O mosquito Aedes aegypti continua sendo um dos grandes desafios da saúde pública em diversas regiões do mundo. Transmissor de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela, evitar a reprodução desse inseto se tornou uma forma de prevenir infecções.
O combate ao Aedes aegypti é responsabilidade de todos, principalmente para eliminar os criadouros onde as larvas do mosquito se desenvolvem. Uma pesquisa norte-americana sugere que a Cannabis é um larvicida natural e pode ser uma nova aliada na luta contra esse inseto.
Canabinoides: um mecanismo de defesa da planta?
Na planta Cannabis, sabemos que os canabinoides, como o canabidiol (CBD) e o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), são metabólitos secundários. Isso significa que eles não são essenciais para a sobrevivência da planta, mas desempenham um papel importante em sua interação com o ambiente.
Embora não se saiba exatamente a função dos canabinoides na planta, uma hipótese é que eles atuam como defesa natural contra predadores e patógenos, como insetos e fungos.
Ação larvicida
Em estudos anteriores, como o da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pesquisadores observaram que extratos de Cannabis têm ação larvicida, afetando o desenvolvimento dos ovos do mosquito. O estudo brasileiro identificou que até concentrações baixíssimas de CBD (1000 μg/mL) são capazes de afetar as larvas do Aedes aegypti.
O estudo norte-americano mencionado anteriormente também analisou o CBD como larvicida, mas utilizando extratos feitos a partir de folhas de cânhamo, um material que geralmente é descartado e contém quantidades baixas de canabinoides.
CBD é tóxico para o Aedes aegypti
No estudo Larvicidal Activity of Hemp Extracts and Cannabidiol against the Yellow Fever Mosquito Aedes aegypti, publicado na revista Insects, os cientistas testaram o extrato de folhas de cânhamo em larvas do mosquito Aedes aegypti, tanto as resistentes quanto as suscetíveis aos piretroides (um inseticida sintético).
Em apenas 48 horas, o extrato foi capaz de eliminar as larvas de ambas as cepas, demonstrando atividade larvicida eficiente. De acordo com os pesquisadores, o principal responsável por esse efeito foi o CBD.
Os pesquisadores concluíram que o canabidiol é capaz de matar as larvas do mosquito. Além disso, destacaram que o produto pode ser feito a partir de resíduos dos cultivos de cânhamo, o que torna essa abordagem ainda mais sustentável.
“A presente pesquisa mostrou que os extratos da folha de cânhamo têm atividade larvicida tóxica contra as cepas suscetíveis a piretroides e resistentes a piretroides do mosquito Aedes aegypti. Além disso, o CBD parece ser o principal ingrediente ativo responsável pela atividade larvicida.
Estudos futuros devem avaliar a viabilidade econômica do uso de folhas de cânhamo como fonte de inseticidas. Notavelmente, o cânhamo é uma cultura emergente e facilmente cultivada nos EUA, e suas folhas são frequentemente descartadas. Assim, a disponibilidade de matérias-primas não parece ser um fator limitante, como pode ser para outras fontes de biopesticidas.”
Os resultados do estudo indicam um caminho para o desenvolvimento de larvicidas à base de substâncias naturais que causam menos impacto na saúde das pessoas e no meio ambiente.
Como começar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis
É importante destacar que as pesquisas do potencial da Cannabis para ser um larvicida estão em andamento. Os pesquisadores ainda não identificaram o mecanismo de ação que faz o canabidiol matar as larvas do Aedes aegypti, tampouco se esse efeito acontece em outras espécies de inseto.
Para nós humanos, a Cannabis interage com o sistema endocanabinoide e pode trazer muitos benefícios para a saúde. Aqui no Brasil, é possível utilizar medicamentos à base de Cannabis para tratar condições de saúde, desde que com acompanhamento de um profissional.
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