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O impacto da Cannabis na recuperação do pai com metástase que mudou a trajetória de Sérgio Urt

O impacto da Cannabis na recuperação do pai com metástase que mudou a trajetória de Sérgio Urt

O avanço clínico do pai, antes debilitado pela metástase, impulsionou Sérgio Urt a estudar Cannabis, atuar pela garantia de acesso e assumir papel de liderança no Conselho Federal da OAB.

Publicado em

8 de dezembro de 2025

• Revisado por

Jornalista e pós-graduada em Filosofia e Literatura, com 13 anos de experiência em comunicação, conteúdo e estratégias digitais. Atuou como repórter, redatora, roteirista, ghost writer e head de conteúdo. Especialista em Thought Leadership e storytelling, acredita no poder das narrativas para conectar pessoas e ideias.

Quando lembra do início de tudo, o advogado e professor, Sérgio Eduardo Urt Almeida de Moraes costuma recorrer a uma imagem simples e devastadora: a de um pai que já não falava. “Eu estava há seis meses sem ouvir a voz dele”, diz. Desde 2019, quando Cícero Azevedo de Moraes, hoje com 91 anos, recebeu o diagnóstico de metástase óssea decorrente de um câncer de próstata, a família vivia um ciclo de internações, resistência aos tratamentos e perda progressiva da autonomia.

A virada começou de forma inesperada, com um vídeo recebido em um grupo entre amigos no WhatsApp, mostrando a melhora impressionante de uma paciente após iniciar Cannabis medicinal.

Sérgio levou o caso ao médico que enviara o vídeo e, por indicação, conheceu o Dr. Rodrigo Cariri, que prescreveu o primeiro óleo. Era um período anterior às regulamentações atuais, sem RDC, sem importação simplificada e sem medicamentos disponíveis no país — o que transformava cada etapa do processo em uma corrida contra o tempo.

Entre internações e resistência hospitalar

A estreia do tratamento coincidiu com uma internação delicada. Cícero enfrentava desidratação e uma pneumonia que evoluiu para três infecções — entre elas, uma endocardite — e uma sucessão de erros de medicação relatados pela família. Sérgio decidiu iniciar o CBD ali mesmo, em meio à resistência de parte da equipe multidisciplinar.

Os sinais foram discretos, mas suficientes para acender esperança: mais comunicação, mais expressão facial, mais presença. “Eu só queria ouvir a voz dele de novo”, relembra. E ele ouviu.

A recomendação decisiva — e a busca pelo THC

Meses depois, em 2020, durante um congresso de Cannabis medicinal em Recife, Sérgio relatou o caso ao neurocientista Sidarta Ribeiro, que foi direto: para tratar metástase óssea, especialmente com dor e perda de vitalidade, apenas o CBD não seria suficiente — seria preciso THC em dose alta.

O problema: não havia THC disponível no Brasil. A solução veio por importação da Holanda, com alto custo e incerteza. Enquanto aguardava a chegada, o estado do pai se deteriorou: olhos cerrados o dia inteiro, dificuldade extrema para comer e beber, fraqueza intensa.

Quando o frasco finalmente chegou, o momento era crítico. A equipe médica sugerira iniciar morfina. Sérgio tomou a decisão: “Dei cinco gotas logo de início” e o resultado surpreendeu até quem acompanhava de perto.

No 3º dia de uso, Cícero abriu os olhos; no 4º, aceitou melancia; em poucas semanas, voltou a hidratar-se, sentar-se e sustentar o corpo;  um mês depois, já sorria e participava das refeições.

Com a pandemia, veio um novo susto: Cícero contraiu Covid após a esposa testar positivo e precisou de UTI. Mais uma vez, se recuperou. E, depois da segunda dose da vacina, Sérgio decidiu retomar os exames.

O PSA, que chegara a 174, caiu para 0,016. Repetido 15 dias depois, continuava zerado. “Todos acharam que era erro de laboratório. Mas não era.” Hoje, cinco anos depois, Cícero conversa, lê, participa da rotina da casa e mantém qualidade de vida que, em 2019, parecia impossível.

Da dor familiar à atuação técnica

A experiência com o pai mudou a vida profissional de Sérgio. Ele mergulhou em estudos, fez pós-graduação em Cannabis medicinal, especializou-se em Bioética e Biodireito, aproximou-se do setor e passou a atuar na defesa jurídica do acesso à Cannabis.

Esse movimento se consolidou quando ele passou a dialogar com entidades, pesquisadores e representantes públicos sobre a necessidade de criar pontes entre ciência, sociedade e instituições.

Para Sérgio, garantir acesso seguro passa por integrar informação, fiscalização e políticas bem-estruturadas — algo que ele defende desde então como parte de sua prática profissional.

A nomeação no CFOAB

Toda essa trajetória — a experiência familiar, o aprofundamento técnico e a atuação institucional — culminou na nomeação de Sérgio como vice-presidente da Comissão Especial de Direito da Cannabis Medicinal (CEDCM) do Conselho Federal da OAB, para a gestão 2025-2028.

A nomeação foi oficializada pela Portaria nº 2291/2025, na última quarta (03) e assinada pelo presidente do CFOAB, Beto Simonetti, e pelo coordenador nacional de comissões, Rafael Horn.

A presidente da OAB-PE, Ingrid Zanella, celebrou a escolha: “Sua trajetória e compromisso com o direito à saúde certamente contribuirão para o fortalecimento do debate técnico-jurídico no país.”

O próprio Sérgio resumiu o desafio: “nosso trabalho será consolidar um arcabouço jurídico que garanta acesso seguro e legal à Cannabis medicinal, respeitando os direitos e a saúde da população.”

Sérgio Urt

A Comissão Especial tem a missão de acompanhar e subsidiar discussões legislativas e regulatórias, oferecendo suporte técnico-jurídico para o tema em nível nacional — um espaço onde sua trajetória pessoal e profissional finalmente se encontram.

Da dor pessoal ao compromisso público: a nomeação que amplia uma missão familiar

Para Sérgio, a nomeação no CFOAB é menos um ponto de chegada e mais um compromisso renovado. “É uma responsabilidade enorme, mas também uma missão que eu abraço com muito respeito. Tudo o que vivi com meu pai me mostrou a urgência desse debate”, diz. Ele reforça que o país precisa avançar “com segurança jurídica, transparência e humanidade”, para que o acesso não dependa da sorte ou da insistência individual.

E, enquanto segue atuando nacionalmente, é a imagem do pai que ainda orienta seus passos. “Eu trabalho para que outras famílias não precisem passar pelo que passamos — para que tenham informação, dignidade e tempo”, afirma.

Assim, a história que começou no desespero silencioso de um quarto hospitalar agora faz parte de um movimento maior, que já ultrapassa fronteiras pessoais. Entre a experiência familiar e a articulação jurídica, Sérgio resume o que o move: “O que aconteceu com meu pai transformou minha vida. Se isso puder transformar a de outras pessoas, então tudo valeu a pena”, finaliza.

Importante! 

Tratamentos com Cannabis medicinal exigem acompanhamento profissional. Só um médico pode avaliar cada situação, orientar sobre a formulação mais indicada e ajustar as doses de forma segura.

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