Desde 2016, mais de um milhão de australianos passaram a usar medicamentos à base de Cannabis com prescrição médica para tratar condições crônicas de saúde. O uso medicinal da planta é legal em todo o país, e cada vez mais pacientes recorrem a essa alternativa para melhorar a qualidade de vida.
Uma pesquisa, chamada Iniciativa QUEST (QUality of life Evaluation STudy), avaliou se o tratamento com medicamentos à base de Cannabis é uma alternativa eficaz e segura para melhorar a qualidade de vida desses pacientes a longo prazo.
Ao longo de 12 meses, os pesquisadores acompanharam mais de 2,3 mil pacientes avaliando se o tratamento com Cannabis alivia dores, ansiedade, insônia e depressão de forma sustentável.
Tratamento com Cannabis: uma alternativa promissora para doenças crônicas
O uso de medicamentos com Cannabis a longo prazo tem sido um tema de grande interesse na Medicina, porém muitos estudos focavam apenas nos resultados de curto prazo. Embora os resultados indiquem melhoras nos primeiros meses de uso, é essencial verificar se esses benefícios se sustentam por mais tempo.
Além disso, é fundamental observar possíveis efeitos colaterais com o uso contínuo, especialmente em pacientes com doenças crônicas. Muitos pacientes buscam tratamentos com os compostos da Cannabis para complementar o tratamento convencional com a expectativa de reduzir eventos adversos e risco de dependência.
5 aspectos da qualidade de vida avaliados no estudo
A pesquisa da Iniciativa QUEST foi uma das maiores realizadas sobre o uso de medicamentos à base de Cannabis no longo prazo. Por um período de um ano, os pesquisadores monitoraram pacientes que trataram condições crônicas, principalmente dores, distúrbios do sono, ansiedade, depressão e doenças neurológicas (como epilepsia e Parkinson).
Os participantes responderam a questionários detalhados para:
- Avaliar o bem-estar físico e mental
- Medir a intensidade da dor
- Observar a qualidade do sono
- Monitorar ansiedade e depressão
- Analisar fadiga e níveis de energia
As respostas foram comparadas ao longo de 1, 3, 6 e 12 meses, permitindo uma análise consistente dos efeitos dos medicamentos à base de Cannabis a longo prazo.
Principais resultados: o que melhorou com o uso de medicamentos à base de Cannabis no longo prazo
Analisando as respostas dos participantes do estudo, os pesquisadores observaram que os benefícios do tratamento com canabinoides podem se manter por pelo menos um ano. As principais melhorias foram:
- Mais bem-estar no dia a dia: os pacientes relataram aumento da energia, menos limitações físicas, mais disposição para tarefas do cotidiano.
- Redução da dor crônica: pacientes com dor musculoesquelética (38% dos participantes) tiveram alívio duradouro.
- Redução ou interrupção do uso de opioides: 70% dos pacientes que usavam opioides para tratar a dor conseguiram reduzir ou parar o uso desses medicamentos, que podem causar dependência e efeitos colaterais graves.
- Melhoras no sono: 25% dos pacientes que tratavam insônia relataram dormir mais rápido, acordar menos durante a noite e uma maior sensação de descanso ao levantar.
- Menos ansiedade e depressão: pacientes com ansiedade generalizada tiveram 69% de melhora nos sintomas. Muitos relataram menos crises e maior estabilidade emocional.
Analisando as concentrações de CBD e THC
O estudo australiano analisou cuidadosamente como as proporções de canabidiol (CBD) e ∆9-tetrahidrocanabinol (THC) influenciaram no tratamento dos pacientes. Os pesquisadores destacaram quatro combinações principais:
1. CBD isolado
Com melhores resultados para ansiedade leve a moderada, inflamações crônicas e pacientes sensíveis aos efeitos psicoativos do THC. O CBD isolado ofereceu melhora moderada na qualidade do sono e redução da ansiedade apresentando efeitos colaterais mínimos.
2. CBD dominante (proporção 20:1 CBD/THC)
Os medicamentos ricos em CBD e com pequenas concentrações de THC foram mais eficazes no tratamento de dor neuropática e fibromialgia. Além do efeito analgésico, essa formulação melhorou a qualidade do sono dos pacientes.
3. Balanceado (1:1 CBD/THC)
Quando o produto tinha concentrações iguais de CBD e THC, foi mais eficaz para tratar dor muscular, insônia resistente aos medicamentos e ansiedade com componentes de depressão. Embora alguns pacientes tenham relatado leve sedação após o uso, proporcionou redução significativa da dor e melhor resposta a distúrbios do sono.
4. THC dominante (1:4 CBD/THC)
Os medicamentos ricos em THC foram mais eficazes em casos de dor severa, como a associada ao câncer e esclerose múltipla. Além disso, aliviou os casos graves de insônia e dor. Esse tipo de formulação causou alguns efeitos colaterais, como boca seca e tonturas, exigindo monitoramento mais cuidadoso pelo profissional de saúde.
De acordo com o estudo, a proporção de CBD e THC pode fazer toda a diferença na evolução do paciente e no alívio dos sintomas. Nesse sentido, os pesquisadores observaram alguns padrões:
- Dor: formulações com THC foram mais eficazes, especialmente em dores neuropáticas. Os participantes que receberam medicamento com THC dominante tiveram redução de 76% na intensidade da dor, enquanto houve redução de 50% nos que receberam CBD isolado.
- Saúde mental: combinações com THC tiveram melhor resposta para casos de depressão. Por outro lado, o CBD isolado foi mais eficaz para ansiedade generalizada.
- Sono: as formulações com THC superaram o CBD isolado, com o medicamento 1:1 oferecendo o melhor equilíbrio entre eficácia e efeitos colaterais.
A importância do acompanhamento médico
É importante destacar que cada paciente é único e reage de forma única ao tratamento com medicamentos à base de Cannabis, exigindo que o médico faça um acompanhamento próximo e com ajustes na dose quando necessário. O estudo australiano sugere como os profissionais de saúde podem modular a proporção de CBD e THC ao longo do tempo para equilibrar eficácia e tolerabilidade.
- Iniciar com CBD isolado e introduzir o THC gradualmente pode ser uma estratégia para evitar efeitos colaterais e psicoativos.
- Pacientes idosos toleraram melhor proporções balanceadas (1:1).
- Jovens com dor crônica responderam melhor aos medicamentos ricos em THC.
Como fazer um tratamento com medicamentos à base de Cannabis
O estudo reforça a segurança do uso medicinal da Cannabis a longo prazo quando acompanhada por profissionais de saúde. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também exige uma prescrição médica para fazer um tratamento com canabinoides.
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