Pessoas com lesão medular frequentemente enfrentam um desafio difícil de tratar: espasmos musculares intensos e persistentes. Essa condição, conhecida como espasticidade, causa dores, compromete o dia a dia e impacta a qualidade de vida significativamente.
Agora, uma pesquisa realizada na Espanha propõe uma nova abordagem: um medicamento à base de Cannabis com proporção equilibrada de canabidiol (CBD) e ∆9-tetrahidrocanabinol (THC) demonstrou reduzir de forma considerável os espasmos musculares em pacientes com lesão medular resistentes aos tratamentos convencionais.
O que é lesão medular e por que ela causa espasmos musculares
A lesão medular ocorre quando há um dano à medula espinhal — a estrutura que liga o cérebro ao corpo e transmite os comandos de movimento e sensoriais. Essa lesão pode ser causada por acidentes, quedas ou doenças degenerativas e inflamatórias.
A depender da gravidade e da região afetada, a pessoa pode perder parcial ou totalmente os movimentos e a sensibilidade abaixo do local da lesão. Em muitos casos, mesmo após a fase inicial de recuperação, podem surgir complicações de longo prazo, como a espasticidade.
A espasticidade se caracteriza por rigidez muscular, contrações involuntárias e espasmos repentinos. Isso acontece porque, com a lesão, os sinais que o cérebro envia para controlar os músculos não chegam corretamente. Sem esse “freio natural”, os músculos reagem de forma exagerada a estímulos simples — como um toque, uma mudança de posição ou até mesmo de forma espontânea.
Além da dor, esses espasmos também reduzem a mobilidade, atrapalham o sono e dificultam tarefas diárias. Por isso, controlar a espasticidade é essencial para a qualidade de vida desses pacientes.

Estudo apontou melhoras com uso medicinal da Cannabis
O estudo The effects of nabiximols on spasticity and non-motor symptoms in chronic spinal cord injury (SCI): a longitudinal prospective study foi conduzido no Instituto Guttmann, centro de referência em neurorreabilitação na Catalunha.
Os pesquisadores acompanharam adultos com lesão medular crônica há mais de seis meses, que apresentavam espasmos musculares moderados a graves, mesmo com o uso de medicamentos convencionais.
Todos os participantes utilizaram um spray oral à base de canabinoides, com doses ajustadas individualmente. Os efeitos foram avaliados antes do início do tratamento, após um mês e novamente dois meses depois.
Os resultados mostraram que:
- Houve uma redução média de 30% na intensidade dos espasmos musculares, medida por escala visual analógica (EVA), após um e dois meses de uso.
- Uma escala motora adicional indicou melhora de 60% no primeiro mês, e de 52% no segundo mês.
- 67% dos participantes relataram melhora geral, de acordo com a escala de impressão global de melhora do paciente (PGI-I).
Por outro lado, o estudo não observou mudanças significativas em sintomas como dor neuropática, qualidade do sono, depressão ou independência funcional.
Como os canabinoides atuam no controle dos espasmos
De acordo com os pesquisadores, o efeito terapêutico dos canabinoides está relacionado ao sistema endocanabinoide — uma rede de receptores presentes em várias áreas do corpo, incluindo o sistema nervoso central.
O THC ativa o receptor CB1, localizado principalmente no cérebro e na medula espinhal. Essa ativação modula os sinais nervosos responsáveis pelas contrações involuntárias dos músculos.
Já o CBD, embora não atue diretamente nesses, pode potencializar os efeitos terapêuticos por suas propriedades ansiolíticas e anti-inflamatórias.
Essa atuação combinada ajuda a reduzir a excitabilidade dos neurônios, o que explica a diminuição dos espasmos musculares em pacientes com lesão medular.

Perspectivas futuras para o uso de medicamentos à base de Cannabis em lesões medulares
O estudo espanhol reforça que o uso de medicamentos à base de Cannabis com proporção 1:1 de CBD e THC pode ser uma opção segura e eficaz para o tratamento dos espasmos musculares causados por lesão medular.
Embora os resultados sejam promissores, os autores do estudo ressaltam a importância de realizar mais pesquisas com grupos maiores e acompanhamento de longo prazo, para confirmar os achados e entender melhor os efeitos sobre outros sintomas.
Estudos anteriores já indicaram que os canabinoides podem ajudar também na dor crônica, levando alguns pacientes a reduzirem o uso de opioides. Além disso, em testes com animais, observou-se também redução da inflamação nervosa e melhora na recuperação motora.
Como incluir medicamentos à base de Cannabis em um tratamento
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