acordos vão para os players mais poderosos do mercado”, completa.
O encontro virtual contou com a participação de diretores da The Green Hub (Marcelo De Vitta Grecco e Alex Lucena), Daniel Jordão, fundador do site Sechat, e Paula Carvalho, gerente de comunicação da Humanitas360.
Steve DeAngelo, conhecido como o pai da Cannabis, levou a conversa durante uma hora com bom humor e simpatia. A fama e reconhecimento vêm de longe. Desde o fim dos anos 1990, quando se mudou para a Califórnia, primeiro estado americano a legalizar a Cannabis medicinal. Em 2006, conseguiu a licença para o Harborside Health. Quase 10 anos depois, lançou o livro “O manifesto da Cannabis: um novo paradigma para o bem-estar”.
Deu vida ainda ao projeto Last Prisoner (último prisioneiro), cuja missão é libertar todas as pessoas presas por venda e porte de maconha nos Estados Unidos.
“Nenhuma regulamentação, nos Estados Unidos ou Canadá, determinou que esse prisioneiros fossem soltos após a legalização da Cannabis”, disse. “Precisamos dar rosto a essas histórias. Michael Thompson está preso em Michigan por vender 1,5kg de maconha. Nos Estados Unidos, 80% dos prisioneiros dessa guerra às drogas são presos por causa de Cannabis.”
Segredos para dar certo
A primeira saída é quebrar o estigma em torno da Cannabis – com campanhas e educação. “Quando podemos engajar, falar sobre Cannabis, nós ganhamos essa discussão. Quando ensinamos sobre o sistema endocanabinoide, sobre os benefícios na segurança pública e saúde,nós ganhamos”, aposta DeAngelo.
As peças educativas são fundamentais, tem apelo emocional. Uma criança muito doente tendo melhoras por causa da Cannabis quebra esse estigma. E abre portas para seguir essas discussão”, conclui.
Como aprendizado americano, falou também como lidar com o mercado ilegal de Cannabis. “É preciso criar um ambiente industrial capaz de competir com o mercado underground. Com preços acessíveis e de boa qualidade”, contou. “Sou fã da ideia de cada um ocupar um nicho da cadeia de suprimentos, em vez de ceder licenças para operar em todos os processos.”
Futuro da indústria
Com tanto investidor dando sopa, DeAngelo aposta no futuro das empresas de Cannabis. Mas alerta: é preciso diversificar a produção de Cannabis – e não usá-la apenas para a produção de CBD.
“Sou um grande fã da indústria de cânhamo. É possível produzir material de construção com partes do interior da planta, tão forte quanto concreto, com menos pegadas de carbono”, defende. “Dá para fazer calça jeans com fibras de cânhamo usando um terço da água.”
Se você abrir uma empresa para produzir CBD, construa também para a indústria têxtil, de materiais de construção, produção de biocombustíveis”, completa. Ou seja: há infinitas possibilidades de uso da planta – e não apenas medicinal -, onde o cultivo é permitido. E bem mais sustentáveis.
Otimista, DeAngelo vê o mercado de Cannabis como uma forma diferente de fazer negócios. Sem os tradicionais erros de outras áreas.
“Temos um quadro branco e essa indústria vai se tornar o que a gente fizer dela. A Cannabis nos ensina a incluir todos”, conta. “E temos oportunidade de ter uma indústria com diversidade, com pessoas negras, mulheres, justiça econômica. Precisamos ter a sustentabilidade como traço básico”.
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