Para além do uso excessivo da palavra ‘resiliência’ por gurus e coaches em discursos motivacionais, há uma capacidade humana essencial: enfrentar desafios com força e flexibilidade. Em um mundo onde o estresse e a ansiedade são constantes, a resiliência surge como uma habilidade fundamental para a saúde mental.
Um estudo publicado na revista Nature Neuroscience apontou que a resiliência ao estresse está diretamente ligada aos receptores CB1 do sistema endocanabinoide no cérebro. A pesquisa, realizada em animais e em células humanas, sugere que esse receptor pode ter um papel chave na prevenção e tratamentos da depressão e da ansiedade.
CB1 e a barreira hematoencefálica: uma defesa essencial contra o estresse
Os cientistas, vinculados à Universidade Laval, no Canadá, observaram que os receptores CB1 — os mesmos que o ∆9-tetrahidrocanabinol (THC) se conecta — têm uma função essencial nos astrócitos, células que regulam a barreira hematoencefálica. Essa barreira protege o cérebro de substâncias nocivas e permite a entrada apenas de nutrientes essenciais.
Estudos anteriores já haviam mostrado que o estresse crônico pode enfraquecer a barreira hematoencefálica, facilitando a entrada de moléculas inflamatórias ligadas à depressão. Mas quando os receptores CB1 estão mais ativos, a barreira se fortalece, tornando-se mais resistente a danos. Além disso, os astrócitos desempenham um papel vital na comunicação entre neurônios.
No estudo, os principais resultados foram:
- Animais resilientes ao estresse tinham mais receptores CB1 nos astrócitos da região do núcleo accumbens, ligada ao prazer e à motivação.
- Aumentar artificialmente o CB1 nessa área tornou os animais menos ansiosos e mais resilientes ao estresse.
- Bloquear o CB1 teve o efeito oposto: os animais ficaram mais vulneráveis a comportamentos depressivos.
Exercícios e antidepressivos: o impacto no CB1
Os pesquisadores também investigaram como algumas abordagens podem influenciar o CB1 e fortalecer a resiliência ao estresse. Os resultados mostraram que:
- Exercícios físicos aumentaram a quantidade de receptores CB1 ativos no cérebro e reduziram a vulnerabilidade ao estresse.
- Antidepressivos como fluoxetina e imipramina também elevaram a expressão do CB1;
- Em amostras post mortem de cérebros de pessoas diagnosticadas com transtorno depressivo maior, a quantidade de CB1 estava reduzida, reforçando sua importância na saúde mental.
CB1: uma defesa contra a inflamação cerebral
Outro achado do estudo é que o CB1 pode ajudar a controlar a inflamação no cérebro. Quando os cientistas expuseram astrócitos a uma molécula inflamatória (IL-6), as células sofreram alterações prejudiciais à barreira hematoencefálica. No entanto, ao aumentar a expressão de CB1, esses danos foram evitados.
Portanto, estimular o CB1 em astrócitos pode ser uma estratégia promissora para:
- Reduzir a ansiedade e a depressão associadas ao estresse;
- Melhorar a eficácia de antidepressivos, especialmente em pacientes que não respondem bem aos tratamentos convencionais;
- Desenvolver novas abordagens terapêuticas voltadas à proteção da barreira hematoencefálica contra inflamações.
Apesar desses resultados promissores, mais pesquisas são necessárias para entender melhor como ativar mecanismo funciona em humanos de forma segura e eficaz.
Como ativar o receptor CB1 no tratamento contra estresse
Embora o THC se ligue ao CB1 e seja um agonista potente deste receptor, há outras formas de ativá-lo com ou sem Cannabis:
- Canabidiol (CBD): pode modular a atividade do CB1, regulando os efeitos do THC e de endocanabinoides, além de interagir com receptores de serotonina.
- Terpenos: alguns compostos aromáticos da Cannabis, como o beta-cariofileno, interagem com o CB1 e modulam suas funções.
- Endocanabinoides: os canabinoides produzidos pelo próprio corpo, principalmente a anandamida, ativam o CB1.
- Exercícios físicos: promovem a produção de endocanabinoides, ativando os receptores CB1 e promovendo bem-estar.
- Alimentação: alguns alimentos, como chocolate amargo, nozes, chia e linhaça podem influenciar positivamente a atividade do sistema endocanabinoide.
O tratamento para depressão geralmente combina diferentes abordagens e é fundamental ter o acompanhamento de um profissional da saúde, pois cada pessoa reage de forma única.
Como iniciar um tratamento para depressão com medicamentos à base de Cannabis
Incluir produtos com canabinoides pode ser um passo importante para muitas pessoas que buscam alívio para diversas condições de saúde mental. Se o estresse está prejudicando seu bem-estar ou se a depressão não cessa com os medicamentos convencionais, considere a utilização de derivados da Cannabis.
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