Utilizar o grande alcance do Ambulatório de Atenção à Pessoa com Fibromialgia (AMASF) e gerar evidências científicas. Esta é a meta do estudo, que será lançado em 2025 pela AMASF da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC): pesquisar e construir evidências robustas sobre o potencial dos fitocanabinoides no tratamento da fibromialgia.
Atualmente, o AMASF conta com um banco de dados de mais de duas mil pessoas diagnosticadas com a condição.
“Temos programas para pesquisar e entender diferentes condições, como Parkinson e autismo. O ambulatório se relaciona com a Cannabis pois as Fibromiálgicas de vários lugares do Brasil, mas principalmente de Santa Catarina, foram até a Câmara Legislativa de Santa Catarina para pedir um trabalho com Cannabis. Há muitas pacientes que usam e elas sentem muito alívio. E tem aquela história de ainda não ter prescritor, de nem todos prescreverem. A partir disso, surgiram ideias. Vamos começar a fazer um projeto, que é o projeto do Parkinson, que é um trabalho clínico. Mas toda essa ideia começou pela fibromialgia e este será o próximo. E será um projeto para mais de cem pessoas. É muito amplo”, conta Flavia Rigo, pesquisadora da UNESC e líder da pesquisa com quem conversamos com exclusividade.
Iniciativa da pesquisa surgiu a partir das pacientes com a condição e pretende gerar evidências científicas
A iniciativa surgiu da demanda de pacientes que relatam alívio dos sintomas com o uso de Cannabis, mas enfrentam dificuldades com a prescrição e a falta de estudos conclusivos.
Ensaio clínico randomizado, duplo-cego
Segundo Flávia, o estudo será conduzido por meio de um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, no qual os participantes serão divididos em dois grupos: um receberá placebo e o outro utilizará óleo de Cannabis.
O objetivo é avaliar os efeitos da Cannabis sobre a dor, a insônia e a possibilidade de retirada de medicamentos com efeitos colaterais importantes, como opioides e anticonvulsivantes comumente empregados no tratamento da fibromialgia.
A metodologia prevê o uso de doses iniciais baixas, com aumento gradual ao longo das semanas, a fim de otimizar os resultados individualmente. Todos os participantes serão acompanhados semanalmente ao longo do estudo.
A pesquisa parte do princípio de que a resposta individual à Cannabis varia significativamente entre os pacientes, o ajuste gradual da dose ao longo do tempo se torna um aspecto essencial do tratamento. O objetivo é identificar a dose ideal para cada indivíduo, maximizando o alívio dos sintomas e minimizando efeitos adversos.
“Já existem evidências científicas, mas precisamos de um número maior de participantes e com isso aumentar dados que comprovem a eficácia e segurança”, explica.
A expectativa é que a pesquisa, com início previsto ainda este ano, contribua significativamente para o corpo de evidências científicas e para a melhoria da qualidade de vida de pacientes com fibromialgia.
Aprofundar o entendimento sobre o uso da Cannabis: dor, sono e a possível redução do uso de outros medicamentos
Com foco na avaliação de seus efeitos sobre a dor, o sono e a possível redução do uso de outros medicamentos, especialmente opioides, anticonvulsivos e outros utilizados na clínica.
Por fim, a pesquisa busca contribuir para práticas terapêuticas mais seguras e eficazes, posicionando a Cannabis como uma opção promissora para o tratamento da dor e dos demais sintomas que envolvem a fibromialgia. A ampliação do número de participantes no estudo permitirá análises mais robustas e a formulação de conclusões com maior precisão científica.
“Nossa intenção é avaliar os efeitos da Cannabis sobre a dor, a insônia e a possibilidade de retirada de medicamentos com efeitos colaterais importantes, como opioides e anticonvulsivantes comumente empregados no tratamento da fibromialgia”, finaliza Flavia.
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