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Nova técnica triplica absorção de THC e dobra a de CBD

Nova técnica triplica absorção de THC e dobra a de CBD

Pesquisadores testaram técnica inovadora que aumenta a eficácia e a estabilidade de medicamentos com canabinoides

Publicado em

24 de junho de 2025

• Revisado por

Jornalista e editor especializado em Comunicação e Saúde, pós-graduando em Drogas, Sociedade e Práticas Educativas. Escreve sobre ciência e sobre o uso da Cannabis na saúde humana e animal. É também fundador da Editora Vista Chinesa, onde publicou livros como “A História da Cannabis em Quadrinhos” e “Mila”.

Medicamento à base de Cannabis com nanotecnologia

Os medicamentos à base de Cannabis vêm ganhando destaque na medicina para tratar desde dores crônicas até epilepsia e transtornos de ansiedade. No entanto, ainda existe um desafio importante: boa parte dos compostos da planta, como THC e CBD, se perde antes de chegar ao sangue.

Quando consumidos como óleos, cápsulas ou gotas, esses canabinoides enfrentam uma digestão difícil e um processamento intenso pelo fígado, o que reduz bastante sua eficácia. Isso ocorre porque não se dissolvem bem em água e grande parte é eliminada na chamada “primeira passagem” pelo fígado.

Nanotecnologia: aliada para maior absorção de compostos da Cannabis

Para contornar o problema da baixa biodisponibilidade, cientistas investigam novas técnicas na formulação de medicamentos com canabinoides. Nesse sentido, a nanotecnologia surge como uma das mais promissoras, pois pode aumentar a absorção dos derivados da Cannabis e acelerar sua ação no corpo. Esse método pode representar uma transformação na forma de administrar medicamentos à base de Cannabis, tornando-os mais eficientes e de ação mais rápida.

Pesquisadores realizaram um estudo clínico comparando dois formatos:

  • Óleo (o mais usado atualmente)
  • Pó nanoemulsionável, desenvolvido com nanotecnologia

Desenvolvimento de nanocarregadores promissores para aumentar a biodisponibilidade para administração oral de CBD

Óleo vs. pó nanoemulsionável

O estudo Enhancing cannabinoid bioavailability: a crossover study comparing a novel self-nanoemulsifying drug delivery system and a commercial oil-based formulation, publicado no Journal of Cannabis Research, envolveu 14 voluntários adultos saudáveis. Cada um tomou 8 mg de ∆9-tetrahidrocanabinol (THC) e 8 mg de canabidiol (CBD), primeiro na forma de pó e, um mês depois, como óleo — ou vice-versa.

A equipe coletou amostras de sangue em vários intervalos, durante 10 horas, para monitorar a concentração dos compostos ativos e seus metabólitos.

Resultados: absorção mais rápida e eficaz

Os resultados mostraram diferenças marcantes entre o óleo e o pó emulsionável.

O THC em pó foi mais absorvido e atingiu uma concentração três vezes maior no sangue:

  • : 32,79 ng/mL
  • Óleo: 10,17 ng/mL

O CBD em pó também foi mais aproveitado, com uma concentração no sangue duas vezes maior do que o óleo:

  • : 7,23 ng/mL
  • Óleo: 3,30 ng/mL

Além de concentrações mais altas, o pico de ação também foi mais rápido.

THC

O principal metabólito ativo do THC, o 11-OH-THC, atingiu o pico em apenas 52 minutos com o pó, enquanto levou em média 4 horas e meia com o óleo.

CBD

Para o CBD, a velocidade também foi surpreendente: o principal metabólito do CBD, 7-OH-CBD, atingiu a concentração máxima em cerca de 1 hora com o pó, contra quase 5 horas com as gotas.

Percepção dos efeitos pelos voluntários

Além dos números obtidos no laboratório, os voluntários relataram maior intensidade e rapidez na percepção dos efeitos psicoativos do THC, principalmente a sensação de euforia. De acordo com os relatos, os efeitos foram percebidos mais rápida e intensamente com o pó emulsionável.

  • : média de 5,9 pontos (escala de 0 a 10)
  • Óleo: média de 3,8 pontos

Após 4 horas, os efeitos se igualaram entre as duas formas e nenhum efeito colateral grave ocorreu. No geral, os efeitos colaterais foram leves e passageiros, desaparecendo sem necessidade de intervenção médica. Os mais relatados foram:

  • Dor de cabeça
  • Tontura
  • Fadiga
  • Batimentos cardíacos acelerados
  • Redução do apetite

nanotecnologia na medicina medicamentos

Como funciona a tecnologia nanoemulsionável

A grande diferença está na forma como o pó é produzido. Ele contém uma mistura de óleo à base de Cannabis com açúcares e emulsificantes. Durante a fabricação, o óleo passa por um processo de nanoemulsificação de alta pressão e depois é transformado em pó por congelamento com uma matriz de açúcar.

O resultado é um produto sólido, fácil de armazenar, que quando misturado em água forma uma solução com gotículas microscópicas. Essas nanoemulsões aumentam a superfície de contato do óleo com as paredes do intestino, melhorando a passagem dos compostos para o sangue. Assim, perde-se menos no processo de digestão e metabolização pelo fígado.

Por que isso é relevante para os pacientes

Para muitos pacientes que precisam de ação rápida — como quem vive com dores ou crises epilépticas — a nanotecnologia promete maior eficácia e rapidez de resposta.

Além disso:

  • Doses menores podem ser suficientes para atingir o efeito necessário, reduzindo o risco de efeitos adversos.
  • O pó tem maior estabilidade e prazo de validade mais longo, enquanto óleos podem se deteriorar com o tempo ou com variações de temperatura.

Nanotecnologia: um futuro promissor para os medicamentos à base de Cannabis

Embora sejam necessárias mais pesquisas em grupos maiores e em pacientes com diferentes condições, o estudo abre caminho para uma nova geração de medicamentos com canabinoides: mais potentes, mais rápidos e mais práticos.

Para pessoas com condições de saúde grave e que dependem diariamente dos benefícios do THC, CBD e outros canabinoides, essa tecnologia pode representar mais qualidade de vida e segurança no tratamento.

Como iniciar um tratamento com canabinoides

Apesar dos resultados do estudo serem promissores, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não autoriza a venda de medicamentos à base de Cannabis com nanotecnologia nas farmácias brasileiras. É possível que, com a revisão das regras da RDC 327, o órgão passe a permitir. Então, por enquanto, a única forma de adquirir medicamentos com essa técnica é pela via da importação, regida pela RDC 660.

Em ambas as vias de acesso, a exigência é a mesma para começar um tratamento: uma prescrição médica. A Anvisa exige o acompanhamento de um profissional da saúde para comprar os produtos de forma segura e legal.

Portanto, se você deseja incluir medicamentos à base de Cannabis na sua rotina de cuidados, acesse a nossa plataforma de agendamento e marque uma consulta. Lá, você encontra centenas de médicos experientes nesse tipo de prescrição. Acesse já e comece essa jornada de forma responsável.

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