Por trás de muitos relatos sobre o uso da Cannabis Medicinal, costuma haver uma narrativa intensa de reviravoltas — pacientes que, exaustos de tentativas frustradas, descobrem uma solução inesperada. Mas, às vezes, a mudança vem de forma mais silenciosa. E é justamente nesse tipo de transformação — delicada, quase imperceptível à primeira vista, mas profunda em seus efeitos — que se encontra a história da médica do esporte Giane Gali.
O primeiro contato de Giane com a Cannabis não foi por meio da medicina, mas da convivência. Foi durante um intercâmbio nos Estados Unidos, morando com uma família americana no estado do Maine, observou como o avô da casa usava o óleo de CBD para aliviar sintomas de má circulação nas pernas. “Aquilo me marcou. Vi de perto o quanto fazia diferença na rotina dele“, lembra.
Na época, o interesse era mais intuitivo do que técnico — mas foi o suficiente para plantar uma pergunta que, anos depois, encontraria respaldo científico.
De volta ao Brasil, Giane seguiu o caminho da medicina, com foco em esportes e cuidado integrativo. Ainda na graduação, participou de palestras sobre Cannabis, quando o tema mal começava a entrar no radar da formação médica tradicional. “Era tudo muito incipiente e ainda cercado de muito tabu”, relembra.
Cannabis, sono e desempenho: a transformação que começa devagar — e muda tudo
O uso pessoal da Cannabis medicinal veio antes da prescrição — e veio por necessidade. Praticante assídua de corrida e musculação, Giane sempre teve atenção redobrada com o corpo. Mas foi a mente que começou a cobrar cuidado mais urgente: episódios recorrentes de ansiedade, sono fragmentado e dores musculares ligadas à alta demanda física. “Nunca tive afinidade com medicamentos controlados. Sempre preferi estratégias mais naturais — ainda que isso, por vezes, significasse lidar com o desconforto por mais tempo.”
Foi essa busca por alternativas menos invasivas que a levou à Cannabis. O impacto, no início, pareceu discreto. Mas com o tempo, revelou profundidade. “A primeira coisa que percebi foi a melhora no sono. E isso virou um eixo na minha rotina. Dormir melhor significa treinar melhor, ter mais clareza mental, mais paciência, mais disposição. Parece pequeno, mas é sistêmico.”
Com rotina de treinos matinais — começando às seis da manhã — e uma agenda clínica exigente, o sono de qualidade passou a ser um ativo essencial. “Hoje, durmo por volta das 22h, o que antes era impensável. Isso mudou completamente minha energia ao longo do dia, e com ela, a forma como me relaciono com o trabalho, com os pacientes, comigo mesma.”
Enquanto atleta amadora, ela percebe ganhos na recuperação muscular, no rendimento físico e na consistência do treino. Enquanto médica, se sente mais estável e disponível. “O que a Cannabis me trouxe não foi uma solução única, mas uma base mais sólida para tudo o que já faço. É como se ela facilitasse o caminho, sem prometer atalhos.”
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Apesar dos resultados positivos, Giane reconhece o peso do estigma — principalmente dentro da própria comunidade médica. “Ainda há muito preconceito. Como paciente, você sente isso nas entrelinhas. Mas como médica, o julgamento de alguns colegas é direto. Ainda é raro encontrar profissionais dispostos a estudar o tema com profundidade, sem filtros morais ou desdém.”
Para ela, é essencial que o debate avance com base em evidências, sem sensacionalismo — mas também sem negação. A médica explica que, muitas vezes, ainda tratamos a Cannabis como exceção, quando ela deveria ser mais uma possibilidade dentro do arsenal terapêutico.
Efeitos discretos, porém profundos
A experiência com a Cannabis não veio para substituir práticas fundamentais — como alimentação, exercício, ou mesmo a psicoterapia, que Giane descreve como central em sua trajetória. Mas ela destaca o quanto esse “ajuste fino” teve um efeito concreto sobre seu bem-estar. “Não é sobre uma virada radical. É sobre ter mais estabilidade para sustentar aquilo que já me faz bem.”
No fim, trata-se de escuta. Do corpo, da mente e também do que a ciência começa a consolidar. Giane é direta: “Melhorar o sono pode parecer pouco. Mas para quem vive da própria energia — como médica, como atleta, como pessoa — é transformador.”
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