A epilepsia em cães tem sido tratada com Cannabis medicinal com sucesso. Doença neurológica mais comum entre nossos melhores amigos, ela causa convulsões, confusão e perda de qualidade de vida. Os tratamentos alopáticos são pouco efetivos e causam graves efeitos colaterais.
Cachorros têm um sistema endocanabinoide (o sistema com o qual os canabinóides da Cannabis interagem) muito similar ao humano. E tanto pesquisas como casos clínicos têm mostrado sucesso no tratamento de epilepsia com Cannabis – assim como no uso humano, diminuindo ou até retirando totalmente o uso de alopáticos e trazendo mais qualidade de vida.
Apesar de os veterinários enfrentarem a incerteza na legislação, falta de informação e preços altos do tratamento, muitos já prescrevem no Brasil, e muitos mais buscam cursos de formação.
Nesta matéria você vai entender mais sobre a doença, os tratamentos com Cannabis e como conseguir melhorar a vida do seu amigo epiléptico.
Um ataque epiléptico canino pode começar com aparência de confusão. O animal cai no chão e parece beber água no ar. Isso pode ser uma convulsão. Sintomas frequentes como esses podem significar epilepsia, surtos anormais da atividade elétrica no cérebro.
Esses surtos afetam o comportamento e podem parecer um tique ou tremores incontroláveis, durando de menos de um minuto a vários minutos.
A epilepsia canina é o transtorno neurológico mais comum entre cães, e geralmente se mantém durante toda a vida. Algumas raças são mais propensas a sofrer ataques epilépticos: pastor alemão, beagle, golden retriever e labrador.
Variam conforme a área do cérebro afetada, acontecem repentinamente e duram de alguns segundos a minutos.
Os sintomas podem incluir o colapso, endurecimento do corpo, tremores musculares, perda da consciência, o animal pode babar, mastigar involuntariamente, morder a língua, espumar, tombar de lado e fazer movimentos de corrida e urinar.
Costumam aparentar confusão, olhar perdido, visão prejudicada, andar em círculos, bater nas coisas e se esconder.
A epilepsia canina deve ser investigada de forma individual, uma vez que os cães, como os seres humanos, são únicos.
A forma mais comum de epilepsia, a idiopática (geralmente de origem genética), afeta cães entre os seis e seis anos de idade e representa aproximadamente 48% dos casos.
As causas mais comuns podem se dividir em causas extracranianas e intracranianas:
Em suma, as causas mais comuns para a epilepsia canina são: ingestão de substâncias tóxicas, doenças do fígado, baixo ou alto nível de açúcar no sangue, doenças renais, anemia, traumas na cabeça, encefalite, AVC e tumor cerebral.
Segundo a veterinária prescritora de Cannabis Bárbara Gaedtke, os estudos que apresentam sugestões de dosagem trazem indicações de miligramagem por peso do animal, e sempre usando um produto padronizado.
Entretanto, a dosagem deve levar em consideração não só o peso do animal, mas também a severidade da epilepsia, a resposta e a concentração do produto. Por serem poucos os produtos padronizados, principalmente na veterinária, a indicação é sempre buscar um veterinário prescritor.
Gaedtke, por exemplo, prefere priorizar produtos 1:1 (proporção igual de CBD e THC). Em casos de animais mais ansiosos, a opção pode ser um produto com mais THC.
Para cachorros com crises fortes, pode ser uma boa ideia começar com concentrações mais altas para frear as convulsões, e ir reduzindo conforme a resposta.
Nesses casos, ela avalia a resposta numa janela de apenas um dia. Em casos mais leves, a janela de observação pode ser de dois a três dias.
Excetuando os casos graves, a orientação é sempre fazer uma introdução gradual, sempre acompanhando o quadro do paciente: assim como com humanos, o tratamento com cachorros é individualizado e deve levar em consideração variáveis como peso, idade e gravidade do quadro. A administração padrão é de duas vezes por dia, mas pode variar de uma a quatro vezes.
Outra orientação importante é a atenção com as interações medicamentosas. A Cannabis pode potencializar ou até inibir a ação de alguns remédios, por isso consultar um veterinário bem informado é fundamental. Gaedtke sempre orienta a administração da Cannabis e outro medicamento com pelo menos duas horas de intervalo.
Cursos como o de Medicina Veterinária Canabinoide da Universidade Federal de Santa Catarina e o do Dr Pet Cannabis são os mais conhecidos e vêm formando cada vez mais veterinários prescritores no Brasil.
As formas mais comuns de busca por esses profissionais são as associações canábicas e as redes sociais como Instagram, Facebook e Youtube, onde profissionais divulgam seu trabalho e aplicações da Cannabis na veterinária.
O professor e pesquisador Erik Amazonas lembra que a maioria dos estudos sobre Cannabis é feito em animais, que vão de ratos até cachorros e macacos.
A epilepsia é uma das doenças mais estudadas e com melhores resultados em tratamentos com Cannabis. Os relatos anedóticos também são numerosos, tanto no Brasil como no exterior, tanto em humanos quanto em cachorros.
O estudo da Universidade do Estado do Colorado de 2019 com 16 cachorros com epilepsia mostrou que 89% dos pacientes que receberam CBD tiveram redução na frequência de convulsões.
Segundo estudo publicado em 2013 no jornal científico BMC Veterinary Research, a epilepsia canina é uma das doenças neurológicas crônicas mais comuns em cachorros e se caracteriza pelas convulsões.
O sistema endocanabinóide tem papel central na supressão da excitabilidade neuronal e em controlar a rede de atividade epiléptica.
Os endocanabinóides são liberados de acordo com a necessidade, e sua desregulação foi descrita em diversas patologias. Convulsões recorrentes podem levar a mais desequilíbrio do sistema endocanabinóide e prejuízo em seu efeito protetor.
O estudo mediu o líquido cefalorraquidiano de 40 cachorros com epilepsia idiopática e concluiu que os níveis de anandamida e araquidonilglicerol (2AG) (dois endocanabinóides) são alterados em animais com a doença, indicando a importância dessas substâncias nos processos epilépticos.
Artigo brasileiro publicado no jornal Neuroscience & Biobehavioral Reviews em 2020 aponta para os efeitos anticonvulsivantes do CBD em modelos animais, bem como neuroprotetores.
O óleo de CBD pode fornecer terapia relevante para animais de estimação ou trabalho acometidos de alguma doença, física, mental e/ou comportamental. Entre as patologias estão as seguintes:
Na visão geral, o uso de óleo de Cannabis sativa devolve aos nossos companheiros a alegria de viver, brincar e proporciona um valioso conforto nas últimas horas de vida.
Além do ainda alto preço do tratamento com Cannabis, o maior entrave para a prescrição veterinária é a incerteza.
Os Conselhos Regionais de Medicina Veterinária autorizam em alguns estados. Em outros, não se manifestam, mas nunca apoiam o uso.
A Anvisa aprova o uso do Mevatyl para humanos, mas não menciona o uso veterinário. O Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que seria o órgão federal a regular o assunto, não se posicionou.
Gaedtke explica que depende da gravidade da epilepsia e de outros fatores.
A idiopática (sem causa conhecida) se manifesta em adultos jovens, de um a cinco anos. Se o animal for tratado com alopáticos, a expectativa de vida diminui porque estes causam lesões hepáticas graves e são medicações para toda a vida.
Se o tratamento for feito com Cannabis e desde o início, ela acredita que não haja diminuição da expectativa de vida.
Mas leva mais alguns fatores em consideração: a maioria dos animais chegam com diagnóstico de epilepsia, mas sem os exames conclusivos, como tomografia cerebral e ressonância magnética, que são caros e quase nunca disponíveis para animais.
A epilepsia pode ser secundária a um tumor, por exemplo, o que vai diminuir expectativa de vida sem que veterinário nem tutor sequer descubram.
Os tratamentos veterinários com Cannabis são uma tendência que vem logo na sequência do interesse para humanos.
Com um sistema endocanabinóide similar, veterinários estão descobrindo as diversas aplicações do uso da planta. A epilepsia é uma das doenças mais tratadas com sucesso com Cannabis medicinal, e o paralelo é verdadeiro na veterinária.
Apesar de serem necessárias mais pesquisas e legislação para tornar a prescrição mais fácil e segura aos profissionais de saúde, os resultados clínicos são promissores e bastante seguros.
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