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Cannabis medicinal e a revolução do cuidado: humanização e qualidade de vida do paciente em foco na ExpoCannabis 2024

Cannabis medicinal e a revolução do cuidado: humanização e qualidade de vida do paciente em foco na ExpoCannabis 2024

O palco da ExpoCannabis 2024 reuniu referências no setor para destacar como a Cannabis está transformando a medicina, com ênfase na empatia, no cuidado integral e no alívio do sofrimento

Publicado em

18 de novembro de 2024

• Revisado por

Jornalista e pós-graduada em Filosofia e Literatura, com 13 anos de experiência em comunicação, conteúdo e estratégias digitais. Atuou como repórter, redatora, roteirista, ghost writer e head de conteúdo. Especialista em Thought Leadership e storytelling, acredita no poder das narrativas para conectar pessoas e ideias.

A ExpoCannabis 2024, realizada em São Paulo nos dias 15, 16 e 17 de novembro, se destacou como um palco de debates fundamentais sobre o uso medicinal da Cannabis, abordando desde seus avanços científicos até as barreiras enfrentadas pelos profissionais da saúde. 

Com o lema “normalizando os múltiplos usos da planta“, a segunda edição do evento expandiu o debate e reuniu especialistas renomados  que discutiram, durante três dias, temas fundamentais para a evolução da medicina Canabinoide em diferentes contextos. 

A medicina de família e comunidade e o papel integral do médico

A medicina de família e comunidade tem como objetivo promover a saúde como um projeto de vida, considerando os aspectos familiares, sociais e emocionais que influenciam o bem-estar do indivíduo.

“A saúde é vista como qualidade de vida, como vivências que produzem sentido e significado para a pessoa e sua comunidade”, explica Rodrigo Pacheco.

Durante o painel dedicado ao tema, o médico reforçou que, nesse modelo, a relação médico-paciente é construída com base na confiança e no entendimento mútuo. Nesse sentido, a Cannabis medicinal surge como uma terapia que exige não apenas compreensão científica, mas também um cuidado mais profundo.

“A terapia com Cannabis não se resume a tratar sintomas isolados, mas a compreender múltiplos alvos no corpo, com moléculas que interagem com um sistema complexo, criando uma relação terapêutica única”, explicou o especialista.

Médico de família: o quarterback do cuidado holístico e personalizado

Assim como o quarterback no futebol americano, que lidera o ataque e toma decisões estratégicas para avançar pelo campo, o médico de família também tem um papel crucial na condução do tratamento.

“A gente brinca que o médico de família é como se fosse o quarterback do futebol americano. Ele é o cara que pensa o processo e joga a bola para o especialista mais apto a fazer o ponto. Às vezes, não tem nenhum especialista livre e a função dele é correr. Produzir isso”, compara.

Essa abordagem integrada e personalizada, tanto no tratamento com Cannabis quanto em outras terapias, é o que torna a Medicina de Família e Comunidade uma prática essencial no cuidado holístico. “Nosso juramento é curar quando possível, aliviar quando necessário, mas consolar sempre”, finaliza o médico, refletindo sobre a importância de oferecer um cuidado próximo, acolhedor e responsivo às necessidades de cada paciente.

O potencial da Cannabis para reestabelecer a homeostase no organismo

A médica Amanda Medeiros, uma das vozes mais ativas na promoção da Cannabis como alternativa para diversas condições médicas, explicou que o Sistema Endocanabinoide, responsável por regular funções como o equilíbrio e a homeostase no corpo, é essencial para o funcionamento adequado da saúde.

Este sistema está pronto para interagir com os Fitocanabinoides presentes na planta da Cannabis, razão pela qual o uso de substâncias derivadas da planta pode ser tão benéfico. “O nosso corpo e o Sistema Endocanabinoide têm uma relação natural com a Cannabis. No entanto, a repressão social e legal nos últimos 100 anos tem dificultado a compreensão do seu potencial terapêutico. É um absurdo que profissionais de saúde formados não conheçam os receptores que nossos próprios corpos possuem para a Cannabis”, afirmou.

A especialista enfatizou ainda que a terapia com Cannabis não deve ser vista apenas sob a ótica do CBD isolado, mas sim como um conjunto de Canabinoides presentes na planta, que funcionam de forma sinérgica para otimizar os resultados. “O CBD tem propriedades anti-inflamatórias e ansiolíticas, mas sua eficácia é potencializada quando utilizado em conjunto com os outros compostos “, afirmou.

Dra. Amanda conclui que a Cannabis não é apenas uma alternativa de tratamento, mas uma forma de restabelecer o equilíbrio do corpo de maneira mais natural e menos invasiva, desafiando as concepções tradicionais da medicina.

Uso da Cannabis na psiquiatria, onde estamos?

Para o psiquiatra Wilson Lessa, discutir o uso de Cannabis na psiquiatria ainda é um grande desafio no Brasil, especialmente em um cenário onde as abordagens terapêuticas tradicionais estão profundamente enraizadas.

“O tema ainda é muito estigmatizado. Há uma resistência em aceitar a Cannabis como uma opção viável de tratamento ”, afirmou.

Entretanto, para Lessa, a psiquiatria é muito mais do que um lugar de fala, é um espaço fundamental de escuta. “Nosso papel, como psiquiatras, vai além de prescrever; devemos ouvir nossos pacientes com empatia e acolhimento, entendendo suas necessidades específicas e considerando todas as opções terapêuticas disponíveis. Isso inclui, sim, a Cannabis, desde que seja a opção mais adequada e respaldada por evidências científicas”, explicou.

“É preciso que a comunidade psiquiátrica esteja aberta ao diálogo e à inovação, para oferecer aos pacientes as melhores alternativas, seja com medicamentos convencionais ou com o uso de substâncias como a Cannabis, que, quando bem indicada, pode trazer resultados positivos”, concluiu.

Avanços no Sistema Endocanabinoide e na Farmacologia da Cannabis

Luzia Sampaio, referência em temas relacionados ao uso médico-científico de Canabinoides, conduziu uma palestra sobre os avanços na farmacologia da Cannabis e seu impacto no tratamento de doenças neurológicas e metabólicas.

Entender o Sistema Endocanabinoide é a chave para compreender a segurança e as possibilidades farmacológicas da Cannabis. O que temos agora, em 2024, é apenas a ponta do iceberg. Hoje, sabemos muito mais do que sabíamos há 10 anos, mas o que está por vir será ainda mais surpreendente“, afirmou.

 Talk Cannabis no tratamento da dor 

No painel “Cannabis no Tratamento da Dor”, os especialistas Ricardo Ferreira e Paulo Santos discutiram a aplicação da Cannabis no manejo da dor crônica. Ferreira destacou que a planta é uma alternativa valiosa para pacientes que não respondem a tratamentos convencionais, especialmente em casos de dor neuropática. “A cannabis pode fazer a diferença para pacientes com dor crônica resistente a outros tratamentos”, disse Ferreira.

Paulo Santos explicou que, em casos de dor neuropática, o uso de Canabinoides como CBD e THC pode proporcionar alívio significativo. “Para pacientes mais velhos, o CBD é frequentemente a opção mais eficaz, devido à sua segurança e falta de efeitos colaterais típicos de outros analgésicos”, afirmou.

Os especialistas também discutiram o acesso à Cannabis medicinal no Brasil, destacando as opções legais de obtenção, como farmácias e importação de produtos, mas também chamaram atenção para os desafios burocráticos e o alto custo desses tratamentos.

ExpoCannabis 2024: Caminhos para a Transformação da Medicina no Brasil

O palco dedicado à Cannabis medicinal durante a segunda edição da ExpoCannabis Brasil 2024 deixou claro que, embora os diversos avanços, ainda há muito a ser feito para superar as barreiras educacionais e regulatórias. Com palestras de especialistas renomados e discussões focadas no impacto positivo da planta para pacientes com condições crônicas, neurológicas e psiquiátricas, o evento proporcionou um espaço para debater a necessidade de uma abordagem mais integrada e científica sobre o uso de cannabis na medicina.

O desafio agora é garantir que os conhecimentos sobre os benefícios da Cannabis se expandam para os profissionais da saúde e para a sociedade como um todo, permitindo que mais pacientes se beneficiem dessa alternativa terapêutica.

 

 

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