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Cannabis contra pulgões: estudo revela potencial inseticida do CBDVA

Cannabis contra pulgões: estudo revela potencial inseticida do CBDVA

Veja o potencial inseticida do CBDVA e como ele pode transformar o manejo de pragas agrícolas sem o uso de defensivos

Publicado em

1 de julho de 2025

• Revisado por

Jornalista e editor especializado em Comunicação e Saúde, pós-graduando em Drogas, Sociedade e Práticas Educativas. Escreve sobre ciência e sobre o uso da Cannabis na saúde humana e animal. É também fundador da Editora Vista Chinesa, onde publicou livros como “A História da Cannabis em Quadrinhos” e “Mila”.

Cannabis contra pulgões: estudo revela potencial inseticida do CBDVA

A preocupação crescente com os impactos ambientais e à saúde humana causados pelo uso excessivo de pesticidas químicos vem acelerando a busca por alternativas mais sustentáveis no controle de pragas agrícolas.

Embora eficazes no curto prazo, esses produtos podem contaminar o solo e a água, prejudicar a biodiversidade e deixar resíduos tóxicos nos alimentos, como mostram diversos estudos. Além disso, o uso contínuo de defensivos sintéticos têm contribuído para o surgimento de pragas mais resistentes, o que torna os métodos convencionais cada vez menos eficazes.

Ao mesmo tempo, consumidores estão mais atentos à origem e à qualidade dos alimentos que consomem. Cada vez mais pessoas priorizam produtos cultivados com práticas que respeitam o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores rurais.

CBDVA: um canabinoide promissor contra pragas

Esse movimento tem estimulado o crescimento da agricultura orgânica e impulsionado a demanda por soluções naturais, seguras e eficazes para o manejo de pragas. Nesse contexto, pesquisadores vêm explorando compostos produzidos pelas próprias plantas, que podem atuar como agentes de defesa.

Um exemplo promissor é o ácido canabidivarínico (CBDVA), um canabinoide pouco conhecido da Cannabis, que demonstrou potencial como inseticida natural contra pulgões — pragas que afetam diretamente a produtividade e a qualidade de cultivos como o cânhamo.

O estudo Assessing the adaptive role of CBDVA in aphid defense in Cannabis sativa aponta que esse composto pode oferecer uma solução inovadora, segura e sustentável para o controle dessas pragas, substituindo o uso de inseticidas químicos em sistemas agrícolas.

CBDVA: o que é e como se diferencia de outros canabinoides

O CBDVA é um canabinoide menor, produzido naturalmente pela Cannabis. Ele é a forma ácida da canabidivarina (CBDV), ou seja, é produzido pela planta antes de passar por um processo chamado descarboxilação — que ocorre, por exemplo, quando o material vegetal é aquecido, transformando o CBDVA em CBDV.

As formas ácidas dos canabinoides, como CBDA, THCA e CBDVA, são os precursores naturais das versões neutras mais conhecidas: CBD, THC e CBDV. Essas formas interagem de maneira diferente com o organismo, o que resulta em efeitos distintos.

No caso do CBDVA, sua estrutura é semelhante à do ácido canabidiólico (CBDA), mas com pequenas variações químicas. Essa diferença, ainda que sutil, é suficiente para alterar suas propriedades biológicas — e, como mostra o estudo, o CBDVA tem uma ação própria e eficaz contra certos insetos.

Além de seu potencial como inseticida, o CBDVA e o CBDV também vêm sendo estudados por possíveis propriedades anticonvulsivantes. Pesquisas anteriores indicam que o canabinoide pode ser útil no tratamento da síndrome do X frágil, aliviando sintomas comportamentais como agressividade, irritabilidade e ansiedade.

Pulgões: pequenos insetos, grandes danos

Os pulgões são pragas que sugam a seiva das plantas, enfraquecendo seu crescimento, reduzindo a produção e transmitindo doenças virais. No cultivo de cânhamo, o principal problema é o pulgão-da-cannabis, uma espécie altamente adaptada à planta. Já o pulgão-verde-do-pêssego é uma praga generalista, capaz de causar danos em diversas culturas agrícolas.

A presença de pulgões reduz o vigor das plantas, provoca o amarelamento das folhas e interfere diretamente na formação de flores, sementes e frutos. Em cultivos de cânhamo, a infestação por pulgões compromete tanto a produtividade quanto a qualidade final do produto.

Estudo revela a ação inseticida do CBDVA

No estudo, os pesquisadores compararam variedades de cânhamo com diferentes níveis de CBDVA. Os resultados foram promissores:

  • Plantas com alto teor de CBDVA apresentaram populações de pulgões até 17 vezes menores em comparação às variedades com baixos níveis do composto.
  • Em testes de laboratório, os pulgões alimentados com dietas artificiais suplementadas com CBDVA puro apresentaram redução na taxa de sobrevivência e reprodução. Quanto maior a concentração do composto, mais intensos foram os efeitos.

Curiosamente, o pulgão-verde-do-pêssego — uma praga generalista que não é adaptada à Cannabis — mostrou-se ainda mais sensível ao CBDVA do que o pulgão-da-cannabis. Isso amplia as possíveis aplicações do composto em outras culturas agrícolas.

Tricomas: barreira natural das plantas

Os cientistas também observaram que as plantas com maior produção de CBDVA tinham uma densidade maior de tricomas — estruturas microscópicas responsáveis pela produção dos canabinoides.

Além de aumentar a produção do composto, esses tricomas funcionam como uma barreira física contra os insetos. Portanto, a ação inseticida do CBDVA parece ser resultado de uma combinação entre fatores químicos e físicos, reforçando sua eficácia como mecanismo natural de defesa da planta.

CBDVA: inseticida ideal para cultivos orgânicos

A principal contribuição do estudo é mostrar que o CBDVA pode ser uma ferramenta valiosa para o manejo de pragas de forma sustentável. Isso é especialmente relevante para a agricultura orgânica, onde a oferta de pesticidas naturais ainda é limitada.

Além disso, o CBDVA pode ser extraído das folhas de cânhamo, que normalmente são descartadas após a colheita. Isso permite gerar valor agregado aos cultivos, aproveitando ao máximo o potencial da planta — o que é vantajoso tanto economicamente quanto do ponto de vista ambiental.

Os pesquisadores ressaltam, no entanto, que futuros estudos são necessários para avaliar os efeitos do CBDVA sobre insetos benéficos e outros organismos não-alvo, garantindo seu uso seguro no campo. No estudo, os autores destacaram o potencial do canabinoide na agricultura orgânica.

“Este estudo forneceu evidências de que o CBDVA é eficaz contra pragas de pulgões específicas e generalistas do cânhamo. Essas descobertas indicam que o CBDVA pode ser um forte candidato para o controle de pragas de origem natural, particularmente na agricultura orgânica e em culturas como a Cannabis, onde o uso de pesticidas químicos é restrito ou limitado.”

Homem pulverizando plantação.

Outro compostos da Cannabis com potencial contra pragas

Com o aumento da demanda por soluções mais ecológicas na agricultura, o CBDVA desponta como um canabinoide com dupla função: proteger a planta e gerar novos caminhos de uso comercial.

Anteriormente, outras análises também identificaram o potencial da Cannabis como biopesticida. Em Portugal, pesquisadores observaram a ação pesticida de um extrato produzido a partir dos resíduos de cultivos de cânhamo destinados à produção de medicamentos. Esse extrato foi capaz de conter duas pragas comuns em plantações de oliveiras.

Já nos Estados Unidos, estudos apontaram que o CBDA e o CBGA — formas ácidas do canabidiol (CBD) e do canabigerol (CBG) — foram eficazes no combate à lagarta-mede-palmo, praga que costuma atacar plantações de frutas, verduras, grãos e pastagens.

Como usar os compostos da Cannabis para a saúde humana

No Brasil, o uso dos compostos da Cannabis é legal somente para uso terapêutico, orientado por profissional da saúde. Então, se você quiser desfrutar dos benefícios dos canabinoides para a saúde humana, é fundamental ter a prescrição de médico experiente nesse tipo de tratamento.

Acessando a nossa plataforma de agendamento, você pode marcar uma consulta presencial ou por telemedicina com profissionais de diversas especialidades, todos prontos para avaliar o seu caso e recomendar o melhor caminho.

Portanto, comece o seu tratamento de forma segura e responsável: marque uma consulta!

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