Em muitos casos, a cicatrização após uma mastectomia ocorre dentro do esperado. Mas, para algumas pessoas, especialmente aquelas submetidas a tratamentos oncológicos intensivos, uma ferida pode se tornar crônica e persistir por semanas ou meses. Foi o que aconteceu com a paciente descrita no estudo de caso publicado no Annals of Clinical Case Reports, que teve ajuda de canabinoides para destravar o processo de cicatrização após a retirada das mamas.
A protagonista do estudo tinha uma ferida pós-mastectomia que não cicatrizava, apesar de todos os tratamentos convencionais. Diante desse cenário, a equipe adotou um protocolo integrativo que combinou plantas medicinais, terapias nutricionais, práticas mente-corpo e medicamentos à base de Cannabis por via sublingual.
Quando a cicatrização não segue o plano
A paciente havia passado por uma mastectomia bilateral seguida de complicações, como infecção e longos ciclos de curativos. Mesmo com antibióticos e acompanhamento médico, a ferida não fechava.
Segundo o estudo, isso teria ocorrido porque o tratamento do câncer pode comprometer:
- O sistema imunológico, que fica menos eficiente;
- A formação de novos vasos sanguíneos necessários para a cicatrização;
- A energia celular;
- A regeneração da pele.

Sem melhora, a equipe introduziu o protocolo de cuidado integrativo, sempre supervisionado pelos médicos responsáveis. Além dos canabinoides, a estratégia integrativa incluiu:
Nutrição terapêutica: consumo de alimentos ricos em proteínas, vegetais e micronutrientes essenciais.
Fitoterapia oral: suco fresco diário de açafrão, gengibre e pimenta-preta.
Terapia tópica com plantas: os mesmos ingredientes do suco aplicados sobre a ferida diluídos em óleo de amêndoas.
Práticas mente-corpo: meditação, ioga, caminhadas e técnicas de redução de estresse realizadas diariamente.
Suporte biofísico: terapias como infravermelho e campo eletromagnético pulsado (PEMF) para melhorar a circulação.
A introdução da Cannabis no tratamento
De acordo com o estudo, o maior impacto veio com a administração de um medicamento à base de Cannabis contendo canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC). A combinação buscava modular a inflamação, melhorar o sono, reduzir a dor e restaurar o equilíbrio do sistema imunológico.
A equipe utilizou o método conhecido como “start low, go slow” (comece devagar e vá com calma, na tradução livre):
- Semana 1: 1 gota à noite
- Semana 2 e 3: aumento para 2 e depois 3 gotas, se bem tolerado
- Semana 4: estabilização em até 4 gotas por noite
O que acontece no corpo: os mecanismos dos canabinoides
A via sublingual teria sido escolhida por proporcionar absorção rápida e boa biodisponibilidade. Os pesquisadores detalharam como os compostos da Cannabis ajudariam a restabelecer a capacidade de cicatrização após a mastectomia.
- Modulação do sistema endocanabinoide: interação com os receptores CB1 e CB2 na pele, sistema nervoso e células imunológicas, reduzindo inflamação crônica e equilibrando a resposta imune.
- Controle da inflamação: o CBD atuaria em vias inflamatórias, como NFκ-B e TRPV1, reduzindo o “alarme constante”.
- Vias de regeneração: ativação da via p42/44 MAPK, favorecendo a reconstrução de tecido saudável.
- Melhora no sono e redução do estresse: permitindo que o corpo direcione energia para reparar tecidos.

Resultados após quatro semanas
Após a adoção do protocolo integrativo, incluindo o uso regular de canabinoides, a paciente apresentou fechamento completo da ferida ao final da quarta semana. Nesse período, os pesquisadores registraram:
- Redução da vermelhidão e do inchaço ao redor da ferida
- Alívio da dor
- Formação progressiva do tecido de granulação
Além disso, os médicos não observaram efeitos adversos relevantes durante o processo.
O que esse caso mostra sobre cuidados integrativos
Embora seja apenas um estudo de caso, o relato reforça a importância de olhar o paciente de forma integral. A combinação entre medicina convencional e terapias complementares pode contribuir para bem-estar e qualidade de vida em pacientes que não encontravam alívio.
Nesse sentido, o estudo ressalta a importância do acompanhamento médico para o uso de canabinoides por pessoas com câncer. Esses medicamentos podem interagir com terapias oncológicas, afetar o metabolismo de remédios e exigir ajustes específicos. Além disso, cada organismo responde de um jeito, e o tratamento com canabinoides deve ser personalizado.
O papel do profissional de saúde é fundamental não apenas para os pacientes oncológicos, mas para qualquer pessoa que utilize derivados da Cannabis. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige prescrição médica para adquirir os produtos de forma legal e segura. Portanto, se você quer experimentar os benefícios dos canabinoides, acesse a nossa plataforma de agendamento. Lá, você pode marcar uma consulta com profissionais experientes nesse tipo de abordagem.













