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Ludopatia em alta: o impacto do vício em apostas online no Brasil

Ludopatia em alta: o impacto do vício em apostas online no Brasil

Especialistas discutem os sinais de alerta, os fatores de risco e se a Cannabis medicinal pode atuar como parte do tratamento desse vício crescente

Publicado em

22 de outubro de 2024

• Revisado por

Jornalista e pós-graduada em Filosofia e Literatura, com 13 anos de experiência em comunicação, conteúdo e estratégias digitais. Atuou como repórter, redatora, roteirista, ghost writer e head de conteúdo. Especialista em Thought Leadership e storytelling, acredita no poder das narrativas para conectar pessoas e ideias.

Com a explosão das apostas online e a popularização dos jogos de azar no Brasil, a ludopatia – conhecida como o vício em apostas – tem se tornado uma das principais preocupações de saúde pública atualmente.

Segundo uma pesquisa do Instituto DataSenado, apenas em setembro de 2024, 13% dos brasileiros com mais de 16 anos, o que representa a 22,13 milhões de pessoas, declararam ter participado de “bets”.

Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença, a ludopatia é caracterizada pelo desejo incontrolável de continuar jogando, com consequências psicológicas, sociais e financeiras.

Para entender melhor esse tema e quais são as possibilidades de tratamento, entrevistei o Dr. Theonaldo Alexandrino Caldeira, psiquiatra com vasta experiência em transtornos de vício. Além das psicólogas Silvania Mendes, que atua com terapia cognitivo-comportamental (TCC), e Valéria Izaias dos Santos, pesquisadora do uso de Cannabis medicinal.

Impactos da ludopatia e sinais de alerta 

Segundo o Dr. Theonaldo Alexandrino Caldeira, o vício em jogos afeta áreas-chave do cérebro, como o córtex pré-frontal e a ínsula, que estão relacionadas à tomada de decisões, regulação de emoções e controle de impulsos.

“Durante o jogo, ocorre uma liberação intensa de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. O problema é que o cérebro cria uma associação muito forte entre essa sensação de recompensa e o ato de jogar, levando à compulsão”, explica.

Os primeiros sinais de alerta, conforme o especialista, incluem mudanças de comportamento. “A pessoa começa a mentir, a sentir um desejo incontrolável de jogar, perde o interesse por atividades que antes gostava e continua jogando mesmo após grandes perdas financeiras”, detalha.

Ainda de acordo com o psiquiatra, é comum a manifestação de sentimentos de frustração e irritabilidade e uma crescente necessidade de jogar. Isso pode levar a riscos financeiros significativos e a perdas substanciais, muitas vezes usadas como uma forma de escapar do estresse ou de problemas pessoais.

O vício não é algo isolado 

Esse ‘escape’ mencionado pelo Dr. Theonaldo Alexandrino Caldeira é corroborado pela psicóloga e pesquisadora de Cannabis medicinal na UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), Valéria Santos. Ela explica que o vício em jogos compartilha muitos mecanismos neurobiológicos, cognitivos e comportamentais, além de estar interligado a outras questões psicológicas. Esses fatores envolvem desregulação emocional, controle de impulsos e a busca por gratificação imediata.

“Pessoas com transtorno de ansiedade, por exemplo, podem recorrer às apostas como uma forma de aliviar o estresse. Já aqueles com depressão encontram no jogo uma elevação emocional momentânea, que, com o tempo, agrava o quadro depressivo, criando um ciclo vicioso”, esclarece.

Além disso, Valéria aborda a relação entre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e a vulnerabilidade ao vício em apostas.

“Pessoas com TDAH tendem a ser mais impulsivas e buscam estímulos com mais frequência, o que pode torná-las mais propensas a desenvolver problemas relacionados a jogos de azar.”

A psicóloga Silvania Mendes, explica que, além da depressão e ansiedade, também que existem fatores de riscos específicos associados.

“O fácil acesso aos jogos, a glamourização que existe em volta dessa prática por influenciadores digitais e a predisposição genética aumentam o risco”, aponta Silvana.

Tratamento para ludopatia: abordagem ampla e multifacetada 

Dr  Theonaldo explica que o tratamento da ludopatia envolve uma abordagem multifacetada que inclui terapia cognitivo-comportamental (TCC), grupos de apoio e, em alguns casos, medicação.

” O tratamento inclui terapia cognitivo-comportamental, grupos de apoio e medicações convencionais, como os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs). Hoje, também podemos contar com a Cannabis medicinal. Os canabinoides se tornaram uma alternativa importante às medicações convencionais, com efeitos terapêuticos significativos e baixa ocorrência de efeitos colaterais. O CBD é eficaz na redução dos sintomas do transtorno do jogo, atuando como ansiolítico e aliviando sintomas como ansiedade, irritabilidade e depressão.”

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A importância da terapia cognitivo-comportamental

Tanto Silvana quanto Valéria, reforçam que, nesse contexto, a terapia é fundamental.

Temos uma técnica da qual ensaiamos o paciente a desafiar pensamentos distorcidos relacionados ao jogo e a desenvolver habilidades de enfrentamento, além de trabalhar formas mais funcionais para gerenciar o estresse e a ansiedade, o que vai promover mudanças no comportamento compulsivo e também na prevenção de recaídas ( que é uma etapa muito importante no processo)”, explica Silvana.

Valéria também reforça o papel da TCC no tratamento. “A TCC é eficaz porque atua diretamente nos processos cognitivos e comportamentais que sustentam o vício. Ela trabalha com a reestruturação de pensamentos e controle de impulsos, ajudando o paciente a recuperar o controle sobre suas ações e a construir uma vida mais equilibrada.”

Importante! 

O crescimento da ludopatia no Brasil, impulsionado pelo fácil acesso às apostas online, exige uma abordagem de tratamento ampla. Nesse contexto, a integração da Cannabis medicinal ao arsenal terapêutico ( em conjunto com terapias tradicionais) pode oferecer uma nova ferramenta para o enfrentamento dessa condição.

No entanto, é fundamental que haja um acompanhamento próximo e individualizado de cada paciente.

No Brasil, o tratamento com a Cannabis medicinal é permitido legalmente, desde que com a indicação e prescrição de um profissional de saúde qualificado. Em nossa plataforma de agendamento, você pode escolher entre centenas de profissionais especialistas em prescrição de Cannabinoides.

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