Estudos anteriores demonstraram que o canabidiol (CBD) pode ajudar no tratamento de pessoas com transtorno por uso de cocaína. O canabinoide poderia reduzir a sensação de prazer que a cocaína causa e aliviar sintomas da abstinência.
Análises anteriores sugeriam que esses efeitos estavam relacionados à capacidade do CBD de reduzir a inflamação no cérebro e a liberação de dopamina. Porém, um novo estudo realizado na Austrália mostrou que o CBD também influencia a conexão entre cérebro e intestino, modificando as respostas fisiológicas à cocaína.
Como a cocaína age no cérebro
O consumo crônico e abusivo de cocaína (ou de derivados como o crack) provoca várias mudanças no comportamento e no corpo. No cérebro, ela afeta o sistema de recompensa, liberando grandes quantidades de dopamina, um neurotransmissor ligado ao prazer.
O tratamento para o transtorno por uso de cocaína é complexo e varia de pessoa para pessoa. Ele envolve diferentes abordagens para interromper o uso da substância, prevenir recaídas e promover uma vida saudável.
Embora não haja medicamentos específicos para tratar esse transtorno, alguns remédios ajudam a aliviar sintomas como a depressão, ansiedade e a impulsão. Nesse sentido, o CBD tem potencial para ajudar no tratamento do vício em cocaína, assim como observado por cientistas brasileiros em pessoas que usam crack de forma abusiva.
A importância do eixo cérebro-intestino
O estudo Cannabidiol (CBD) facilitates cocaine extinction and ameliorates cocaine-induced changes to the gut microbiome in male C57BL/6JArc mice, publicado na Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry, trouxe resultados promissores.
No experimento, animais em laboratório foram expostos à cocaína e alguns receberam CBD (20 mg/kg). Depois de parar a administração das substâncias, os pesquisadores analisaram o comportamento dos animais e os microrganismos do intestino.
Há uma rede de comunicação entre o cérebro e o intestino mediada por neurotransmissores, hormônios e a microbiota intestinal. Nessa interação, um órgão influencia no outro modificando funções fisiológicas e psicológicas. Nesse contexto, os microrganismos presentes no intestino produzem uma variedade de substâncias que podem modular a função cerebral, afetando o humor e o comportamento.
CBD reduziu a memória de recompensa da cocaína
Os animais que receberam CBD tiveram uma redução na memória de recompensa associada à cocaína, e esse efeito durou até 20 dias. O CBD também reduziu o consumo de cocaína e a busca por ela. Além disso, a presença de microrganismos benéficos no intestino aumentou nos animais que receberam CBD, e a inflamação causada pela cocaína foi menor tanto no cérebro quanto no intestino.
Os autores indicam um caminho para novas pesquisas explorarem a utilização do CBD no tratamento de pessoas que fazem uso abusivo de cocaína e que a saúde intestinal deve ser considerada nesse processo.
“Este é o primeiro relato de que a extinção aprimorada da memória de recompensa da cocaína pelo CBD pode estar ligada a mudanças no microbioma intestinal. Nosso trabalho apoia uma exploração mais aprofundada de como o CBD pode mediar o eixo intestino-cérebro no contexto do uso de cocaína.”
CBD: uma ferramenta promissora
Portanto, o CBD tem potencial para impactar positivamente nos tratamentos para a dependência de cocaína e de outras substâncias de abuso, por ser uma substância segura e bem tolerada. Pesquisas anteriores também indicam que o CBD tem potencial para ajudar no tratamento do vício em opioides, que afeta particularmente os EUA.
É importante lembrar que o tratamento para o transtorno por uso de cocaína é individualizado e envolve várias abordagens além de medicamentos. As pessoas que fazem uso problemático de cocaína ou crack sofrem com estigmas que podem prejudicar o tratamento. Renato Filev, um dos principais pesquisadores brasileiros nessa área, defende que a redução de danos seja parte de uma estratégia mais ampla.
“Para combater o uso abusivo, primeiro a informação e a orientação para um uso menos nocivo, com redução de danos. Segundo, a oferta de substâncias sem adulterantes e contaminantes que possam prejudicar ainda mais a vida da pessoa. Em terceiro, um acolhimento sem estigma e, claro, tratamento em liberdade dentro da rede de atenção psicossocial.”
Portanto, embora a Cannabis seja uma ferramenta poderosa, não substitui os grupos de apoio, terapias comportamentais e a adoção de hábitos saudáveis.
Como começar um tratamento com medicamentos com Cannabis
É possível fazer um tratamento para a saúde utilizando medicamentos à base de Cannabis de forma legal e segura. De acordo com as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é necessário ter um profissional da saúde acompanhando todo o processo, desde a prescrição até os ajustes na dosagem.
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