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“Mães de crianças atípicas conhecem o medo de que nossos filhos não consigam ter uma vida plena, com autonomia, mas hoje vejo que isso é possível”

“Mães de crianças atípicas conhecem o medo de que nossos filhos não consigam ter uma vida plena, com autonomia, mas hoje vejo que isso é possível”

A jornada de superação de uma mãe e sua filha com TEA e Síndrome de Tourette: como a busca por alternativas terapêuticas e a Cannabis medicinal promoveram autonomia e transformação em suas vidas

Publicado em

17 de julho de 2025

• Revisado por

Jornalista e pós-graduada em Filosofia e Literatura, com 13 anos de experiência em comunicação, conteúdo e estratégias digitais. Atuou como repórter, redatora, roteirista, ghost writer e head de conteúdo. Especialista em Thought Leadership e storytelling, acredita no poder das narrativas para conectar pessoas e ideias.

Durante boa parte de 2023, a filha de Renata — A. J, de 11 anos — não conseguia segurar um lápis. A hipersensibilidade sensorial impedia o simples contato com o papel. No início do ano letivo, para cumprir o currículo, as avaliações precisaram ser orais. Mas, seis meses depois, Renata ouviu algo inesperado: “Mãe, eu já fiz a redação da escola.”

Intrigada, ela foi conferir. Encontrou no caderno uma folha inteira, frente e verso, com letra caprichada e um texto coeso, estruturado, assinado por A.J

“Foi um momento muito forte. Quem vê de fora talvez ache algo pequeno, mas para mim, aquilo foi uma superação imensa.” Para Reanta, foi como assistir à autonomia nascendo no papel.

O diagnóstico de autismo e Síndrome de Tourette

O diagnóstico de A.J começou a se desenhar aos três anos. Ela passou a apresentar comportamentos que chamaram a atenção de Renata. Sinais de atraso no desenvolvimento, dificuldades de interação social e na comunicação levaram à primeira avaliação. Foi então que o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi confirmado. No entanto, o quadro da menina se tornou mais complexo aos seis anos, quando ela passou a apresentar os tiques característicos da Síndrome de Tourette, um transtorno neurológico que causa movimentos e sons involuntários.

Esse diagnóstico ampliou a compreensão das dificuldades enfrentadas por A. J e ajudou a direcionar os tratamentos subsequentes, mas também trouxe à tona novos desafios. Foi um processo longo de observação e adaptação, marcado por uma busca constante por estratégias que respeitassem suas necessidades e promovessem seu bem-estar.

A busca por alternativas

Renata é neuropsicopedagoga e está habituada a acompanhar outras crianças com desafios do neurodesenvolvimento, sabia exatamente o que observar — e, também, o que estava falhando.

“Com o uso dos alopáticos, alguns ganhos que ela já tinha feito foram retrocedendo e ela teve muitos efeitos colaterais: ganhou muito peso, desenvolveu síndrome metabólica, chegou a um quadro pré-diabético. A autoestima dela despencou. E o bullying na escola só piorou tudo. Foi uma cascata.”

Diante dos impasses com a alopatia, Renata começou a buscar alternativas. A Cannabis medicinal já aparecia em estudos e relatos de pessoas com a Síndrome de Tourette, mas ela ainda via a opção como algo distante — caro, inacessível e cercado de estigma.

“Eu já tinha visto muitos resultados positivos do canabidiol, mas entendia que era muito caro e, por não conhecer, achava que o acesso era muito difícil. Eu comecei a buscar os resultados não só no TEA, mas também em pessoas que eram portadoras da Síndrome de Tourette”, conta.

Até que, após muita pesquisa, decidiu tentar.

“Eu não queria qualquer médico. Queria alguém que soubesse o que estava fazendo, especialmente com a retirada dos remédios anteriores. Como ela já usava alopatia, eu precisava de uma profisisonal que entendesse o processo inteiro.”

Foi assim que, em 2023, chegou à Dra. Vanessa Matalobos. “Quando chegamos à primeira consulta, minha filha estava completamente desregulada: tiques intensos, exames todos fora do padrão, ansiedade altíssima, muito inflamada. Começamos o tratamento com esse cenário”, explica.

Além do esperado

Ao contrário dos obstáculos que Renata imaginava, ela se deparou com uma experiência que descreveu como “assustadoramente simples”.

“Eu achava que seria um labirinto burocrático — e não foi. Tudo fluiu de maneira muito tranquila.”

Seis meses depois, os resultados já eram evidentes: os tiques praticamente desapareceram, os exames voltaram ao padrão, a inflamação corporal cedeu, o sono regularizou. “Pela primeira vez na vida, ela passou a dormir a noite inteira. E um sono bom, restaurador — não aquele sono ‘apagado’ de medicação forte. Um sono de verdade.”

A cognição também deu um salto: concentração, memória, atenção. E, aos poucos, surgiram indícios de algo maior. Um processo de reconstrução da autoestima.

“Ela voltou a se olhar no espelho e se gostar. A vaidade, que tinha sumido, reapareceu. Aquilo me emocionou demais”, conta Renata.

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“Reintegração de posse do meu corpo”: Liliam Cristina compartilha a força da Cannabis medicinal no tratamento da fibromialgia

Autonomia

Renata sabe que há resistência, especialmente quando o assunto é Cannabis e infância. Já ouviu julgamentos, perguntas enviesadas, olhares atravessados. “Mas eu estudei muito. Li tudo o que podia. E quanto mais lia, mais certeza tinha.”

A confiança cresceu ainda mais pela observação cotidiana. “Hoje eu vejo que a autonomia é possível. Que ela vai se desenvolver. Que ela pode escolher o que quer ser. E que nós vamos dar os recursos para isso. O TEA e a Tourette fazem parte da vida dela, mas não a limitam mais.”

A rotina segue com doses diárias — 20 gotas pela manhã, 20 à noite — sempre com acompanhamento médico regular. Renata permanece atenta, mas agora com a confiança de quem vê sua filha se tornar protagonista da própria história.

“Todas as mães de crianças atípicas conhecem esse medo: o de que nossos filhos não consigam ter uma vida plena, feliz, com autonomia. Mas hoje eu vejo que é possível. A minha filha está vivendo isso.”

E, ao olhar para a redação escrita pela filha, Renata não vê mais apenas as palavras organizadas no papel. Vê o futuro de sua filha sendo reescrito — palavra por palavra, conquista por conquista. Ela, que não conseguia segurar um lápis, agora escreve sua própria história.

Nota da Redação:
Este conteúdo não revela o nome da criança, em conformidade com as diretrizes de proteção à identidade de menores.

Importante! 

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