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Estudo mostra como terpenos interagem com sistema endocanabinoide

Estudo mostra como terpenos interagem com sistema endocanabinoide

Estudo mostrou como esses compostos aromáticos ativam os receptores CB1 e CB2, e ajudam a explicar por que cada variedade pode trazer efeitos tão diferentes, mesmo com níveis semelhantes de CBD e THC.

Publicado em

12 de dezembro de 2025

• Revisado por

Jornalista e editor especializado em Comunicação e Saúde, pós-graduando em Drogas, Sociedade e Práticas Educativas. Escreve sobre ciência e sobre o uso da Cannabis na saúde humana e animal. É também fundador da Editora Vista Chinesa, onde publicou livros como “A História da Cannabis em Quadrinhos” e “Mila”.

Estudo mostra como terpenos interagem com sistema endocanabinoide

A relação entre terpenos e o sistema endocanabinoide tem despertado cada vez mais interesse entre pesquisadores, médicos e pacientes que utilizam medicamentos à base de Cannabis. Essa curiosidade acontece porque muitos estudos apontam para a existência do chamado efeito entourage (ou efeito comitiva), um fenômeno no qual diferentes compostos da planta, como canabinoides, terpenos e flavonoides, agem em conjunto para modular e potencializar os efeitos terapêuticos.

Apesar de ser amplamente citado, o efeito entourage não é totalmente compreendido, e um novo estudo trouxe novas informações importantes sobre como os terpenos da Cannabis ativam diretamente os receptores do sistema endocanabinoide, mesmo quando usados isoladamente.

Esses resultados ajudam a explicar por que certas variedades provocam efeitos tão distintos, mesmo com níveis semelhantes de CBD e THC.

Como os terpenos conversam com o sistema endocanabinoide

No estudo Selective activation of cannabinoid receptors by cannabis terpenes, publicado na revista Biochemical Pharmacology, o objetivo foi entender se os terpenos, tradicionalmente associados ao aroma e ao sabor, também desempenham um papel ativo na ativação dos receptores CB1 e CB2, que fazem parte do sistema endocanabinoide. De acordo com estudos anteriores, esses receptores ajudam a regular funções essenciais do organismo, como:

  • Resposta ao estresse;
  • Inflamação;
  • Percepção da dor;
  • Apetite;
  • Humor.

O CB1 está mais presente no sistema nervoso central e é ativado pelo ∆9-tetrahidrocanabinol (THC), enquanto o CB2 é mais comum no sistema imune e está ligado à modulação da inflamação.

O que o estudo trouxe dessa conexão invisível

Os pesquisadores testaram 16 terpenos comuns na Cannabis utilizando células especiais (oócitos de Xenopus laevis), que produzem sinais elétricos quando um receptor é ativado. Essa técnica permite identificar até ativações muito fracas nos receptores canabinoides.

Os terpenos analisados foram:

  • α-pineno
  • ß-pineno
  • limoneno
  • mirceno
  • ocimene
  • sabineno
  • terpinoleno
  • borneol
  • eucaliptol
  • geraniol
  • linalol
  • terpineol
  • ß-cariofileno
  • humuleno
  • bisabolol
  • nerolidiol

Os pesquisadores observaram que muitos terpenos conseguem ativar CB1 e CB2 diretamente, algo antes atribuído principalmente aos canabinoides.

Preferências: CB1, CB2 ou ambos

Os principais resultados observados pelos pesquisadores foram:

  1. Terpenos atuam como agonistas parciais: ativam CB1 e CB2, porém de forma menos intensa que o THC. Ainda assim, de modo consistente.
  2. O receptor CB2 responde melhor: a maioria dos terpenos gerou respostas mais fortes nesse receptor, associado à modulação da dor e inflamação.
  3. Misturas também ativam o sistema endocanabinoide: combinações com 5 a 9 terpenos produziram respostas relevantes no CB1.
  4. Alguns terpenos chegam a níveis de ativação de doses clínicas de THC: baixas concentrações de ß-cariofileno, mirceno, eucaliptol, limoneno, sabineno e ocimene ativaram o CB2 com intensidade semelhante à de uma dose considerada clinicamente ativa de THC.

Todos os 16 terpenos testados conseguiram ativar o sistema endocanabinoide, mas em intensidades diferentes. Alguns mostraram preferência pelo CB1, enquanto a maioria respondeu melhor no CB2.

Terpenos com maior afinidade por por CB2 tendem a apoiar efeitos anti-inflamatórios e analgésicos. Já os que se ligam mais ao CB1 podem modular humor e estresse.

terpenos usos

16 terpenos e sua ativação nos receptores CB1 e CB2

TerpenoAtivação CB1Ativação CB2Receptor Preferencial
α-pinenoModeradaBaixaCB1
β-pinenoModeradaBaixaCB1
LimonenoBaixaAltaCB2
MircenoBaixaAltaCB2
OcimenoBaixaAltaCB2
SabinenoBaixaAltaCB2
TerpinolenoBaixaModerada/AltaCB2
BorneolBaixaModeradaLeve preferência CB2
EucaliptolBaixaAltaCB2
GeraniolModeradaModeradaNão definido / equilibrado
LinalolBaixaModeradaLeve preferência CB2
TerpineolBaixaAltaCB2
β-cariofilenoBaixaMuito altaCB2 (seletivo)
HumulenoBaixaModeradaCB2
BisabololBaixaModeradaCB2
NerolidolBaixaModeradaCB2

Uso seguro de produtos com canabinoides

O estudo ajuda a reforçar a ideia de que o efeito entourage não depende apenas da interação entre canabinoides, mas envolve também um papel ativo dos terpenos. Esses achados abrem novas possibilidades para o desenvolvimento de medicamentos mais personalizados, inclusive versões sem canabinoides.

Diante desses avanços científicos importantes, o uso terapêutico de produtos com derivados da Cannabis no Brasil deve sempre ser feito com acompanhamento médico. Profissionais experientes nesse tipo de abordagem podem oferecer orientação sobre doses, formulações, interações e segurança no tratamento.

Se você deseja incluir medicamentos com os compostos da Cannabis no seu tratamento, acesse a nossa plataforma de agendamento. Lá, você pode marcar uma consulta presencial ou por telemedicina com profissionais habituados com esse tipo de prescrição.

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